Capítulo 232

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- Você quer sair para jantar? - ele perguntou quando me viu levantar para ir ao banheiro.

- Acho que a gente não tá no clima para isso.

Eu fui ao banheiro, fiz xixi, lavei as mãos, o rosto e voltei para a cama.

- Se a gente não fizer algo, nós nunca vamos melhorar o clima. Podemos chamar o Bibete, se você não quiser jantar comigo.

- Não! Eu prefiro pedir comida aqui em casa. Não tô afim de fingir para ninguém que está tudo bem entre nós. Tô muito menos a fim de contar o que está acontecendo de fato.

- A gente pede comida, então. Eu vou lá pedir.

- Ok!

Ele me roubou um beijo, se levantou da cama e saiu do quarto. Como eu já não estava sentindo nenhuma dor, eu fiquei lá deitado dando voltas e voltas na minha mente pensando em tudo o que estava acontecendo. Acho que eu nunca tive uma conversa tão difícil quanto aquela que eu estava tendo com ele. Eu ficava muito dividido, pois apesar dele ter mudado, ele ainda era o homem que eu amava. Ao mesmo tempo que eu queria acabar com tudo, eu queria abraçá-lo e esquecer tudo isso. Outra coisa que atormentava a minha mente é que nós estávamos há muitos anos juntos e ele nunca fez aquilo. Era a primeira vez que ele agia daquela maneira, ele já tinha deixado as coisas na minha costa, mas eram coisinhas do dia a dia. Naquela proporção toda, foi a primeira vez. O que me atormentava é que eu ficava pensando: será que ele não merece um pouco de crédito? Ele nunca fez algo assim, eu poderia falar com um pouco mais de carinho, pois eu sabia que a maneira como eu estava falando, com toda certeza, estava acabando com ele. Eu realmente queria machucá-lo para eu me sentir bem? Não seria muita crueldade minha? Em quase dez anos de casamento eu nunca falei com ele daquela maneira tão agressiva. Saber que eu estava machucando o cara que eu amava também me machucava. Aí, entravam outros pensamentos na minha cabeça para bagunçar tudo: eu já tinha tentado conversar várias vezes, ele não queria me ouvir, eu estava com muita raiva e isso fazia eu ver tudo de um jeito muito esquisito.

- Pronto, já pedi. Eu pedi pizza.

- Tudo bem.

Como a pizza demoraria, ele voltou a se deitar na cama.

- Você me desculpa? Não é um pedido vazio, eu vou mudar as coisas. - ele deitou de lado para poder me olhar enquanto falava

- Deixa as coisas acontecerem, Caio. Eu encontro um lugar para mim, eu descanso um pouco, organizo minha vida e aí depois a gente volta a conversar.

- Eu não quero ficar nesse clima com você. - ele segurou minha mão que estava sobre a minha barriga - Nunca gostei de ficar brigado com você, amor, não será agora que eu vou gostar. Você é tão importante para mim que eu não sei ficar assim com você... Não quero deixar as coisas acontecerem, se eu fizer isso, nós vamos nos distanciar.

- Esse clima vem se construindo há muito tempo, não tem como ele ir embora de uma hora para outra e nós já estamos distantes. Há muitas coisas entre nós que precisam ser redefinidas antes desse clima ir embora.

- Eu sei, mas eu queria que você abrisse um pouquinho a armadura de defesa pra gente poder redefinir tudo o que precisa ser redefinido. Eu tô aqui com e para você, amor.

- Quais seus horários? Quando você volta para São Paulo?

- De manhã eu ainda estou aqui, não sei se o Lucas conseguirá me substituir no hospital por mais dias. Ele já vem me substituindo nesses dias que eu tô aqui. Eu vou falar com algum outro colega, caso ele não possa. Mas, se ninguém puder me substituir, aí eu terei que voltar para lá. Eu não quero voltar, eu quero ficar aqui com você pra gente resolver tudo.

Amor que nunca acabará - PARTE 2Onde histórias criam vida. Descubra agora