Sadie sentia o corpo inteiramente dolorido. Queria checar se tinha algo machucado, mas sua mente ainda estava processando o que tinha acontecido minutos antes.
Abriu os olhos e encarou o quarto vazio. O som baixinho da música lá embaixo fez seu cérebro voltar para o presente e lembrar de Connor. Onde ele estava? Será que tinham feito algo com ele? Seu coração se apertou no peito. Precisava encontra-lo.
Ela levantou do chão para se vestir e ficou horrorizada com a imagem que viu no reflexo do espelho do guarda-roupa. Seu rosto estava pálido e o seu corpo coberto por chupões. Tocou sua pele delicadamente, sentindo os olhos se encherem de lágrimas.
Aquela garota destruída que a olhava de volta, não se parecia em nada com a menina sorridente e feliz que entrou ali inocentemente para se divertir. Ela achou que eles seriam seus amigos. Um soluço estrangulado escapou de sua garganta.
Enxugou as bochechas molhadas e se cobriu com o que sobrou do seu vestido azul, ignorando os rasgados. Respirou fundo e desceu as escadas, sentindo seus pés ficarem frios por conta dos degraus.
A música estava alta na sala, tocava Elvis e os estudantes dançavam com copos de cerveja nas mãos. Se apoiou no corrimão e procurou por Connor. Mas não havia sinal dele em lugar nenhum.
— Ei. — Uma voz chamou logo atrás. Ela se virou e encontrou Megan encarando-a com curiosidade. — Você estava aonde?
— Eu... — Sadie pensou se deveria contar a verdade, se deveria falar que tinha sido estuprada pelo namorado dela bem embaixo de seu nariz. Mas desistiu ao lembrar dos barracos que ela fazia ao encontra-lo traindo-a na escola. Para Megan, a culpa nunca era de Flash, ela o amava demais e jamais acreditaria. —...estava no banheiro.
— E você viu os garotos? O Flash de preferência?
— Não. — Sadie mordeu os lábios com força, tentando impedir a vontade de gritar.
— Ah, que saco. — Megan bufou. — Eu só espero que ele não esteja transando com alguma vadia por aí. Nesse verão, eu o peguei aos beijos com uma puta do primeiro ano. A garota parecia ter uns doze anos de idade e eles estavam dentro do carro como se fossem um casal!
Sadie ouvia as palavras sem prestar nenhuma atenção. Só queria sair dali o mais rápido possível. Mas Megan não parecia querer acabar a conversa tão cedo.
— Eu fiquei com tanta raiva que amassei toda a lataria com um taco de beisebol. Mas depois ele me pediu desculpas e disse que me amava mais que tudo no mundo. Ela foi um desejo passageiro, quem ficará com ele para sempre será eu...
— Desculpa, Megan. — Sadie suspirou fundo, incapaz de continuar ouvindo tanta baboseira. — Mas eu tenho que ir.
Correu para fora antes que a garota protestasse. Esbarrou em um casal que se pegava escondidos no jardim e sentiu-se aliviada quando o ar gelado da noite atingiu seu rosto.
Se protegeu do vento, abraçando-se e caminhou de cabeça baixa sem rumo pela rua. Cada músculo do seu corpo implorava para que parasse, seus pés fraquejavam e sua pele pinicava.
Pensou nas diversas possibilidades que poderia ter feito para evitar que aquilo acontecesse. Mas daí teria que voltar alguns anos da sua vida, e não só algumas horas. Começando com o seu primeiro beijo, que foi com Peter atrás da escola na oitava série, talvez se não tivesse beijado-o os boatos não existiriam. Se tivesse sido inteligente e recusado o convite de subir para o quarto de Flash, o estupro não teria acontecido. Se não tivesse descido as escadas de sutiã, quando tinha treze anos, para mostrar a tia que os seios estavam crescendo de verdade, Terry jamais a olharia com outras intenções como olhava hoje.
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Beyond Broken Hearts
Teen FictionEm meados dos anos 90, numa pequena cidadezinha do sul da Califórnia, um grupo de adolescentes alvos de bullying por seus colegas, decidem após um incidente planejar um massacre para por fim nas humilhações constantes que sofriam. Chocando os morado...