Capítulo Sete

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Uma das coisas mais notáveis na Teohai School, é que aqui todo mundo conhece todo mundo. Não tem um grupo de populares ao certo, ou apenas um. Você é visto pelos demais dependendo de onde está inserido ou da sua personalidade.

Por exemplo, O Chenle, do primeiro ano, é o garoto mais popular da turma de inglês e nem é por ser inteligente, mas por ser muito rico. A Heejin é a que mais se destaca no futebol feminino com seus dribles impressionantes e seus cabelos ruivos, assim como a Seeun é conhecida por praticar taekwondo, o Jeno por fazer teatro e o Mark lembrado por ser o atleta mais bonito e ativo da escola — aquele que está quase sempre disposto a ajudar.

Sinceramente, tem vezes eu me pego pensando no quanto isso pode acabar prejudicando-o. Sei que o problema está na pessoa que tem más intenções ao se aproximar apenas para aproveitar-se da boa vontade dele, mas ainda assim isso mexe comigo. Por isso não demonstro importância com as boas ações direcionadas a mim. Ele já me citou algumas vezes, como o único que se mostra indiferente. Não lhe deixo saber, mas não vou mentir, Mark tem facilitado muito a minha vida por aqui.

No começo eu realmente achava que ele só se fazia de bonzinho para chamar atenção, mas com o tempo concluí que realmente se importa e precisa deixar todos bem se está ao seu alcance. É bom ter contato com alguém assim, que percebe os outros. Só me preocupa ele acabar esquecendo-se de perceber a si mesmo também.

Depois do episódio de seu comentário sobre minha família, nós não tocamos mais no assunto. Ele ficou na defensiva até ter a certeza de que estava tudo bem comigo. Não sei se era medo de estar sendo insensível ao tentar me fazer falar sobre ou se queria respeitar meu espaço.

Só sei que no dia seguinte já estávamos trocando farpas como está sendo nesses últimos dias e assim se discorreu a semana até hoje.

É sábado à noite, dia do aniversário de Seeun. Uma festa espera alunos da Teohai School e eu sou um deles. Estaria mais animado se não estivesse começando a me irritar com o atraso de 7 minutos de Mark. Ele foi para casa hoje de manhã e disse que ia me buscar no meu pai ao anoitecer.

Agora está ficando cada vez mais frio e estou tentando concentrar-me nas mensagens a ele questionando onde está enquanto sou abalado pelo tremor involuntário do meu corpo. Mais alguns minutos se passam e Mark estaciona seu carro na frente da casa do meu pai, descendo a ladeira.

A luz acesa no lado de dentro me permitiu vê-lo sorrindo. Enfiei o celular no bolso e caminhei até o veículo, avisando sobre seu atraso. Sua resposta diz algo sobre "meu endereço não ser fácil de achar".

Fechei a porta ao sentar no banco de trás. Travei o cinto e me senti livre para apertar o botão de subir o vidro do carro, a fim de evitar que o vento me incomodasse durante a viagem. Percebi o carro ainda parado e aí sim parei para olhar Mark pelo retrovisor, vendo que também tinha seus olhos fixos em mim.

— E aí, o que está esperando?

Seguro meus joelhos.

— Não trouxe uma jaqueta? Vai esfriar de madrugada.

— Eu estou bem.

Mark ergue uma sobrancelha e torna a levar seus olhos para frente.

— Veremos até quando.

Ele pisa no acelerador deslocando-nos para prosseguir o passeio. Penso que iremos direto, mas depois de alguns minutos de trajeto e sinais vermelhos, Mark estaciona em frente a uma loja de conveniência. Ele tira a chave do contato saltando do carro sem dizer uma palavra enquanto eu o assisto.

Ainda estou com frio demais para questionar ou ir atrás dele, então apenas apoio a testa na janela aguardando seu retorno. Não muito tempo depois, Mark volta com uma sacola preta e se estica para trás para colocar no meu colo.

Pelo Olhar Dele - MarkhyuckOnde histórias criam vida. Descubra agora