Capítulo 23.

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NARRADOR

Quando Gael e Aguilar adentraram o restaurante, já exaustos de tanto conferir cargas e encomendar armamentos novos. Ambos sentaram-se numa das mesas que ficava em um ponto mais discreto do estabelecimento.

Concentraram-se em escolher o que iriam comer, até que uma movimentação na entrada chama a atenção de Gael, que olha involuntariamente na mesma direção. Surpresa se vê em seu rosto, a mulher que procurou por quase um ano de repente estava bem ali.

Donna empurrava o carrinho onde o pequeno Luca dormia tranquilamente, enquanto era acompanhada por dois seguranças. Aguilar, percebendo a reação de Gael, olha para o mesmo local e ao ver que ele estava a ponto de levantar-se, segurou em seu pulso e lhe disse:

- Sr. Santoro, não faça nada do que possa se arrepender! - Sua voz transmite preocupação e Gael o responde:

- Minha esposa e meu filho estão bem ali. Simplesmente posso levar-lhes daqui. - Diz em um rosnado.

- Senhor, se fizeres algo impensado, o sequestrador pode voltar a levá-los e isso é tudo o que nós não precisamos. Por favor, não faça nada! - Gael suspira pesadamente, sentindo-se frustrado e impotente. Para ele, poderia somente se levantar e ir até onde sua família se encontrava. Mas no final, Aguilar realmente está certo.

Assim ele se pôs a observá-la durante todo o tempo, ele notou que seu cabelo estava mais liso e maior, seu corpo mais cheio de curvas exuberantes do que antes. Ela simplesmente ficou mais bela.

Então ele sentiu ciúmes ao imaginar que o tal sequestrador poderia tê-la tocado intimamente. Logo seus punhos e dentes cerraram-se e uma expressão ameaçadora surgiu em seu rosto. Então ele disse para Aguilar:

- Preciso falar com ela e ver meu filho, ou filha!

Quando Donna sentiu-se satisfeita, chamou o garçom e pediu-lhe a conta. Inconscientemente seus olhos percorreram todo o local e arregalaram-se ao ver quem a observava. Ela engoliu seco e quando pensou em falar algo, Gael balançou levemente a cabeça em negação.

Logo Donna entendeu a situação e olhou para os homens de González, que pareciam não perceber o que acontecia ao seu redor. Gael gesticulou para ela e apontou para um certo ponto, lá ficavam os banheiros e então ele levantou-se e seguiu para lá. A mesma esperou por alguns segundos e disse para os seguranças:

- Acho que Luca fez caquinha, irei trocar sua fralda. - Eles assentiram e continuaram com suas refeições. Donna levantou-se e caminhou rumo ao local combinado, ela adentrou o banheiro feminino com Luca e fechou a porta atrás de si. - Gael? - Sua voz saiu esganiçada e tremida, pelo nervosismo que sentia.

No mesmo instante, uma das portas das cabines se abriu e de lá saiu um Gael desesperado. Ele não pensou duas vezes e segurou-a, puxando-a para si e lhe envolvendo em um abraço caloroso.

- Você está bem? - Ele lhe perguntou, enquanto ainda estavam abraçados. - Donna, achei que não fosse voltar a vê-la. Não tens ideia do que passei para poder achá-la. Onde está meu filho? Preciso vê-lo... - Diz apressadamente e Donna lhe entrega o pequeno pacotinho, que no instante é admirado por seu pai, que diz: - Vou levar-lhes comigo. Seremos uma família e estaremos unidos para sempre.

- Gael, não posso... Não posso ir com você... - Suas palavras lhe deixam surpreso, tanto que ele toma alguns passos para trás e a olha incrédulo, como se não acreditasse no que a mesma acabara de falar.

- O que quer dizer com: "não posso ir com você"? Está apaixonada pelo sujeito que a sequestrou? Como ele se chama? - Donna franze o cenho e balança a cabeça negativamente para responder a sua segunda pergunta e então diz:

- Seu nome é Dominic González, ele é capo da Camorra. - Gael franze o cenho e ela continua: - E não posso seguir com você, pois o mesmo disse que se eu ousar voltar contigo, ele irá matar nosso filho. - Com isso, um sentimento de ódio cresce no interior de Gael e ele fala rispidamente:

- Para isso, ele terá que passar por cima de mim e toda a Cosa Nostra. Escute com bastante atenção: por enquanto agirá normalmente e nos encontraremos aqui nesta mesma hora, no dia certo a levarei daqui e matarei o desgraçado como merece. Agora vá, para não levantar suspeitas. - Os dois despedem-se com um beijo e Gael encosta seus lábios na pequena testa de Luca, então o entrega para sua mãe e a mesma se vai do banheiro deixando um vazio para trás, que é sentido por Gael.

HORAS MAIS TARDE...

Gael observa tranquilamente o céu estrelado e as luzes da cidade em Madri. Sentindo-se contente por finalmente ter encontrado sua amada. Planejando como a levaria de volta para a Itália.

Ele sabia que precisaria eliminar o González, ou poderia causar uma guerra sangrenta entre duas máfias poderosas. Logo pegou o telefone em um de seus bolsos e ligou para Giovanni, que depois de alguns breves segundos, atendeu a chamada.

- Giovanni, tenho algo a falar. - Sua voz é fria como em todas as ocasiões em que eles estão conversando. - Encontrei Donna.

- Não posso acreditar, finalmente a primeira Sra. Santoro voltará para tomar seu lugar. - Comenta Giovanni, fazendo Gael franzir o cenho e questionar:

- Como assim: "a primeira Sra. Santoro"?

- Quando voltar, você saberá! Mas e então, quando irão retornar para casa? - Pergunta e Gael suspira em frustração.

- Até o momento ainda não sei, vamos finalizar os trabalhos por aqui. Porém, isso não é de longe um empecilho para que nós possamos voltar para a Itália. Giovanni, o sequestrador de Donna é Dominic González, o capo da Camorra. - O telefone fica mudo por alguns instantes, até Giovanni diz:

- Gael, sabes o que fazer e sabe das consequências, caso tome decisões precipitadas. Nosso pai o escolheu primeiro para ser il capo por uma razão... - Faz uma pequena pausa e continua: - Você conhece quais as decisões certas e tem vocação para ser líder, então não vou dar ordens ou instruções. Deixarei isso em suas mãos, você melhor do que ninguém sabe o que deve fazer em relação a sua esposa e seu filho (e por falar nele), realmente é um ragazzo? - Gael sorri ao lembrar do rostinho de seu filho e diz com certo orgulho:

- Sim, é um garotão e se chama Luca! Tens que ver como é bonitão, puxou a mãe dele. - Os dois irmãos riem e Giovanni diz com humor:

- Pobre do pequeno Luca se puxasse a feiúra do pai. - Gael pigarreia e em meio à gargalhadas, fala:

- Não esqueça que somos gêmeos idênticos. - Giovanni cessa suas risadas e xinga Gael, que continua rindo da situação. Até que se recompõe e diz: - Bom, tenho que ir. Depois conversamos mais! - Assim eles se despedem e encerram a ligação.

Gael segue para sua cama e se põe a pensar em sua família. Em específico: sua esposa. A imagem de Donna aparece em seus pensamentos, suas curvas e cenas quentes que viveram. Logo seu membro ganhou vida própria e ele sentiu-se frustrado por não ter a mulher de seus pensamentos ao seu lado.

ENQUANTO ISSO...

Giovanni assina um último documento e escora-se na poltrona, então ouve alguém bater na porta e em seguida consegue visualizar a imagem de Danna, a mulher que em poucos dias será sua esposa. - Só não está sabendo ainda! - Pensou ele.

- Estou aqui, por que quer me ver? - Pergunta a mesma com indiferença, entre eles nada havia mudado nesses dez meses que se passaram.

- Quero comunicar-lhe que daqui um mês você será minha esposa.


@vivi.autora

O Juiz Mafioso (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora