Capítulo 212

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- Coloca, você tá em São Paulo, esqueceu? Você volta para São Paulo e eu dou fim do seu trambolho.

- Você não vai parar de jogar esse negócio, não? Caio, ano que vem você faz 30 anos e continua jogando jogo de criança?

- A senhora tocou no ponto fraco dele - eu falei rindo

- Não é jogo de criança!!! - ele estava ofendidíssimo - É jogo de adulto e não vou parar nunca de jogar.

- Eu já até me conformei! - eu disse

- É legal jogar!

- Só você, o Rui, o Tonho e o Biel que acham isso!

Após comermos, nós ainda ficamos conversando durante um bom tempo, todos estávamos com saudades uns dos outros. Em um determinado momento, eu os deixei na mesa e fui falar com o meu irmão, mas não demorei. Eu queria aproveitar que o Caio estava lá comigo. Eu estava doido para ir para casa e ficar agarradinho com ele na cama, há muito tempo que não fazíamos isso. Após falar com meu irmão, nós nos despedimos da nossa mãe e fomos para casa.

Eu cheguei em casa querendo abraçá-lo e beijá-lo, mas ele me jogou um balde de gelo na cabeça. Ele tomou banho e foi estudar porque no dia seguinte ele teria que realizar um procedimento complicado. Eu fiquei na cama olhando ele estudar. Juro que se já existisse, na época, a música Triste com Tesão da Pabllo, seria meu hino durante aqueles anos. Eu cantaria e ainda dançaria a coreografia, porque era exatamente o que ele fazia comigo.

- Por que você veio para casa? - eu perguntei

- Para ver você!

- Você tá vendo alguma foto minha aí?

- Não entendi! - ele falava sem nem olhar para mim

- Você veio me ver, mas tá olhando o computador.

- Eu preciso estudar, amor.

- Aí, a gente volta a primeira pergunta: por que você veio para casa?

- Eu vim ver você, mas também preciso estudar.

Como outras vezes, eu desisti de fazê-lo me ver e tratei de dormir. No dia seguinte, nós acordamos muito cedo para ele poder pegar o avião e chegar a tempo no hospital.

- Eu amo você! - ele disse me abraçando antes de entrar na sala de embarque

- Eu também amo você!

- Nos falamos mais tarde.

- É, né?!

A gente já tinha tantas vezes estado naquele mesmo lugar nos últimos anos que já era algo comum. Logo no início eu sofria demais todas as vezes que ele tinha que voltar para São Paulo, mas a gente sempre se adapta a tudo, né? Adapta até chegar no nosso limite. Ele tentou fazer com que eu me mudasse para São Paulo com ele, mas não tinha como eu largar meu doutorado e nem meu consultório. Eu já tinha pacientes fixos no RJ e não estava disposto a recomeçar em São Paulo onde eu não tinha nenhuma rede de contato, não conhecia ninguém e seria muito difícil eu abrir um consultório lá, ainda mais sendo um consultório temporário, já que o Caio voltaria para o RJ assim que a residência terminasse.

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Naqueles anos, eu sempre comia no restaurante da família ou no restaurante do Pietro. No primeiro ano que ele se mudou para São Paulo, eu comia em casa direitinho, fazia todas as minhas refeições em casa. No entanto, a minha disciplina e determinação em seguir essa rotina foi quebrada pela vontade de estar com outras pessoas. Eu fazia algumas refeições em casa, eu me esforçava para fazer mercado, mas na grande maioria das vezes eu comia em qualquer lugar. Mesmo sendo nutricionista e sabendo diferenciar um alimento de qualidade e outro de péssima qualidade, eu acabava consumindo muitos produtos industrializados. Primeiro, porque eles não estragavam rápido dentro da geladeira. Segundo, eu não tinha vontade de cozinhar só para mim. Terceiro, eu tinha uma vida muito turbulenta e esgotante, não tinha como eu chegar em casa, cozinhar, limpar, lavar louça, guardar, etc...

Amor que nunca acabará - PARTE 2Onde histórias criam vida. Descubra agora