Capítulo 9

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Jaquleine***

Eu ainda estava estática, no mesmo lugar, sem saber o que responder. Era evidente que seu pedido me pegou de surpresa, o que ele fez a noite, me trazendo para sua casa, eu entendi. Foi apenas para me ajudar, pois viu que eu não estava bem. Me tornei ousada por conta da bebida, fiquei o agarrando e falando o monte de bobagens. Mas e quanto a esse pedido, porque queria que eu ficasse mais, porque queria almoçar comigo?

— Então, o que me diz? — perguntou já se aproximando, o que não foi nada bom, porque tinha a sensação de que iria desmaiar. O que era ridículo, eu não podia agir dessa forma, precisava ter controle do meu corpo e das minhas emoções. Respirei fundo, e assenti. Nenhuma palavra, apenas um aceno de cabeça. E ele sorriu, satisfeito, tão lindo. Pegou na minha mão, me conduzindo de volta até a sala. E só esse gesto, me fez arrepiar dos pés à cabeça, como se uma corrente elétrica passasse por nossos corpos.

— Eu não sei se estou bem vestida, para sair e almoçar em um restaurante.

— Está linda, mas se você se sentir mais confortável, posso pedir comida.

— Eu prefiro, será melhor comermos aqui mesmo.

— Tem um restaurante italiano que gosto muito, você gosta de massas?

— Sim.

— Ótimo! — ele tinha o cardápio em um aplicativo em seu celular. Após fazer o pedido, e combinar a entrega para as 12 horas, tendo em vista que ainda era cedo, nos sentamos no sofá da sala. Eu não sabia sobre o que conversar, quando se está bêbada em bem mais fácil, tinha chegado a essa conclusão.

— Me fale um pouco sobre você. — achei bom que ele tomou a iniciativa, porque se dependesse de mim, ficaríamos como duas múmias mudas.

— Não tenho muito o que falar de mim, acho que suas histórias devem ser mais interessantes. — ele deu uma gargalhada, que me derreteu toda, e fez minha situação ficar pior.

— Todo mundo tem alguma coisa para contar, e tenho certeza de que você não é diferente. Me fale da sua família, tem irmãos?

— Sim, tenho dois. Um já é casado, o do meu ainda mora com nossos pais, e eu, sou a caçula.

— Está gostando da faculdade?

— Sim, muito, era meu sonho fazer, quando a oportunidade apareceu, agarrei com unhas e dentes. — ele sorriu, em seguida se levantou, foi até o bar, que ficava em um canto da sala. Pegou uma garrafa de Whisky, e colocou uma dose.

— Quer beber alguma coisa? — me ofereceu, eu não beberia, já tinha tido uma experiência que fora o suficiente, então neguei. — Um suco. — ele riu, como se adivinhasse o motivo do meu receio. — Pode ficar à vontade, sinta-se como se estivesse em casa, você está muito tensa. Não precisa ter medo de mim, não vou te fazer mal.

— Eu sei, não tenho medo de você. — meu problema é outro, é esse seu olhar, sua boca, sua presença, tudo em você, pensei. — Eu sou assim mesmo, não sou muito de falar. — voltou a sentar, só que agora, no mesmo sofá que eu, e fiquei dura, como pedra, com a coluna totalmente ereta.

— Por que escolheu fazer economia? — perguntou de repente, sentado de lado, com uma das pernas dobradas.

— Não sei bem explicar, mas desde pequena, eu era boa com cálculos, gostava de planejar as coisas. Por exemplo; quando eu queria comprar alguma coisa, eu criava uma meta. Meus pais me davam dinheiro para merenda da escola, então eu usava a metade, e a outra, guardava até ter a quantia suficiente para comprar aquilo que eu queria. Meus pais sempre falaram que eu era boa nisso, e conforme fui crescendo, essa ideia foi ficando mais evidente, e firme em minha cabeça. Ah, sei lá, acho que é isso. Eu gosto.

Barreiras de um coração (Spin-off de Uma nova Chance ao amor)Onde histórias criam vida. Descubra agora