Uma nova etapa estava prestes a começar na minha carreira. Após um longo período vivendo como Mc Beyonce, eis que cheguei a decisão de mostrar pra o mundo a minha versão real: a Ludmilla.
Depois de reuniões extensas com minha equipe, definimos que minha nova fase precisava ser compartilhada com o mundo e eis que começamos a nos movimentar pra isso.
Não tem sido fácil, afinal, agora eu preciso mudar todos os mínimos detalhes para que consigam me associar a minha "nova" identidade.
Minha animação é tão gigante nesse momento que decidi fazer parte de todos os processos que eu conseguir — inclusive estou agora chegando no estúdio onde meu coreógrafo, Edson Damazzo — mais conhecido como Bibiu — irá realizar a nova seleção do meu ballet, afinal, precisarei de mais meninas comigo no palco.
— E ai minha amiga, preparada para essa tour que vai ser assistir apresentação por apresentação para selecionarmos as novas garotas? — disse Bibiu me recepcionando com um abraço e um tom divertido.
— Biu, tu sabe que eu sou crítica na hora de definir essas coisas, né? Só quero as melhores do meu lado — disse retribuindo o abraço e lançando um sorriso sincero para ele.
Papo vai, papo vem e eis que as candidatas começaram a chegar. Comecei a analisar todas, afinal, não queria só boas profissionais do meu lado mas também pessoas que me transparecessem serem do bem.
Nossa seleção estava marcada para iniciar às 18h e, pela lista extensa que o Bibiu fez questão de imprimir, teríamos 20 garotas concorrendo às vagas, mas, pelas minhas contas, só tinham 19.
— Biu, é impressão minha ou temos uma atrasada no rolê? — disse sentada ao lado dele, em uma espécie de mini arquibancada no fundo da grande sala que ocupávamos e era preenchida por vozes de 19 mulheres ao mesmo tempo.
— Ah, eu esqueci de te avisar! Chamei uma amiga minha que acabou de voltar de uma viagem dos Estados Unidos para fazer parte da seleção. A bicha arrebenta, Lud! — disse Bibiu empolgado enquanto gesticulava.
— Tá, mas cadê a donzela que já tá querendo perder ponto pela falta de pontualidade, hein? Não vou pegar leve com ela só porque é sua amiguinha! — disse com a sobrancelha levantada, imprimindo uma energia de deboche.
No momento em que finalizei minha frase e meu coreógrafo abriu seus lábios para argumentar minha resposta, nossa conversa sofreu uma quebra ao escutarmos o barulho forte da porta de vidro abrindo repentinamente.
Meus olhos viraram para observar a movimentação e eu não pude deixar de notar a beleza da mulher que entrou, como um furacão, no estúdio.
— Aí está ela! Oi Bru, que saudade de você, coisa linda! — meus pensamentos foram cortados com a fala de Bibiu, que prontamente se levantou para abraçar a mulher que eu julgava ser a tal da atrasilda.
— Amigo, que delícia te reencontrar! Senti muito a sua falta. Acabei me atrasando porque não consegui encontrar nenhum táxi até aqui e precisei vir de trem — Foi o primeiro momento em que ouvi sua voz. além de linda ainda precisava falar desse jeitinho cativante?
Após finalizar sua frase, a "Bru" notou meu olhar fixo em sua direção e muito sem jeito prosseguiu falando, mas agora, diretamente comigo.
— Olá Ludmilla! Me desculpa pelo atraso. Acabei tendo alguns imprevistos no caminho mas espero que saiba que estou muito comprometida com o processo, tá?
— Ela parecia nervosa mas ao mesmo tempo soltou sua resposta em uma velocidade tão rápida que me fez soltar um riso frouxo.
— Está tudo bem! Imprevistos acontecem. Como você chama? Não sei seu nome ainda, só sei que te chamam de Bru pelo visto — ela me devolveu o sorriso e encolheu os ombros ao ouvir minha resposta.
— Que educação a minha, né? Chego atrasada, não me apresento — disse ela sem jeito porém divertida — Eu me chamo Brunna, mas você pode me chamar de Bru.
— Prazer, Bru! — disse dando ênfase no apelido e assistindo seu sorriso como resposta — Você já sabe meu nome, mas pode me chamar de Lud. Odeio formalidades!
— O prazer é todo meu, Lud! — respondeu ela, ainda sorrindo, repetindo meu movimento de ênfase no apelido.
Ficamos alguns segundos, que pareceram horas, sorrindo ao nos apresentar. Minha atenção voltou ao "mundo real" ao ouvir Bibiu bater suas mãos com força.
— Então meninas, o papo tá bom mas já estamos 30 minutos atrasados e vocês são muitas então, bora começar?
Assenti com a cabeça ouvindo as orientações do meu coreógrafo e lancei um sorriso para Brunna, que ainda permanecia próxima de mim.
— Boa sorte! — sussurrei discretamente para ela, que me respondeu um "obrigada" quase sem som.
Agora sim: que comecem nossas apresentações! 👀
