— Alô?
Um silêncio permaneceu do outro lado da linha e eu só conseguia ouvir uma respiração calma, mas alta.
— Bom dia, quem deseja?
Como se tivesse ganhado um golpe de coragem, a pessoa me responde.
— Oi Lud, sou eu, Isabelly
Um silêncio constrangedor se formou entre a ligação e eu não sabia como conduzir aquela situação da maneira mais educada possível. A Isabelly é minha ex namorada, terminamos há alguns meses e foi um relacionamento muito complicado, que me gerou muitos traumas. Não vou ser hipócrita e dizer que também não errei, mas, de fato, todo o caos se iniciou quando a Isabelly começou a me trair com alguns caras quando eu não fazia suas vontades. Tudo nos levou a um cenário onde as brigas e as traições viraram constantes, até que fiquei esgotada e dei um basta. Mas, até hoje, ela me procura.
— Oi Isabelly, tudo bem? No que posso te ajudar?
— Para de ser formal comigo como se eu fosse uma desconhecida! Você sabe que somos almas gêmeas. Eu não aguento mais ficar separada de você, minha preta.
— Isabelly, almas gêmeas não se agridem da maneira que nos agredíamos. Era abuso verbal, emocional, falta de respeito... você já me bateu, tem noção? A melhor coisa a ser feita é você seguir sua vida e eu a minha. Tenho certeza que será mais saudável pra gente!
Ainda que eu tenha consideração pelas coisas boas que vivemos juntas, eu criei uma espécie de repulsa pela Isabelly. Todas as vezes que falo com ela, me vem à tona as vezes que a peguei se esfregando com caras em baladas e pagodes ou então da última vez que ela me agrediu. Tudo isso só me fez ter mais certeza de que eu não tenho estrutura pra relações amorosas.
— Foram apenas momentos de crise, meu amor! Volta pra mim, vai. Vou passar aí pra te ver, o que acha?
Até o momento minha paciência estava reinando mas só de imaginar Isabelly cruzando minha porta, me fez perder a cabeça. Suspirei fundo, já irritada e precisei colocá-la no seu devido lugar.
— Isabelly, eu não sei se você reparou, mas estou falando da maneira mais amigável possível que eu não quero mais você. Nem como ficante, amiga ou qualquer coisa. Eu quero que você siga a tua vida e me deixe seguir em paz! Eu não te amo, eu não quero reviver nossa história muito menos começar uma nova. Me entendeu? Não ouse vir até minha casa porque não vou te atender!
— Você é cruel, Ludmilla! Vai se arrepender por me tratar assim. Você vai ver só! Não pense que vai me descartar assim tão fácil
Ela desligou a ligação na minha cara e eu apenas bufei, exausta de toda essa confusão. Larguei o celular na mesinha ao lado da minha cama, me jogando na mesma com as mãos na cabeça. Sentia minha cabeça latejar de nervoso. A Isabelly tirava o pior de mim e eu não queria revisitar essa minha versão.
Novamente meu celular tocou e eu já imaginava que fosse ela novamente, só que dessa vez, minha paciência estava ainda mais esgotada e eu já atendi o celular sendo extremamente grossa.
— Isabelly, qual a porra da parte do EU NÃO QUERO FICAR CONTIGO que você ainda não entendeu? Que inferno de garota!
A ligação permaneceu em silêncio e novamente eu já imaginava que fosse ela. Bufei impaciente e continuei.
— Vai ficar nesse joguinho mesmo? Porque eu tô de saco cheio dessa tua historinha e de você!
— Lud, acho que você confundiu a ligação... é a Bru. Acho melhor te ligar numa outra hora, né?
Meu mundo caiu quando notei que, na hora da raiva, eu se quer verifiquei o número que me ligava. A Bru estava tendo, naquele momento, acesso a minha pior versão e eu não poderia estar mais constrangida.