Capítulo Trinta e Quatro

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O olhar dele lentamente cai para os arbustos piscantes e leva um, dois, dez e vinte segundos até que ele pisque e volte para mim. Não consigo encará-lo sem sentir minha garganta fechar. Mark separa os lábios, mas dura algum tempo antes de tentar entender:

— O que você disse?

Ele pergunta e as palavras são engolidas, meu olhar se volta para minhas mãos e tudo dentro de mim corre livremente, como se estivesse arrancando finalmente um fardo que não deveria continuar carregando. Também posso me arrepender disso, mas acima de qualquer coisa, eu preciso deixá-lo saber.

— Você não desconfiou em nenhum momento, não é? — Meu olhar sobe. — Eu sei que é tarde demais para te contar, mas, eu precisava tirar isso de mim. Você precisava saber.

— Ma-mas... Mas, Hyuck, você me disse que não sentia isso por mim. Você mentiu?

Nego sua contestação.

— Eu não sei se estava mentindo ou não, só tive certeza do que sentia pouco tempo depois, mas quando tive coragem de te dizer, você já havia encontrado Renjun.

— Como posso acreditar em você?

— O que eu ganharia brincando com isso? Que bem me traria tentar te enganar?

— Se sabe que encontrei Renjun, por que veio me contar isso? O que você quer que eu pense?

Me calo diante de sua confusão, sem conseguir dizer nada enquanto Mark dá dois passos para trás, esfregando a mão no cabelo. Ele suspira olhando os cantos, e se exalta:

— Hyuck, você realmente me bagunçou como ninguém nunca antes conseguiu e então me rejeitou! Você me disse com todas as letras que não gostava de mim! Por que está fazendo isso comigo agora?!

— Não estou duvidando do que sente pelo seu namorado, eu só não suportava mais guardar isso pra mim.

Num instante, tudo se acumula e não me dá fôlego para pensar direito no que dizer. A garganta fechada evolui de forma que meus olhos coçam para se encherem de água. Mas não permito que isso aconteça. Pelo menos tento.

— Não pensei que as coisas chegariam a esse estado, eu... eu sinto muito, Mark!

Não costumo me mostrar tão vulnerável, mas não consigo me conter quando minha voz soa baixa. Mark me percebe é o bastante para que seu tom se tranquilize:

— Hyuck, não se desculpe... — ele se aproxima em um passo, e tenta me segurar, mas eu me afasto em três e balanço a cabeça para evitar seu toque.

— Sei que isso vai acabar de uma vez por todas com a nossa amizade, mas eu não me importo. — Confesso, secando os olhos. — Se quer saber, eu prefiro te perder a ter que tentar ser seu amigo, te assistindo com outra pessoa, enfrentando a vontade de ter sido eu.

Mark esfrega seu próprio cabelo da nuca e outro suspiro tenso é exalado.

— Eu nem sei o que te dizer.

— Não é preciso. — eu digo a ele, dando mais alguns passos para trás, sentindo a mão dele pressionar meu braço com mais força.

— Hyuck.

Me solto dele. Sua voz me chama e ele tenta vir na minha direção, mas eu me volto para o lado oposto e passo a andar apressado para fora do jardim. Ainda consigo ouvir Mark me chamar mais uma vez, mas não quero escutar. Sorte a minha ele não ter vindo atrás de mim. Em pouco tempo, minhas pernas formigam para correr e não nego a vontade, seguindo sem rumo para qualquer outro lugar isolado, com o peito próximo do limite, prestes a transbordar.

Pelo Olhar Dele - MarkhyuckOnde histórias criam vida. Descubra agora