Eu e Brunna, sempre que brigamos antes de um show, fazemos as pazes de certa maneira no palco. Hoje, não foi diferente. Toda e qualquer oportunidade que ela tinha, ela usava das coreografias pra sarar em mim, passar a mão em lugares específicos entre outras coisas.
Já estava me acostumando com a ideia de que tudo estava prestes a voltar ao normal quando vi uma mulher na grade do palco gritando a Brunna e acenando pra ela. A Brunna, por sua vez, deu um sorriso de volta como se a conhecesse. Pronto, tudo zerou. Não consegui me conter e fiquei olhando pra Brunna fixamente, na expectativa que ela olhasse de volta pra mim e pudesse me explicar o que tinha acabado de rolar.
O show terminou e todos foram pro meu camarim, como de costume, mas eu precisava de uns 5 minutos que fossem pra me recompor antes de interagir com todos e receber alguns fãs.
Sai direto do palco para o banheiro e me tranquei lá. Eu não sabia o que tava acontecendo mas a Brunna tava mexendo muito com a minha cabeça. Não dava mais. Ou a gente conversava sobre tudo isso ou eu ia surtar.
Após alguns minutos sentada na privada, olhando pro teto do banheiro enquanto respirava fundo, ouvi a porta batendo.
— Lud, os fãs estão na porta já esperando, você tá se sentindo bem? Ainda demora? — Ouvi Marcos do outro lado da porta me chamando, suspirei fundo e tentei tirar meu melhor sorriso. Meus fãs mereciam isso.
Quando sai pela porta, vi Brunna sentada do outro lado do camarim, encolhida no colo da Lari, comendo um salgadinho. Ela estava com um semblante triste e eu, ao mesmo tempo que ficava magoada de vê-la assim, também não conseguia não estar com raiva.
Ignorei completamente a presença dela ali e fui em direção aos meus fãs, dando atenção a eles, tirando foto, recebendo seus presentes, etc.
Ficamos juntos durante uma hora e depois de me despedir deles, fomos todos em direção as vans. Antes que eu pudesse subir na minha, senti uma mão me puxando. Era ela.
— Oi. Queria saber se eu poderia ir com você pro hotel — ela dizia pausadamente, como se estivesse com medo da minha resposta
— Claro. Vem sim! — fiz um movimento com a cabeça indicando que era pra ela entrar e a deixei passar na minha frente, indo logo atrás dela. Sentamos uma do lado da outra e um silêncio constrangedor surgiu, até que ela decidiu quebrá-lo.
— A gente pode conversar?
— Aqui não, Brunna. Agora não. No hotel, conversamos.
Ela deu um suspiro frustrado e nos mantivemos caladas o caminho inteiro.
Assim que saímos da van, eu saí primeiro e, na hora de descer do carro, ofereci minha mão para ajudá-la a descer. Ela me lançou um sorriso tímido e seguimos juntas em direção ao hotel. Subimos o elevador juntos e fomos andando lentamente em direção ao nosso quarto, como se estivéssemos evitando aquele momento. Mas não tinha mais jeito.
Assim que entramos, fiquei de pé virada pra Brunna e ela puxou meu braço, delicadamente, para me sentar com ela. Nos sentamos na cama, uma de frente pra outra, e ela começou.
— Posso saber o motivo de você estar tão estressada?
— Brunna, acho que se eu explicar você não vai entender porque nem eu tô me entendendo
— Tenta, eu posso te ajudar... eu quero te ajudar, na verdade
— É que... — quando eu ia iniciar minha fala, meu telefone tocou e revirei os olhos quando vi ser Marcos. apenas desliguei e continuei — então, eu tenho percebido que... — novamente meu celular tocou e dessa vez era Luane — Ah, mas que inferno, caralho! — peguei meu celular com raiva e atendi — Que foi, Luane?