3.0| você é tudo que eu precisava

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Março, 1996

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— Sigam em linha reta nessa direção. — O vice-diretor McCoy falava para os alunos do último ano. — Em silêncio e sem confusão, por favor.

Um fotografo magrelo observava os adolescentes se organizarem entre si, ignorando o vice-diretor. Eric, Sadie, Jonathan, Savannah e David correram para garantir um lugar no final da arquibancada. Estavam empolgados para as fotos de turma do anuário.

— Ok ok. — O fotografo ergueu uma mão, para acalmar o burburinho animado. — Fiquem quietinhos e abram um sorriso, beleza?

Todos gritaram um sim animado e abriram seus melhores sorrisos para a foto. Jonathan e Eric fizeram armas com os dedos enquanto sorriam,
Sadie e Savannah abraçaram David, para segundo ele, quando seus filhos vissem, ele diria que foi popular entre as garotas no ensino médio.

— Vocês não vão para a aula de inglês? — Savannah ergueu uma sobrancelha, observando os três seguirem para o lado oposto do corredor de salas de aula.

— Não. — Eric deu de ombros. — Ir fumar na arquibancada parece mais divertido.

— Uau! Eric Dawson, o que houve com você? — Ela riu. — Na verdade, vocês três estão esquisitos ultimamente. Só ficam de cochichos, parece que estão guardando algum segredo.

— É só impressão, Savannah. — Sadie sorriu. — Quer vir junto?

— Oh, não. As provas finais estão chegando e o professor disse que vai aplicar um teste surpresa ainda esse mês. Pode ser hoje, por sinal. Prefiro não arriscar. Então...até mais galera.

— Tchau. — Os três acenaram e seguiram em direção a arquibancada do campo de futebol.

Sadie acendeu um cigarro e tragou, enquanto observava alguns pombos pousarem no gramado. Jonathan se inclinou e deixou um delicado beijo
no ombro dela. Ela abriu um grande sorriso, e os dois ficaram se olhando apaixonadamente.

— Será que vocês poderiam parar? É constrangedor, sabia? — Eric resmungou.

— Você só esta com inveja. — Sadie alfinetou.

— Eu preferia beijar um cachorro a ter que beijar você.

— Mentiroso.

— Vocês pensaram em algo para falar para Savannah e David quando o dia chegar? — A voz calma de Jonathan os interrompeu.

Sadie apertou a mandíbula. As vezes se sentia desconfortável com o jeito natural que ele falava sobre aquilo.

— Podemos droga-los. Eles acordariam só no outro dia, quando tudo acabar. — Eric sugeriu.

— Não... — Sadie fez uma careta. — Nós podemos pedir para que eles nos encontrem na pedreira na hora do intervalo, só que não estaremos lá e sim aqui. Sendo assim, vamos ter tempo para o massacre, sem preocupações.

— Boa ideia. — Os olhos de Jonathan brilharam.

— Mas e se eles decidirem voltar assim que perceberem que não estamos lá? — Eric retrucou.

— É só reforçarmos no telefonema que se não estivermos lá quando chegarem, devem esperar pois vamos comprar cerveja e cigarros...Eles vão esperar!

— Assim espero. — Jonathan tragou o cigarro e deu de ombros. — Porque se voltarem, não vou poder protege-los de qualquer coisa que possa dar errado.

Eric e Sadie se entreolharam rapidamente, ambos imaginando o que aquelas palavras significavam.

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Sadie e Jonathan estavam no quarto, ela deitada na cama balançando a cabeça no ritmo de alguma música que escutava nos fones do seu discman, e ele sentado ao lado, fazendo um esboço do rosto dela no seu caderno de desenhos.

Ultimamente era assim que eles passavam as tardes depois da escola. Eric estava preferindo ficar com a família, o que Jonathan achava até justo e invejava. Era o que faria se tivesse uma. Olhou para Sadie e sorriu. Bom, ela e Eric eram a sua família agora.

Ele colocou o caderno na escrivania e se deitou ao lado dela, tateando as mãos até encontrar as mãos dela, então entrelaçou seus dedos. Sadie se virou e tirou o fone do discman do ouvido, deixando-o no pescoço, e o olhou curiosa.

— O que foi?

— Só estava pensando em quem considero minha família. — Disse. — Porra, você e o Eric são as pessoas mais importantes que tenho.

— Te garanto que sentimos o mesmo. — Ela se ajeitou na cama, até ficar numa posição em que pudesse apoiar a cabeça no ombro dele, sem ter que soltar sua mão.

— Me sinto completo agora. — Ele respirou fundo, fechando os olhos. — Antes eu ficava imaginando como você reagiria quando soubesse o que Eric e eu iriamos fazer....meu medo era você me odiar. Esses pensamentos me fizeram hesitar e adiar o plano cada vez mais.

— Eu nunca odiaria você. — Ela sussurrou. — Eu só não sei...não sei como iria reagir ao perceber que não teria mais vocês aqui comigo.

Um silêncio de alguns segundos se instalou, e Sadie decidiu perguntar algo que passou por sua mente nas últimas noites após saber do plano:

— Você teria mudado de ideia? Digo, se eu tivesse correspondido seus sentimentos desde o começo?

— Sadie...eu não sei. — Ele murmurou. — Talvez sim, talvez não. Quem sabe? Mas não se culpe por achar que virei um maluco em busca de vingança por você não me querer. Não foi. Eu penso dessa forma descompensada a anos, o bullying sempre fez parte da minha vida e isso me fez alimentar uma raiva imensa que já não consigo suportar.

Ela o abraçou, apertando os braços entorno de seu corpo e começou a chorar baixinho.

— Sadie, você não está se sentindo pressionada a fazer isso não é? Sabe, tanto você como o Eric tem uma escolha. Não precisam embarcar nesse plano louco por mim, eu ficaria mais do que honrado em vingar tudo que fizeram com vocês e comigo. — Acariciou as costas dela com a mão livre. — Eu não quero que se arrependam de nada.

— Não. — Ela mordeu os lábios para se controlar. — Eu só estava pensando....pensando no quanto eu odeio essas pessoas por fazerem tanto mal. E em como eu quero proteger vocês. Vocês agora são a minha família. — Deu ênfase na palavra e ele abriu um pequeno sorriso. O sorriso mais triste e lindo do mundo.

— Eu te amo.

— Então entenda de uma vez por todas que eu quero fazer isso. Eu fiz essa escolha! Não importa se não sairemos vivos no final, porque estaremos juntos.

Ele engoliu em seco e concordou com a cabeça. Ela sorriu e capturou a boca dele, beijando-o delicadamente.

Beyond Broken HeartsOnde histórias criam vida. Descubra agora