Capítulo Vinte e Sete

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A mistura de sons eletrônicos se torna ruidosa ao ar assim que passamos pela porta do fliperama mais frequentado de Gapyeong. Minha visão é tomada por um ambiente totalmente iluminado por luzes de led, sendo a principal delas, vermelho, azul e verde. A ideia era ir para a casa de Jeno, mas depois de passar o resto da semana sem ir à escola, ele implorou para que a gente o levasse para dar uma volta e o tirasse da toca do coelho que se tornou o seu quarto. Sangwoo quem sugeriu esse lugar e como sendo alguém decidido, todos entraram em acordo.

Por algum milagre, Jeno não chamou tanta gente dessa vez, ninguém mais que o trio de sempre. Mas mesmo assim, a casa estava bem movimentada, me deixando acreditar que não existem muitos lugares para se divertir em toda Gapyeong, gerando uma fácil concentração de pessoas em certos lugares e nesse caso, a maioria deles são jovens como a gente.

As salas eram separadas por andar. No térreo, havia um restaurante que era ambientado com a parte principal do fliperama, contendo coisas como máquinas de jogos, mesas de sinuca e garras-mágicas. No primeiro andar, tinha um espaço totalmente reservado para boliche e no terceiro, disseram que havia um karaokê. Pude observar bastante enquanto esperávamos Jeno e Mark voltar com nossos bilhetes, para que pudéssemos enfim nos aventurar por aqui. Contenho o meu sorriso ao vê-lo voltar.

— Onde querem ir primeiro? — Jeno pergunta, estudando as entradas e separando para cada um de nós.

— Por que não deixamos que Renjun decida? — Pergunto, olhando para o mesmo. — Afinal de contas, viemos todos passar um bom tempo com ele, não?

— Boa ideia — Jeno concorda. — Onde vamos primeiro?

— Tanto faz. — Ele move os ombros numa quebra de expectativa. Parecia não dar a mínima mesmo diante do oásis que é esse lugar em volta de tanta quietude entre as montanhas.

Não era apenas aparência, no caminho para cá, Jeno contou o quanto foi difícil arrancá-lo do quarto e trazê-lo até aqui. Sei que tudo o que passou nos últimos dias lhe dá motivo o bastante para estar insatisfeito com todos, mas procuro me esforçar mesmo assim.

— Vamos brincar nos carros? — Ofereço uma sugestão. — Aposto que não sabe dirigir.

— Se fosse pra jogar videogame, preferia ter ficado em casa — Sua resposta soa mais fria do que a outra e eu me calo.

Acabo de perceber que talvez Renjun não esteja apenas psicologicamente afetado pelas coisas que passou, mas também estava levemente incomodado com a minha presença. Ele ainda parece chateado comigo pelo jeito. Nunca pensei que esse garoto me traria tanta empatia assim, então volto a me sentir mal por ele.

— Tudo bem, então podemos jogar hockey de mesa, tenho certeza que ninguém aqui é páreo para mim — A voz grave de Mark soa, chamando a minha atenção.

— Boa ideia... — Renjun responde baixo.

O encaro fixamente e noto que sua expressão se transformou num instante, só de ouvir Mark falando com ele. Não sei se foi impressão, mas o seu olhar realmente ficou mais atencioso, mais doce. Sem ter controle, minhas sobrancelhas se movem num ato, mas não perco tempo nisso, já que os outros também aceitaram a proposta de Mark.

Não achei que ele estava falando sério quando disse que era bom nesse jogo, mas foi o suficiente duas partidas de menos de quinze minutos para que derrotasse os dois irmãos com uma pontuação incomparável. Eu procurava focar no jogo e em suas estratégias, mas era difícil concentrar-me ao olhar para Mark. Não tinha medo de alguém me pegar o encarando dessa maneira, até porque anda ficando cada vez mais complicado não olhar para ele, já que tudo me tem facilmente.

Pelo Olhar Dele - MarkhyuckOnde histórias criam vida. Descubra agora