Beyond Broken Hearts

3.2| despedidas

Abril, 1996

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Sadie terminou o banho, se vestiu com um velho conjunto de moletom e sentou-se na escrivaninha de estudos. Encarou por um longo tempo o papel em branco, decidindo se era uma boa ideia fazer o que estava pensando.

Queria que as pessoas que amasse entendessem o motivo que a levou a querer acabar com tudo, ou que pelo menos sentisse o quão doloroso foi viver cada momento. Pensou em Savannah, na sua tia, na sua sobrinha...e até em David. Queria explicar. Não queria que eles pensassem que foi da noite para o dia que a sede de vingança surgiu.

Pegou a caneta e respirou fundo. Então, começou a escrever numa caligrafia rápida e desajeitada. As imagens passando em sua mente como um filme lento e doloroso.

Contou sobre os boatos que começaram após iniciar o ensino médio, de como desconfiava que talvez seu primeiro beijo com Peter Wirth possa ter influenciado.

...mesmo que tenha sido Peter, todos são igualmente cúmplices e culpados também. Pois alimentaram aquelas falsas mentiras, passaram adiante, zombaram de mim e me deixaram humilhada e retraída durante esses três malditos anos.

Virou a folha e continuou escrevendo, forçando a caneta no papel. Agora era a vez de contar sobre Terry. Sabia que aquilo machucaria sua tia, mas precisava contar...não poderia morrer guardando o que aconteceu.

...eu sempre tive medo de contar o que Terry fazia comigo. Eu tinha medo que você não acreditasse ou que te fizesse sofrer. Só estou contando agora porque acho que você merece saber a verdade, merece saber que Terry é um homem perverso e mal. Eu juro que nunca dei qualquer confiança ou liberdade para que ele fizesse isso comigo. Eu detestava a ideia de ter que ficar sozinha com ele quando você saia, por isso quando você voltava eu estava na rua.

Ele já invadiu o banheiro quando eu estava no banho, mas fui mais rápida e o impedi de fazer qualquer coisa que ele estava pensando em fazer. Foi por isso que passei a banhar na hora do jantar, pois assim vocês todos estariam na cozinha e ele não teria nenhuma desculpa para ir ao segundo andar. Teve uma vez que ele me atacou na cozinha, você tinha  ido levar Julie no hospital por causa de um resfriado. Tia, foi horrível. Eu fiquei com tanto medo e vergonha, me questionando se eu era apermitindo. Pra mim não era possível que todos me tratassem daquela forma se eu não tivesse de alguma maneira permitindo. Tentei rever minhas ações e palavras, mas não via nada.

...na escola, a tortura era pior. Cada dia naquele lugar era um inferno. Vivíamos sendo amedrontados, humilhados e as vezes até machucados. E acredite tia, tinha professores que viam e nunca fizeram nada para impedir. O ensino médio é uma selva, onde os mais fortes tendem a atacar quem julgam ser mais fracos, mas diferente dos animais não é para sobreviver, e sim para alimentar seu ego e se sentir poderoso por ter controle sobre alguém. Alguém que nunca te fez nada.

Agora tinha chegado a hora de contar o estopim de tudo. Inspirou fundo para conter os dedos que começavam a tremer pelas lembranças daquela noite terrível.

Começou contando em como conheceu Connor; do primeiro dia que saíram juntos após ela ter fugido do jantar na casa dos Wirth após o ataque de Peter no corredor. Contou como se sentia em relação a ele, e quando decidiram namorar. Poupou a tia das partes confusas onde também gostava de Jonathan.

Então descreveu o baile dos namorados, o ataque, a sensação de quase morte...a raiva...a culpa.

...o motivo para eu ter decidido escrever esta carta, foi para você saber o real motivo que me levou a fazer o que fiz. Foi uma vingança por tudo que passamos, um acerto de contas pelo que eles fizeram comigo e com meus amigos. A única coisa que posso fazer é pedir desculpas. Eu te amo muito, e agradeço por ter cuidado de mim da melhor maneira que pôde, mas nunca me senti parte da sua família. Minha família se tornou Jonathan e Eric, e conscientemente queremos nos proteger de quem nos sempre fez mal. Espero que nunca esqueça de mim ou que tente me apagar da memoria de Julie, por favor.