Março, 1996
°•·🌻·•°🌻°•·🌻·•°🌻°•·🌻°•·🌻°•·
— Nem acredito que finalmente chegou as provas finais. — Savannah dava pulinhos empolgados ao lado de Sadie. — Não vejo a hora de ir para a faculdade. Você está ansiosa também?
— Um pouco. — Sadie encolheu os ombros, abrindo um sorriso fraco. Era difícil mentir para ela. Se sentia culpada. Viu Eric se aproximando sozinho e estreitou os olhos. — Cadê o Jonathan?
— Ah... — Ele coçou a cabeça com uma das mãos, demonstrando que estava em dúvida se deveria falar ou não. Bufou, exasperado. — Ele não vai fazer a prova.
Antes que Sadie tivesse a chance de ficar irritada por ele estar quebrando o combinado que fizeram, a garota de cabelos amarelados começou a falar, completamente exaltada:
— Como assim? Ele surtou? São as provas finais! Eu vou ir falar com ele...
— Não, deixa que eu falo. — Sadie a interrompeu. — Podem ir, encontro vocês na sala em alguns minutos.
Eric concordou, colocando um braço entorno dos ombros de Savannah e fazendo-a segui-lo pelo corredor.
Jonathan estava no estacionamento, sentado encima do capô do seu Ford del rey, fumando e encarando a multidão de outros carros ao seu redor. Sadie se aproximou devagar, escondendo as mãos nos bolsos da calça jeans.
— O que houve? — Perguntou baixinho.
Ele soltou a fumaça lentamente e balançou a cabeça. Sadie respirou fundo. Sabia lidar com aquele jeito dele. Mordeu os lábios e continuou, tentando não parecer acusatória:
— Nós tínhamos combinado de fazer as provas e ir ao baile para não ficar tão estranho, lembra?
— Sim. — Ele murmurou. — Desculpe, mas vou quebrar o combinado quanto a prova.
— Por que? Aconteceu alguma coisa?
— Não, não quero falar sobre essa merda. — Ele jogou o cigarro fora e cobriu o rosto com uma das mãos.
E foi então que ela notou um pequeno corte com sangue seco no seu pescoço. Sentiu o coração se apertar e lágrimas brotarem nos olhos. O senhor Berry o tinha atacado novamente. O que teria sido dessa vez?
Abraçou a cintura dele, encostando a cabeça em suas costas. Ele acariciou a pele dela e encolheu os ombros, talvez por sentir dor, mas não querendo afasta-lá.
— Eu volto assim que terminar. — Ela sussurrou. — Espere por mim.
— Sempre. — Ele respondeu, abrindo um pequeno sorriso.
Sadie se inclinou e o beijou na bochecha. Faria a maldita prova por dois então.
↠✰↞✰↠✰↞
Tudo estava incrivelmente decorado em branco, amarelo e azul. Como o tema era a noite estrelada de Van Gogh, haviam cascatas de luzes brilhantes na entrada, vários quadros dele espalhados pelas paredes e bebidas coloridas não-alcoolicas para beber ao longo da noite.
Todos estavam admirados, agarrando seus pares para serem fotografados no arco cinza e brilhoso. Jonathan puxou Sadie gentilmente pela cintura, na direção do arco assim que um casal saiu.
— Sério? É mesmo necessário? — Ela perguntou, sorrindo.
— Temos que ter nossas recordações. — Ele piscou um olho. — E você está bonita demais para não posar.
Ela sentiu o rosto corar, e ajeitou a saia do vestido lilás que estava vestindo. Ele ia até a panturrilha e lhe dava um ar delicado junto com o saltinho que pegou emprestado de sua tia. Que por sinal, não pareceu tão animada com seu par como da última vez.
— Bem vindos alunos de sunnydale high school, abram seus melhores sorrisos!!!
Após a sessão, eles pegaram as polaroids e seguiram para dentro, pegando ponche colorido no caminho. Sadie observou Jonathan o tempo todo, gravando cada pequeno detalhe dele. Não queria perder nada.
— E ai, galera! — Ela ouviu a voz de Eric e se virou. Ele estava acompanhado por Savannah. David surgiu ao lado deles, tomando dois copos de ponche de uma vez. Seu terno já estava todo sujo.
— Vamos dançar, seus molengas. — Ele puxou os dois para a pista.
— Isso é novidade. — Sadie apontou para eles com o queixo. — Eu jurava que ela era afim de você.
— Eu o convenci a convida-la. — Ele sorriu.
— É uma pena, você sabe... — Sadie deu de ombros. — Os dois seriam um bom casal.
— Sim. — Jonathan sussurrou. — Mas chega de pensar nisso.
— Eu não consigo evitar...não é tão fácil para mim como é para vocês.
— Você sabe que pode desistir a qualquer momento, não sabe?
— Sim. — Ela revirou os olhos, entrelaçando os dedos com os dele. — Mas não vou. Já te disse.
Ele acariciou seu rosto, passando o polegar carinhosamente pelos seus lábios. Quando terminou o último refrão de material girl, ele puxou-a desajeitadamente para perto, pousando uma mão em sua cintura e a outra predendo a dela contra seu peito. Sadie ergueu o queixo para encara-lo.
— O que foi? As músicas lentas nem começaram ainda. — Riu.
— Mas irão começar agora.
— Como você sabe...?
Ela parou, ao ouvir os primeiros acordes do violão soarem. Piscou os olhos, surpresa, sem acreditar que ele se lembrou que aquela era sua música preferida. Foi a tanto tempo que disse.
Parecia ser um gesto tão simples, mas transmitia uma sensação tão importante, tão única.
Não soube o motivo, mas começou a chorar. Se adiantou para enxugar as lágrimas quentes que escorriam por suas bochechas. Jonathan beijou seus cabelos delicadamente, acariciando suas costas.
— Eu esperava que você fosse ficar feliz. — Ele sussurrou.
— E eu estou. — Ela mordeu os lábios para parar de chorar. — É que...eu não esperava.
— Oh, Sadie.... — Ele a apertou nos braços e ela fechou os olhos, ouvindo Wonderwall. Outros casais se aglomeraram na pista para dançar também. Jamais entenderiam o significado daquela música para ela agora.
— Eu te amo. — Disse, ficando na ponta dos pés para beija-lo.
↠✰↞✰↠✰↞
Aquele tinha sido um dia daqueles que você vive e sabe que nunca irá esquecer. Jonathan, Savannah, Eric, David e Sadie estavam sentados na areia da praia de Santa'Ana, em torno de una fogueira mal feita que tinham conseguido acender.
Tinham se divertido no caminho, cantando músicas de rock, bebendo cervejas e contando piadas. Jonathan observou o rosto de cada um deles:
Eric sorria tanto que suas bochechas pareciam ter vida própria. Savannah estava deitada na areia, com a cabeça apoiada no colo dele, olhando-o. Já David falava alto demais, contando algo sobre peidos de pinguins.
Respirou fundo o ar arenoso e salgado da praia, e percebeu que sim, sentiria saudade daquilo. Iria sentir saudade daquela sensação de felicidade, de se sentir parte de algo.
Ele desejou sentir aquilo para sempre. Sentir amor, paz, saudade, felicidade. Queria ficar ali para sempre, ao lado da garota que amava e dos melhores amigos que poderia ter. Mas também sabia que nunca poderia ser assim. Não com Flash e a galera dele viva.
Apertou os braços entorno de Sadie e fechou os olhos, sorrindo. Logo iriam partir para um lugar melhor. Seriam livres para serem eles mesmos, sem sentir medo ou qualquer sentimento ruim. Logo estaria tudo acabado.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Beyond Broken Hearts
Подростковая литератураEm meados dos anos 90, numa pequena cidadezinha do sul da Califórnia, um grupo de adolescentes alvos de bullying por seus colegas, decidem após um incidente planejar um massacre para por fim nas humilhações constantes que sofriam. Chocando os morado...