2.0| os humilhados não foram exaltados

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Janeiro, 1996

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Sadie terminou de se vestir e saiu do seu quarto com a mochila nas costas, descendo as escadas saltitando entre um degrau e outro, como uma garota de cinco anos animada para ir logo ao passeio da escola. Chamou por Marie, mas quem encontrou na cozinha foi o marido dela.

— Ela saiu. — Ele estava sentado na mesa, tomando café. O cabelo cinza e ralo estava molhado e alguns pelos da barba apareciam no queixo pela falta de barbear.

— Onde ela foi? — Ela fingiu não estar incomodada com a ideia de estar sozinha com ele.

— No hospital. A Julie acordou com febre hoje, nós achamos que deve ser uma gripe. Ela sempre fica assim antes de ficar gripada.

Sadie concordou com a cabeça. Isso era verdade. Então reparou que Terry estava observando suas pernas de um jeito desconcertante, e tentou descer a saia preta de lantejoulas um pouco para baixo.

Ter vestido aquela maldita saia tinha sido uma péssima ideia. Se Terry, que era marido da sua tia estava olhando daquele jeito, imagina os meninos da escola? E ela nem era curta. A bainha acabava acima do joelho.

Colocou a mochila encima do balcão, respirou profundamente tentando ignorar os olhares de Terry e se virou para o fogão para preparar seu café da manhã.

— Você está bonita. — Ele disse com uma voz calma, de repente.

Sadie ignorou o elogio, encolheu os ombros e mexeu com força o bacon com ovos na frigideira. As suas mãos tremiam e seu coração batia forte.

— Essa saia te deixou com corpo de mulher. — Ele deu uma risada, como se aquilo fosse engraçado. — Ver você assim me faz lembrar de quando a sua tia tinha a sua idade.

Sadie abaixou disfarçadamente um pouco mais. Aquilo era coisa que se falasse para a sobrinha da sua mulher?

— Ela era igualzinha a você. A única diferença é que ela tinha os cabelos mais compridos. É até engraçado o quanto vocês se parecem.

A cadeira fez um rangido ao ser arrastada no chão. Ele vai ir embora. Já deve estar na hora dele ir. Por favor. Por favor. Ela queria relaxar, mas seu corpo ainda estava em alerta. Por que? Então sentiu a presença dele atrás de si e entendeu o motivo.

Se virou rapidamente, pronta para se defender, mas foi brutalmente jogada contra o fogão. A chama ligada fez um estalo e desligou. A panela com o café da manhã caiu no chão. Terry apertou as mãos entorno do braço de Sadie.

Ele pressionou o corpo contra o dela, empurrando o joelho para o meio de suas pernas. Sadie estava sem reação, não sabia o que fazer. Apenas sentiu o nariz se entupir e os olhos embaçar.

— Você tem o mesmo cheiro que a Marie tinha aos dezessete anos. Isso é incrível! — Ele se inclinou, colocando o nariz na curva do pescoço dela.

— Você é doente. — Ela deu-lhe um empurrão, mas ele parecia uma pedra de tão forte.

— Eu andei ouvindo muitas coisas ao seu respeito. — Ele estalou a língua. — Coisas que você faz escondida com os meninos da escola.

— É mentira...é tudo mentira. — Ela começou a chorar. — Por favor, me deixa em paz. — Agora ele havia tocado no seu ponto fraco.

— Eu não acho que seja mentira. Você vive saindo com garotos, usando essas roupinhas provocantes pela cidade... — Ele sorriu, deslizando uma das mãos pelas coxas dela.

Beyond Broken HeartsOnde histórias criam vida. Descubra agora