Beyond Broken Hearts

0.6| a dor é aceitação

Novembro, 1995

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Flash cumpriu o que prometeu no dia que deu uma surra em Jonathan atrás daquele beco. Se transformou em seu diabo particular na escola.

Ele e seus amigos infernizaram Jonathan e Eric durante os dois dias que se seguiram. Enfiaram suas cabeças no sanitário; trancaram-os dentro do armário no intervalo das aulas fazendo-os ter que chegar atrasados; surpreenderam-os com ataque surpresa de balões de tinta na saída; reclamavam com o chefe dos dois sobre como eles eram péssimos atendentes e entre outras coisas.

Jonathan acabou contando para Eric sobre a surra (excluindo as partes em que Flash xingou-o), pois o seu nariz roxo com um curativo enorme não  deu para disfarçar. E parecia que todos da escola já sabiam o que tinha acontecido. Mas é claro, não fizeram nada.

Flash Thompson era o rei daquele lugar, ninguém queria enfrentar ele para defender dois esquisitos isolados cujo ninguém queria ser amigo. E isso deixava Jonathan irritado. Ele queria matar Flash. Pois em sua cabeça, Flash merecia morrer por ser tão arrogante e babaca.

Sadie também reparou no machucado em seu rosto, mas não disse nada. Eles conversaram bastante sobre os gostos um do outro, para começarem a fazer o trabalho de arte em que eram dupla. Perguntas como filme favorito, banda preferida e essas coisas. Jonathan nem anotou nada, decorou tudo na cabeça. Nunca esqueceria nada que Sadie dissesse.

Ela amava azul, e qualquer tom que estivesse relacionado a ele. Como: azul cobalto, azul celeste, azul escuro, azul turquesa, azul marinho...Gostava das bandas Pearl Jam, Radiohead e Oasis. Amava bolo de carne, pois era o que sua mãe gostava de fazer para as duas, antes de morrer.

Gostava do gênero de comédia, chorava com filmes de romance em que o casal não ficava junto no final; sonhava em ser uma cineasta e viajar por todos os lugares do mundo.

Ela explicou que gravava o máximo de vídeos possíveis para que quando se tornasse uma adulta formada em cinema, fizesse um filme sobre tudo que viveu na adolescência, e como eram as coisas no ensino médio.

Eric interferiu na conversa para perguntar se ele apareceria no filme (estava com a boca melecada de sorvete), Sadie revirou os lindos olhos e disse que era óbvio que sim, mas que seria representado por um ator. Tanto ele quanto Jonathan.

Eric então começou a listar o nome das atrizes que ele queria como seu par romântico, enquanto Jonathan ficou olhando para Sadie com paixão e admiração pela determinação que ela tinha. Ela era tão inteligente.

Mas agora ele estava na frente de uma prateleira de macarrão, vendo o preço do produto. Desde manhã estava com o pensamento de fazer um jantar para comemorar o dia de ação de graça.

Já que o almoço seria impossível por seu pai trabalhar o dia todo. Jonathan não sabia cozinhar, mas tentaria, nem que fosse só para sentir por um segundo a sensação que era de ter uma família.

Ele e o pai nunca jantaram juntos na mesma mesa, não conversavam sobre o dia um do outro, não aconselhavam um ao outro, nem ficavam no mesmo ambiente por muito tempo. Mas hoje podia ser diferente né? Talvez para as coisas mudarem, um deles precisasse tomar a iniciativa. E Jonathan estava disposto a fazer isso.

Ele pegou o pacote de macacão mais barato e jogou na cestinha que segurava, onde também continha leite, queijo e manteiga. Quando se virou encontrou a garota por quem estava apaixonado, parada a alguns metros de distância.

Sadie Hawthorne vestia calça jeans e blusa xadrez. Ela sorriu para Jonathan ao nota-lo, afastou uma mecha escura de cabelo do rosto e acenou. Jonathan ergueu a mão desajeitadamente para repetir o gesto. Seu coração acelerou e o seu estômago pareceu ter sido tomado por borboletas.