Capítulo 28.

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— Sr. Santoro, eu sinto muito... — Os batimentos cardíacos de Gael aumentam a frequência e de repente ele sente sua bile parar na garganta. — Mas as notícias não são muito boas... — Por um momento, ele sente um alívio enorme. Pois pensava que o pior tivesse acontecido. Só então consegue forças para se levantar e questionar:

— O que aconteceu? Como minha esposa está?

— A bala está alojada no corpo como era de se esperar e por sorte não atingiu nenhum ponto vital. Mas ainda sim, precisamos fazer uma cirurgia para a remoção do projétil e venho aqui para saber se temos sua autorização e se tivermos, assine aqui. — Estendeu-lhe uma prancheta e uma caneta, Gael não pensou duas vezes e logo assinou. Assim o médico lhe deu as costas e voltou de onde veio anteriormente.

As horas passaram-se muito devagar e apesar do ferimento não apresentar complicações, a cirurgia em si era bem complicada, já que o médico não queria acometer nenhum dos órgãos de Donna.

No corredor, Gael esperava ansiosamente por notícias de sua consorte. Então seu telefone vibra em seu bolso e ele o retira, vendo que Giovanni estava ligando para o mesmo.

— Como ela está? — A voz de seu irmão soa e Gael suspira.

— O médico disse que a bala não perfurou nenhum local que pudesse trazer riscos para a vida dela, mas segue dentro de seu corpo e agora ela está passando por uma cirurgia para remoção e pelo que parece, é bem complicada. Giovanni, se Donna chegar a...

— Não seja negativo, o pior não aconteceu e Donna vai melhorar! Adoraria estar aí para acompanhá-lo, mas estou de olho em Danna e o pequeno Luca. Bom... Entre em contato se precisar e até mais... — Assim os dois se despedem e Gael continua a aguardar.

Dentro de um par de horas, as portas a sua frente finalmente são abertas e o médico dessa vez vem mais disposto e com um leve sorriso estampado em seu rosto. Então diz:

— Senhor, a cirurgia foi um sucesso e estamos levando a Sra. Santoro para um quarto e se desejar, poderá acompanhá-la. — Gael levanta-se sorridente, acompanhando o doutor para onde haviam levado sua mulher.

Até que por fim, ele consegue vê-la. Sua aparência estava diferente, Donna estava mais pálida e seus lábios que antes rosados, haviam ganhado um tom esbranquiçado.

O juiz aproxima-se e cautelosamente lhe deixa um beijo na testa. E Dr. Bianco, ao se dar conta de que estava sobrando, decide deixá-los a sós e se retira do quarto. Gael, ao perceber que agora estava sozinho com sua amada, diz baixinho para ela:

— Amore mio, por um momento pensei que fosse me deixar. E que bom que está bem, porque se tivesse me deixado, não sei o que seria de mim. — Sorriu ao ver que havia conseguido falar tudo o que sentia e pensava pela primeira vez, mesmo que Donna não tivesse ouvido. — Sabe, prometo que tudo será diferente. Pois com tudo o que aconteceu, acabei por refletir e percebi que a vida é frágil e que estamos sujeitos a perder aqueles que amamos a qualquer momento. Então vou ser um bom marido, vou cuidar de você e nosso filho. Ti amo... — Beija-a nos lábios.

ENQUANTO ISSO...

Giovanni passou tanto tempo observando Danna e Luca ao passo que os mesmos estavam dormindo, que também acabou por adormecer.
Mas há um momento em que a nova Sra. Santoro desperta e sai do quarto, caminhando sem rumo pelo grande e silencioso corredor.

BIP, BIP, BIP...
Os sons vinham de um dos quartos, cuja a porta estava fechada. Mas quando Danna girou a maçaneta, percebeu que não estava trancada e adentrou o espaço.

À primeira vista, parecia apenas mais um quarto vago. Porém, observou bem o cômodo e viu que cortinas brancas escondiam algo e que o sons vinha da mesma direção que olhava.

De repente, ela começou a dar alguns passos e sentiu que o chão se abriria a baixo de si a qualquer instante. Pareciam que pesos estavam amarrados às suas pernas e uma amostra do que poderia ser, já se passara em seus pensamentos. E ao puxar a cortina, obteve a comprovação do que pensara antes e mesmo assim, não acreditou.

Mais a frente estava...

— Giulia... — Tal nome saiu como brasas em sua garganta. Ela pensou durante todos esses anos que sua amiga de infância não havia sobrevivido.

Um sorriso de alívio surgiu em seu rosto fragilizado e ela tornou a falar:

— Giulia, você está viva... — Como se a voz de Danna fosse uma corda a qual ela precisava se agarrar para se salvar, Giulia abre os olhos e suas pupilas moveram-se procurando por quem havia falado com a mesma. — Oh, Dio mio! Está acordada... — Aproximou-se mais e quando os olhos da garota recaíram sobre ela, esforçou-se para falar algo.
Mas como havia passado tanto tempo em estado vegetativo, acabou por perder o controle de suas cordas vocais.

— Não imagina quantos anos da minha vida, passei me perguntando se você estava bem. Tantas coisas aconteceram depois daquele dia... — Limpa as lágrimas e com um sorriso, diz: — Mas o que importa é que você está aqui... E não perdi minha melhor amiga... — Diante das palavras emotivas de Danna, Giulia esforça-se para sorrir. O que faz com que o choro da amiga se intensifique ainda mais.

— D-Danna... — Diz com muito esforço.

— Não se esforce tanto, por favor... Apenas escute: — Toma fôlego e fala: — Depois daquela noite, minha irmã me levou para um orfanato e seguiu sozinha para outro país. Giulia, aquilo foi um acidente e provavelmente você não se lembra muito bem, mas quero que saiba que não fiz nada. Então não quero que pense que eu a machuquei de alguma forma. — Por mais que fosse bem nova na época, Giulia sabia que Danna não era a responsável por seu desfortúnio. Porém, não poderia dizer isso e livrar a amiga de qualquer sentimento ruim que estivesse sentindo.

Mesmo que ela quisesse e desejasse, absolutamente nada saía. Mas então a porta é aberta violentamente e um Giovanni muito zangado adentra o espaço, deixando Danna em alerta.

Ele vacilou um pouco ao perceber a cena adiante, seus olhos fixaram-se no rosto incrédulo e horrorizado de Danna e então caminhou até a mesma, tomando-a pelo pulso e sacudindo-a com certa força. Ao ver a situação a sua frente, Giulia tira forças de onde não tem e grita:

— Pare Gael!!!

Giovanni só podia ter ouvido coisas, era isso que ele pensava nesse momento. E seus lábios sibilaram baixinho:

— Giulia...

O Juiz Mafioso (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora