capítulo 49/2

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Olá, meus amores! Voltei com a parte 2 do capitulo.

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Jaqueline...

Despertei do desmaio já estava no quarto. A visão ainda um pouco embaçada, os pensamentos confusos, levei alguns segundos até entender o que tinha acontecido. E tudo voltou, todas as sensações, lembranças, medos, tudo de uma só vez. Não era fruto da minha imaginação, os medos e sensações de perda, infelizmente era real. Cheguei a cogitar que poderia ser o estresse de tudo o que estávamos vivendo nos últimos meses teria sido o motivo de Otávio estar tão agitado, nervoso. Era normal, afinal ele era um ser humano, e como seres humanos precisamos desabafar as vezes, perder o controle não é ruim. Em determinados momentos até nos ajudam a aliviar a alma, e nos deixa leves.

— Otávio, me diz o que está acontecendo? — não consegui esperar mais por respostas, toda situação estava me deixando em desespero. Vê-lo daquela forma me deixava em desespero. Não saber da minha filha me deixava em desespero, tudo me desesperava. Eu precisava de respostas para acalmar meu coração.

— Está tudo bem, fica tranquila. — me abraçou forte e beijou minha cabeça — Está tudo bem! — repetiu, com um suspiro de alívio. E automaticamente, eu também relaxei, pois sabia que estava tudo bem. Sabia que não seria capaz de mentir para mim. Ele me ajudou a ficar com o corpo um pouco inclinado na cama, colocou travesseiros em minhas costas como apoio, depois segurou minhas mãos e sentou ao meu lado.

— Pode falar, estou preparada — o encorajei. Mas a verdade era que eu não sabia se estava de fato preparada para ouvir o que ele tinha a dizer. Já sentia que era algo terrível, apesar de naquele momento, com ele ao meu lado sentir um certo alívio, ainda tinha uma sensação de tensão no ar. E conforme fui me acalmando, incentivando que falasse, aos poucos ele começou a relatar o ocorrido.

— Anelise fugiu do centro de reabilitação. — meu corpo ficou tenso, o coração parou por alguns segundos e em seguida acelerou de forma descompassada. Senti a garganta fechar e o ar faltar. — Calma meu amor, respira! Está tudo bem, o pior já passou. — ele pegou um copo com água e me deu.

Tentei focar no positivo, elevar meus pensamentos para coisas boas e pensar que se ele estava ali no hospital, mesmo que naquela situação na qual eu o encontrei em discussão com os seguranças, o que pudesse haver de ruim já tinha sido solucionado. eu precisava acreditar que tudo estava bem, não podia sofrer por antecipação. Tinha que primeiro ouvir dele o que estava ocorrendo, qual era o real cenário. Tudo então estava bem, ele não mentiria para mim. Mas ouvir o nome daquela mulher me causava arrepios, e era inevitável. Ainda assim, respirei fundo, tomei mais um pouco de água, e tentei me preparar para ouvir tudo o que tivesse que ouvir.

— Estou bem, pode continuar. — bem, eu não estava, só queria que tudo aquilo acabasse de uma vez e quanto mais adiasse pior seria. E por mais que eu imaginasse coisas terríveis, precisava ouvir de uma vez e saber logo de tudo. E fosse o que fosse, o certo era que já havia sido solucionado.

Anelise fugiu do centro de reabilitação, mais conhecido como hospício, e foi até o hospital com um plano de sequestrar minha filha. Na época do meu sequestro ela foi diagnosticada como uma pessoa inimputável, ou seja, uma pessoa que tem a saúde mental comprovadamente afetada, ao invés de ir para uma prisão normal aguardar o julgamento, foi internada para tratamentos psicológicos. Mas a bem da verdade é que ela não é uma pessoa psicologicamente normal. Porém, o diagnóstico que seu advogado conseguiu não me convenceu. Mas eu queria apenas ficar livre daquela mulher, eu só queria viver em paz com minha família. E também tinha o Vinícius, o menino já estaria passando por problemas e ter sido bruscamente envolvido em uma situação totalmente fora da sua normalidade diária. Um pai que ele não tinha contato e que não sabia da sua existência e teve que aprender a conviver, criar afeto. Uma nova casa, um novo ambiente e agora a ausência da mãe que cometeu um crime e está internada em um hospital para doentes mentais. então imagine a cabeça desse menino ter que visitar sua mãe que até pouco tempo era tudo pra ele, em um presídio feminino. Nada estava fácil.

E Otávio continuou relatando os fatos e a cada palavra embrulhava meu estômago, sentia um frio horrível na espinha. E, no entanto, uma situação, uma ponta solta de toda essa história terrível me intrigou. Como ela sabia que minha filha já havia nascido e em qual hospital? Alguém estaria passando informações? Quem? Essa resposta ainda não tínhamos, mas o certo era que advinha não era. Seu plano era realizar um sequestro e fazer o que com minha filha eu não sabia, e nem pensar nas hipóteses eu queria porque somente imaginar, sentia-me mal.

Com uma roupa de enfermeira e um crachá roubado, ela conseguiu passar despercebida e circular pelos corredores do hospital como se fosse uma funcionária colocando assim, seu plano maquiavélico em prática, mas que graças a Deus não teve sucesso. A mulher foi até o berçário no momento certo que uma enfermeira tinha levado Maya para o banho do dia. E de verdade eu já nem sabia se foi apenas um golpe de sorte, coincidência ou coisa planejadamente calculada. Pois ela foi exatamente no momento certo. A louca atacou a enfermeira com uma barra de ferro, golpe que por sorte não foi fatal, conseguindo assim pegar nossa filha. Outro detalhe intrigante, ela já sabia a criança certa, pois foi certeira.

Quanto mais Otávio relatava os fatos, mais estarrecida eu ficava. A cada palavra dele, minhas lágrimas desciam, um medo aterrador que chegava doer fisicamente. Por sorte, a ação da segurança foi rápida e conseguiram pegá-la ainda no estacionamento quando tentava entrar em um táxi que estava aguardando por ela. A polícia foi acionada, o motorista que a aguardava teve que prestar esclarecimentos na delegacia. Ao que tudo indica, o homem não era cúmplice, apenas foi solicitado seus serviços de motorista. Anelise com mais uma acusação de tentativa de sequestro de incapaz. Mais uma para ficha dela.

Ao escutar seu relato, minha mente descrevia a situação como uma cena de um filme de terror. E somente de imaginar que nunca mais veria minha filha se aquela louca tivesse conseguido seu objetivo, a angústia tomava conta de mim. Minha pressão subiu e Otávio teve que chamar a enfermeira para que eu fosse medicada. Após o medicamento fazer efeito, eu apaguei. A sensação que eu tinha era ter acordado de um pesadelo. O corpo pesado, porém me sentia aliviada por saber que tudo foi solucionado a tempo. Estava tudo bem, mas aquele desconforto causado pelo medo da perda era inevitável. Meu coração se apertava de uma forma inexplicável.

— Está mais calma agora?

— Onde está Maya? — não consegui responder a pergunta dele, a ansiedade por ver minha filha era maior

— Não se preocupe, ela está bem e sendo cuidada nesse momento. Fica tranquila. — eu até queria dizer que estava calma, mas a verdade era que não, não estava nada bem, ainda mais depois de tudo. Só ficaria bem quando pegasse minha bebe no colo. Somente nesse momento meu cérebro iria entender que tudo não passou apenas de um susto.

Quando trouxeram Maya para o quarto, a sensação de alívio se juntou a emoção e a saudade como se não a visse por séculos. Aquela pequena envolta a uma manta branca com detalhes rosa bebê. E sua toquinha combinando com o restante das peças, como era linda minha menina.

Minha filha estava bem. Enquanto Otávio falava, por mais que eu soubesse que tudo estava bem e resolvido, não era a mesma coisa de quando a tive ali, junto a mim. Deitada em meu peito. Pude sentir sua pele delicada, seu cheirinho de bebê, seus olhinhos arregalados me olhando como se soubesse de todos os perigos que sofreu. Um sorriso esboçado de inocência, era um alívio. Sim, era um alívio. Tão linda e suave parecia um anjinho. Tão inocente, alheia a tudo à sua volta. Otávio deitou ao meu lado e ficamos juntinhos ali, naquele leito pequeno de hospital. Não era permitido deitar na mesma cama, mas quebramos todas as regras. Precisávamos desse momento. Era nosso tempo de paz. De respirarmos aliviados e cuidar do nosso bem mais precioso. 

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Bom, por hoje é só. Logo volto com o próximo capítulo. Andando a passos de tartaruga🤭 🥰😘

Barreiras de um coração (Spin-off de Uma nova Chance ao amor)Onde histórias criam vida. Descubra agora