Beyond Broken Hearts

2.7| o garoto que odiava demais

Fevereiro, 1996

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Jonathan encheu o potinho de Rambo com ração, e sorriu com alegria ao ver seu cachorro balançar o rabinho para agradecer. Como seu pai não aparecia em casa antes das sete, decidiu deixar o cachorro dentro do seu quarto, para evitar que ele fugisse como da última vez.

Pegou uma arma dentro da gaveta de meias do seu pai e enfiou na mochila. Nunca era demais praticar. Desceu as escadas, comeu um pedaço de bolo e foi buscar Eric.

— E aí! — O garoto cumprimentou ao entrar no carro. — Eu quero sair logo daqui, vamos. — Disse amargamente.

Jonathan concordou e deu partida, notando o senhor Dawson observando-os da porta, com uma expressão irritada. Era evidente que os pais de ambos os garotos não gostavam das respectivas amizades de seus filhos.

— O que aconteceu? — Perguntou, fazendo uma curva numa rotatória.

— A mesma merda de sempre. — Ele se encolheu.— Meu pai bateu na minha mãe e descontou toda a sua frustração em mim. Eu estou cansado disso.

Sem saber o que deveria dizer, Jonathan apenas balançou a cabeça levemente, com a atenção focada na estrada. Eric então decidiu entrar em outro assunto.

— E a Sadie?

— Ela ainda não está pronta para voltar. — Engoliu em seco. Odiava pensar no que aconteceu com ela.

— Certo. — Eric apertou os lábios e encostou a cabeça na janela. Aquela situação que estavam vivendo, junto com tudo que já aconteceu, se tornou um fardo enorme que eles não sabiam mais como reagir. O que fizeram com Sadie ultrapassou todos os limites. Já não era mais uma implicância boba de adolescente, virou um crime, uma perseguição. E alguém precisava dar um fim nisso. O fim necessário.

Os dois saíram do carro e seguiram o fluxo de estudantes que andavam em direção a entrada da escola. A grama e as escadas ainda estavam cobertas de neve, o que tornava difícil caminhar rápido sem escorregar. As alunos se amontoavam para entrar.

O inverno era uma merda. Além da neve, não tinha mais nada de bom. Os dedos congelavam, era frio e ninguém tinha disposição para fazer nada.

Vendo que seria impossível conseguir entrar por aquele lado, eles decidiram dar meia volta e tentar pela porta do refeitório, que estava mais acessível.

Mas infelizmente, Flash e seus amigos também pensaram nisso. Eles estavam encostados num camaro azul, vestidos com sobretudo preto e rindo como hienas.

Jonathan e Eric respiraram fundo e continuaram caminhando, torcendo para que Flash não os notasse. Mas o diabo não quis assim.

— E ai, bichinhas! — Flash gritou, com uma excitação evidente na voz. — Vocês souberam da boa do final de semana?

Por favor, que ele não fale de Sadie. Jonathan apertou as mãos até sentir as unhas fincarem na carne. Porque não iria suportar escutar ele dizendo o que fez com ela.

-— A amiga de vocês estava "namorando" escondido um amigo meu. Agora ela oficialmente conseguiu pegar o time todo. — Ele começou a rir, e seus amigos o imitaram, rindo como se ele fosse um grande piadista.