3. Trocas

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[POV Ludmilla]

Demos início a todas as coreografias. Decidimos que era mais justo fazermos por ordem alfabética, já que todas estavam apreensivas e essa seria a melhor maneira delas não serem pegas de surpresa.

Eu estava muito concentrada em todas as apresentações, mas não posso negar que agradeci mentalmente pelo "B" ser a segunda letra do alfabeto, o que significava que eu poderia assistir a Brunna dançar mais breve do que eu imaginava.

Não posso dizer que estou em uma cena de filme onde a protagonista se apaixona perdidamente pela garota bonita. Esse não é o tipo de narrativa que combina comigo, afinal, eu tenho uma leve preguiça dessa caretice, mas, sendo bem sincera, a Brunna despertou algo em mim. Talvez seja um leve crush, por ela ser tão bonita, ou então apenas uma conexão de energia boa. Sei lá o que for, eu estava ansiando pelo momento em que daríamos o play em sua música e ela mostraria sua dança. E esse momento chegou.

[POV Brunna]

Escolhi a música "Baby Boy" da Beyoncé para me apresentar. Me posicionei no meio da sala, onde estava apenas Bibiu e Ludmilla sentados em uma espécie de arquibancada me encarando, na expectativa que eu mostrasse meus passos.

Suspirei fundo, fechei forte meus olhos e mentalmente apenas pedi que o universo me guia-se da maneira que fosse certa.

Comecei minha coreografia e dançava como se eu não estivesse acompanhada ou sendo julgada. Meu corpo flutuava, parecia que a música havia me feito sair daquele espaço e eu me sentia no céu, livre.

Ao finalizar a música, voltei a realidade e pude ouvir os aplausos de Bibiu, que mais pareciam o de um pai babão e sentia o olhar profundo de Ludmilla que, mais uma vez, era fixo mas não me deixava claro o que se passava dentro dela. Intrigante, eu diria.

Sai da sala ainda em êxtase com o misto de sensações que vivenciei e permaneci no corredor junto às outras meninas. Foi legal conhecer todas elas, inclusive, adorei uma das meninas em especial. Seu nome era Larissa. Ela me trazia muito a sensação de ser uma mulher muito divertida, acolhedora e carinhosa. Era muito humilde também, o que fez com que eu me sentisse mais confortável.

— Bru, não acredito que estudamos nas mesmas escolas, eu já fiquei com um amigo seu e a gente simplesmente nunca se esbarrou! — dizia Lari após compartilharmos mais uma história em comum, chocadas com as coincidências.

— Cara, isso não pode ser possível, Lari! Eu tô tão chocada como você. Aliás, já que somos vizinhas, bora fazer algo depois daqui? Não sei o que o futuro nos reserva mas pelo menos podemos garantir algumas fofocas e açaí — disse empolgada.

— Eu topo esse açaí aí hein! Mas, tomada que seja o açaí da vitória né? Imagina que incrível a gente trabalhar juntas, no ballet da Ludmilla? — Sorriamos uma para a outra com esperança no olhar. Será que teríamos chance? Haviam meninas tão viajadas ali, tão talentosas.

Após 30 minutos conversando horrores, eu e Lari fomos interrompidas pelo Bibiu, que abriu a porta que dava para o corredor para chamar todas nós de volta para a sala. Era a hora da verdade.

— Meninas, como vocês sabem, só ficaremos com 8 de vocês para compor nosso ballet, por isso, falarei 8 nomes e os que não tiverem na lista, significa que não foram selecionados, ok? Desde já, agradeço todas vocês pela disponibilidade e dedicação na nossa audição. Foi lindo poder assistir a dança de cada uma de vocês.

Aplaudimos o discurso de Bibiu e, atentamente, paramos em frente a ele e sua prancheta valiosa com os nomes das sortudas que conseguiram passar.

Apertei a mão de Lari, que sorriu imediatamente em resposta e tremeu nossos braços demonstrando ansiedade.

— "....., Brunna e Larissa"— finalizou Bibiu ao falar os nomes das dançarinas selecionadas.

Eu não podia acreditar no que havia acabado de escutar! EU. CONSEGUI. PASSAR!

Após muitos gritinhos, abraços e sorrisos entre eu e Lari, corri para abraçar Bibiu que prontamente abriu seus braços para me receber.

— Eu sabia que você iria conseguir! A Ludmilla ficou encantada com você, não conseguia desgrudar os olhos do jeito como você se mexia — ouvir aquela última frase mexeu, estranhamente, com meu coração, que prontamente sentiu uma queimação esquisita mas gostosa.

— Você jura que ela gostou tanto assim? Jura mesmo? — disse com os olhos brilhando, sem acreditar nas palavras de Bibiu.

— É verdade mesmo, Bru! Pra mim você foi a melhor de todas! Parabéns! — senti minha garganta congelar quando ouvi a voz rouca de Ludmilla se inserir na conversa, me elogiando.

— Poxa Lud, eu fico feliz demais em saber disso! Muito obrigada por essa oportunidade — disse sorrindo ainda abraçada com Bibiu.

Ludmilla assentiu sorrindo com a cabeça e se virou para o restante da sala, que agora era ocupada só pelas meninas que foram selecionadas.

— Meninas, parabéns pelo desempenho de vocês! Vocês foram muito fodas e eu tô muito feliz em saber que vou poder contar com vocês nessa nova fase. E, pra vocês já entrarem no clima de como é fazer parte da minha equipe, estão todas convidadas para o Fervo da Lud que vai rolar AGORA lá em casa — Ludmilla soltou tudo de uma vez só, em uma empolgação cativante. Todas as meninas começaram a gritar e pular, contentes com o convite e eu me mantive quieta, abraçada de lado com Bibiu, observando a empolgação dela.

— Você vai né, Brunekah? Quero comemorar contigo — sussurrou Bibiu no meu ouvido, já que haviam muitos gritos na sala enquanto as meninas saiam em direção a casa da Ludmilla.

— Aí Biu, não sei... ainda preciso voltar pra minha terrinha, estou meio cansada também, além de..

Antes que eu pudesse terminar minha frase, vi Ludmilla brotar na minha frente após um "pulo" espaçado com um sorriso sapeca no rosto.

— Ô Bru, eu ouvi errado ou você tá se recusando a ir no seu primeiro fervo? É isso mesmo? — disse ela sorrindo sapeca, com um tom de deboche.

— Lud, não me entenda mal, é que eu..

Mais uma vez fui interrompida por ela, que soltou um sonoro "SHIU" antes de soltar uma resposta.

— Brunna, entenda: não existe a possibilidade de você me dar um NÃO nesse convite! Você vai. Não tem desculpa, não tem cansaço e nem enrolação. E pra me certificar de que você vai, vocês três vão no meu carro, comigo! — Ela soltou sua resposta, tirou a chave do carro do bolso e saiu andando. Achei que poderia fugir dela, já que ela foi na frente, mas ela parou na porta da sala e soltou — Se você não aparecer com o Bibiu e a Lari na porta do meu carro em 5 minutos, eu te busco no colo!

Ludmilla saiu da sala rindo e correndo, enquanto eu olhava para Bibiu e Lari que estavam se divertindo com a ousadia de Ludmilla ao me intimar para sua festa.

— Acho que alguém gostou de você hein, Brunekah — disse Bibiu rindo e indo em direção a porta, acompanhado de Lari.

Que mal teria ir para a festa um pouco, né? Afinal, agora ela é minha patroa e precisamos ter uma boa troca.

Seja bem-vinda • Brumilla Onde histórias criam vida. Descubra agora