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[GINA]

Meus neurônios estavam em conflito.
Gi?? Ele nunca havia me chamado assim.

Quando meu coração parou de bater desgovernado, eu pude prestar atenção nos detalhes. Ele não estava sozinho. Teddy estava em uma cadeirinha de bebê, encarando o céu e brincando com seu ursinho de pelúcia.

Assim que olho no rosto do moreno ao meu lado, quase não o reconheço. Seus olhos estão inchados, como se ele tivesse chorado a noite toda.

Mas mesmo assim ele continua um gato.

Ele está com uma aparência cansada, mas quando me viu, deu um sorrisinho de canto e pareceu mais aliviado.

Sorri de volta.

- Oi... - falo, completamente sem graça. Eu queria conversar com ele, mas não sei se esse é o momento certo - Eu... Eu não sei nem por onde começar.

- Então não comece - ele diz, com a voz rouca, sorrindo um pouco - Já sei o que vai dizer. Gina, nada do que aconteceu foi culpa sua. Você só estava me fazendo companhia, não há nada mais normal do que isso, nós somos amigos. Se não fosse por você... Eu continuaria sendo feito de trouxa, continuaria sendo traído por ela. Está tudo bem. Eu juro.

- Não está com raiva de mim? - ele nega com a cabeça e eu suspiro aliviada.

- Tenha até que te agradecer por aquilo.

Eu respiro fundo novamente.

- Sinto muito pelo que aconteceu.

- Não sinta - ele responde, encarando o horizonte a sua frente - Não sei por quanto tempo mais eu aguentaria aquele relacionamento. Estava se tornando tóxico, só agora eu consigo enxergar isso. Mas... Eu não imaginava que ela seria capaz daquilo.

- A gente nunca espera isso de ninguém. Mas as vezes... As vezes tem que acontecer. Se serve de consolo, eu também já passei exatamente pela mesma coisa - Harry me olhou com curiosidade, dando um sinal para eu continuar - Lembra do meu antigo namorado, antes do Dino?

- O Miguel? - eu assenti. Harry parecia chocado - Ele te traiu??

- Com uma líder de torcida por dois meses. Eu sabia que havia algo estranho com ele, sabia que estava escondendo algo. Mas eu não queria acreditar. Como dizem, o amor cega - dei de ombros.

Eu não senti mais aquela velha dor ao falar disso. Acho que depois de tanto tempo, eu finalmente consegui superar.
As pessoas estão certas ao dizerem que o tempo cura tudo.

- E como você... Como você lidou com tudo isso?

- Eu fiquei mal no início. É normal, a gente precisa passar por esse fase. E depois eu passei o rodo em uma festa nas férias pra afogar as mágoas - Harry sorriu - Mas sabe, o tempo cura todas as feridas. Você pode estar pensando que vai doer pra sempre, mas um dia vai passar e você vai conseguir amar de novo. Nada é para sempre, Harry.

- Nada é para sempre. - o moreno repetiu, melancólico - Acho que você tem razão, afinal de contas.

Sorri para ele. Nós ficamos ali, em silêncio, encarando o horizonte a nossa frente, apenas escutando o vento bater nas copas das árvores, fazendo um som reconfortante. Teddy brincava com seu ursinho, deixando o vento bater com delicadeza em seu rosto.

Encarei Harry ao meu lado.
Nunca havia reparado com tanta clareza em seus músculos.

Ele não era mais aquele menino magrinho que eu havia me apaixonado há alguns anos atrás. Ele estava diferente. Mais velho, mais forte, mais maduro. Mas ainda usava os óculos de aros redondos.

𝐋𝐎𝐕𝐄 𝐋𝐈𝐕𝐄𝐒 𝐍𝐄𝐗𝐓 𝐃𝐎𝐎𝐑 - hinnyOnde histórias criam vida. Descubra agora