18. Os primeiros passos

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Aquela noite teve uma virada de 360 que eu jamais, nem nos meus melhores sonhos, poderia imaginar. Em um momento estávamos discutindo enquanto eu me sentia péssima por sentir ciúmes da ideia da Brunna querer estar com outra mulher e, agora, estamos aqui, ofegantes, nos olhando, após darmos o melhor beijo da minha vida.

Brunna acabava de relevar que a mulher que ela teve interesse era simplesmente...... eu. E eu não conseguia acreditar nisso.

— Como é que é? — perguntei olhando no fundo dos seus olhos, sem acreditar no que ela estava falando

— É Ludmilla... a única mulher que me despertou interesse em toda a minha vida foi você. E é por isso que eu nunca contei nem pra você nem pra ninguém, porque somos melhores amigas e você é minha chefe. Eu jamais desejaria arriscar em algo que pudesse destruir nossa relação ou nosso trabalho mas eu não vi outra saída a não ser te beijar pra você entender o motivo de eu não ter te contado — ela disse em um respiro só, se atropelando. tava mais do que claro que ela estava a beira de um colapso de nervoso.

Respirei fundo, levei minha mão ao seu rosto, fazendo um leve carinho.

— E pra que essa agressividade toda falando? Você não tá me confessando um crime não, aliás, você acabou de compartilhar algo que é completamente recíproco porque eu sempre fui interessada em você também.

Senti Brunna arregalar os olhos, surpresa com a minha revelação, mas ela se manteve atenta em silêncio, esperando que eu continuasse.

— Desde a primeira vez que te vi, quando você cruzou aquela porta da sala correndo, atrasada pra audição, eu já senti interesse em você. Conforme fomos convivendo, isso foi crescendo, crescendo e crescendo mas eu se quer imaginava que existia a possibilidade de você me querer de volta. Mas confesso que lá no fundo, todas as vezes que você dormia agarradinha em mim, eu me questionava se todo esse grude que tínhamos era uma mera amizade.

Brunna suspirou me olhando e, em seguida, me abraçou forte, enterrando seu rosto no meu cabelo.

— No que você tá pensando, Bru? — disse abraçando ela pela cintura e encostando meu nariz em sua cabeça.

— Que a gente talvez esteja cometendo o maior erro das nossas vidas mas que.... eu gostei do que aconteceu agora. Tô confusa.

Afastei nossos corpos, segurei a ponta do seu queixo e olhei no fundo dos seus olhos.

— Já parou pra pensar que pode ser o maior acerto das nossas vidas?

Bru soltou um sorriso gostoso e foi a minha vez de me deixar ser tomada por um golpe de coragem e roubar um beijo dela.

Dessa vez, nosso beijo era mais lento. Era como se o primeiro refletisse nosso desespero de querermos ter uma a outra, o segundo já demonstrava o quanto a gente estava se comprometendo a nos dar uma chance. Foi o nosso sim mudo.

Quando terminarmos de nos beijar, Bru me abraçou pela cintura e encheu meu pescoço de beijos, me fazendo sorrir instantaneamente ainda de olhos fechados.

— Cê tem um beijo tão gostoso! — eu disse grudadinha nela, enquanto ela emitia algum som como se estivesse com vergonha.

Decidimos voltar pra festa e ficamos mais um tempo com nossos amigos. Meu olhar e o da Bru não se largava nem por um instante. Eu sentia um frio na barriga muito estranho toda as vezes que relembrava o sabor do beijo dela nos meus lábios, o cheiro dela impregnado no meu nariz, suas mãos pousadas no meu pescoço.

Fui despertada dos meus devaneios quando Bru agachou nas minhas pernas, apoiando em meus joelhos, para ficar com o rosto na altura que o meu, já que eu estava sentada em uma poltrona

— Ei, eu vou pra casa hoje, tá? Mário Jorge e Larissa passaram dos limites do álcool e algum adulto responsável precisa deixá-los sãos e salvos em suas residências

— Ah Bu, não... logo hoje a gente vai dormir longe? — respondi fazendo um bico

— É, você não faz ideia do quanto eu queria ficar com você mas seria muito irresponsável da minha parte

Bufei aceitando que não haveriam argumentos que derrubassem a decisão dela, mas, antes, eu precisava fazer algo.

— Antes de você ir embora então, você pode ir no banheiro comigo? Sabe que eu odeio ir sozinha — fiz uma cara de sonsa e eu tenho quase certeza que a Brunna não capturou minhas intenções

— Claro, vou sim! Vou só avisar a eles que já vamos

Brunna levantou, indo em direção a dupla de cachaceiros que já estava mais pra lá do que pra cá e voltou em minha direção, estendendo sua mão para mim.

Levantei puxando a Brunna pela mão, desesperada para beija-lá de novo. A levei até o banheiro e assim que fechei a porta, pelo lado de dentro, joguei Brunna na parede, surpreendendo-a.

— Eu não podia te deixar ir embora sem ganhar um beijo, né?

Ela abriu um sorrisão e grudou seus braços no meu pescoço, me dando permissão para beija-la. Acontece que, diferente dos outros beijos, esse trazia um fogo diferente... quando dei por mim, Brunna estava imprensada entre a parede e meu corpo, no meu colo, com as pernas grudadas não minha cintura e as mãos dentro da minha blusa, passeando pelas minhas costas inteira.

Eu tinha Brunna em meu colo e ao mesmo tempo a mão por dentro do seu short curto, apalpando com gosto sua bunda. Senti que o clima estava esquentando demais e acabei tendo consciência que essa não seria a melhor forma da Brunna ter uma primeira vez com uma mulher. Ela merecia algo especial, assim como ela. Parei nosso beijo com ela ainda no meu colo.

— Que foi? Tava ruim? — perguntou ela ofegante, me olhando um tanto quanto confusa.

— Não mesmo. Tava uma delícia e eu poderia passar o resto da noite assim com você, mas acho que, por hoje, esse vai ser nosso limite, ok? Uma coisa de cada vez

Brunna assentiu com a cabeça e me deu um selinho demorado, descendo do meu colo em seguida. Ajudei ela a arrumar seu cabelo, que estava todo bagunçado e me arrumei também para sairmos de lá. Nossa sorte é que estavam todos muito bebados e não repararam nossa ausência.

Descemos para irmos todos embora juntos e eu não sei o que pulsava mais: meu coração por saber que a Brunna iria embora ou minha buceta pelo fogo que ela tinha causado em mim.

Fui me despedir de todos e quando chegou na vez de falar com ela, a abracei forte e depositei um beijo molhado, discretamente, em seu pescoço.

— Queria muito ficar contigo hoje. Mas tudo bem. Me avisa quando chegar, tá?

Ela assentiu com a cabeça e depositou um beijo próximo a minha boca, bem rápido.

— Daria tudo pra ficar agarradinha em você hoje mas o dever me chama. Prometo te recompensar.

Lancei um sorriso para ela e joguei um beijo no ar, me despedindo de vez dela.

Que mulher. Que noite!

Seja bem-vinda • Brumilla Onde histórias criam vida. Descubra agora