7. Seu cheiro

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Depois de muita farra, muita bebida e muitas risadas, minha bateria social deu a famosa desaparecida e decidi que era hora de parar. Ludmilla parecia ter ficado bêbada naquele momento então quando me aproximei dela para avisar que subiria, recebi uma resposta embolada e engraçada.

— Bru, você não vai não! Você vai ficar aqui comigo e me fazer companhia porque eu não consigo ficar sozinha e todo mundo já deu tchau e foi embora — ela dizia olhando pra mim com seus olhos já semicerrados pela bebedeira.

— Lud, não só tá na hora de eu subir como a sua também. Vamos, eu posso te ajudar — disse colocando meus braços em sua cintura no intuito de ajudá-la a subir.

Ela me olhou com os olhos arregalados mas não se negou. Passou seu braço pelo meu pescoço e se deixou ser guiada por mim até o andar de cima.

Quando chegamos no segundo andar, percebi que Lari estava dormindo no sofá cama que havia ali no quarto. Ótimo, eu realmente dormiria ao lado de Ludmilla — e eu não sei se isso é bom ou ruim.

— Eu que ia dormir no sofá para vocês ficarem confortáveis mas acho que a Lari te dispensou — disse Ludmilla rindo e cambaleando até sua cama, onde ela caiu deitada.

— Ei! Cuidado, Lud! Assim você pode se machucar, menina — disse enquanto ia até ela, afim de ajudá-la.

Ela apenas lançou um sorriso para mim e vi seus olhos fecharem lentamente. Pensei em falar algo para argumentar ou então fazer um movimento para trocar sua roupa e tirar sua maquiagem, mas ela parecia finalmente estar descansando e eu não queria quebrar isso. Suspirei ao ver a cena dela dormindo, em questão de segundos, como um anjo e fui ao banheiro vestir suas roupas e tirar minha maquiagem.

[Dia seguinte]

Eu não lembro como vim parar na minha cama, tudo que sei é que acordei com uma respiração diferente perto de mim e quando me dei conta, era Brunna. Será que eu falei algo pra ela? Será que passei dos limites? Enquanto me questionava, permanecia quietinha ao seu lado admirando o jeito como ela dormia. Seu cheiro estava impregnado por todo meu quarto e eu confesso que era um aroma que eu realmente gostava de sentir.

Não sei dizer ao certo, mas Brunna consegue chamar minha atenção pra coisas que normalmente eu nunca estive atenta, como por exemplo, observar a maneira como alguém dorme. Nem em meus antigos relacionamentos eu fazia isso mas cá estou eu admirando minha nova dançarina encolhida na minha cama enquanto dorme.

Acabei precisando disfarçar a sessão admiração quando notei a respiração de Brunna mudar, acusando que ela iria despertar. Virei o mais rápido que pude para o teto do meu quarto quando ouvi sua voz embargada de sono me desejar um bom dia.

— Bom dia, Bru! Você dormiu bem? Você ronca hein — disse sorrindo para ela.

— Eu sei que não ronco, Ludmilla! Deixa de graça! Eu dormi bem sim e você, cachaceira? — respondeu se espreguiçando.

Fiquei sem graça quando ela me chamou de cachaceira porque, novamente, fez eu me questionar se eu havia passado dos limites em algum sentido com a Brunna.

— Bru, eu fiz alguma besteira ontem? Pode me falar caso eu tenha feito — disse apreensiva pela sua resposta.

— Fez nada, Lud! Você só estava agitada e feliz, como todo bêbado

Suspirei aliviada enquanto notava seu sorriso caçoando da minha preocupação com a noite anterior.

— Você tá rindo porque não é você que teve amnésia alcoólica né, bonitona?

Brunna me lançou um último sorriso e se levantou da cama, o que me fez prontamente reclamar.

— Ei! Você vai aonde?

Ela virou de costas, enquanto parava no meio do caminho para me responder.

— Vou ao banheiro para dar um jeito nessa cara e ir embora! Aliás, seu sofá tá vazio então a Lari já me deixou para trás pelo visto — disse enquanto se dava conta que a Lari não estava ali.

Eu e Brunna. Juntas. No meu quarto. Porque isso mexia tanto comigo? Porque ela mexia tanto comigo e em menos de 24 horas eu me sentia a vontade com ela como se tivéssemos anos de amizade?

— Bru, não sei se a Lari foi embora mesmo mas queria te convidar pra tomar um café da manhã comigo

— Ah, não precisa se incomodar, Lud! Você pode ficar descansando aí de boas que eu como quando chegar em casa

Me levantei num movimento só, indo em direção à ela, que estava com a porta do banheiro aberta enquanto lavava o rosto.

— Bru, aceita meu convite! É uma maneira de me redimir por ter te dado trabalho ontem

Ela me sorriu como devolutiva e eu só conseguia pensar no quanto esse cheiro dela era gostoso e me fazia perder a concentração.

— Apesar de você não ter me dado trabalho nenhum pela sua bebedeira, eu topo tomar café com você!

Bati minhas mãos demonstrando felicidade pela sua resposta e sai do banheiro, deixando-a terminar de se arrumar para sairmos.

Eu parecia uma adolescente indo beijar pela primeira vez e, nesse caso, nem beijo teria. Porque eu tô agindo assim?

Seja bem-vinda • Brumilla Onde histórias criam vida. Descubra agora