Em todos os dias que estivemos na Martinica, nós não ficamos um único dia sem transar pelo menos umas três vezes ao dia. A Martinica deixou saudade antes mesmo de nós sairmos dela! Essa viagem foi uma das melhores viagens que já fizemos na vida e eu me arrependi muito por ter implicado com ela, mas é o que eu disse ao Caio, eu não estava acostumado a fazer esse tipo de viagem e nem entendia como funcionava. Foi linda! Foi safada! Foi gostosa e inesquecível!
Como ele mesmo nos lembrou, era a comemoração do nosso primeiro ano de casamento e foi só durante a viagem que eu entendi a importância dela para ele, para nós. Foi por isso que ele fez tanta questão de estarmos a sós, a gente precisava estar distante de tudo e de todos para nos concentrarmos somente em nós dois. A viagem foi gostosa, foi safada, teve muito sexo, mas teve também muito amor, muito diálogo e a confirmação de que nosso casamento foi a melhor coisa que fizemos em nossas vidas. Naquela época não era comum ver dois caras de 22 anos casados e levando uma vida de forma madura, pelo menos eu não conheci nenhum outro casal como nós. Não era fácil estar casado, a maior parte do tempo nós estávamos bem, mas quando os conflitos surgiam, eles tiravam um pouco da nossa tranquilidade. Estar casado é uma verdadeira dança de equilíbrio, a gente vai equilibrando os desejos, as expectativas, os sonhos, as opiniões, as vidas... vamos equilibrando para que não nos sintamos engessados e presos.
Eu acredito que Caio e eu tivemos muita sorte por conseguirmos encontrar esse equilíbrio, tivemos muita sorte por ter uma mãe incrível que sempre tentava nos mostrar o melhor caminho. Tínhamos sorte por poder pagar terapia e conseguir resolver nossos conflitos internos com um profissional, isso nos impedia de projetar esses conflitos sobre o outro e isso fazia diminuir nossos conflitos enquanto casal. Nós dois estávamos bem conosco mesmos, nós sabíamos quem éramos e o que queríamos para as nossas vidas, estar casado não nos limitava e nem nos impedia de viver. Estar casado nos dava forças para continuar correndo atrás dos nossos sonhos, pois sempre estávamos um apoiando o outro. Eu estava casado com o meu primeiro melhor amigo e isso fazia dele meu mais que melhor amigo, superando até o Rui. Além de meu primeiro amigo, ele era também meu primeiro amor. Como eu sempre disse, Caio é de uma luz que ilumina tudo por onde ele passa e estar ao lado dele, não apagava a minha própria luz. Com ele eu sempre me senti acolhido, sempre senti que tudo o que eu falava, fazia e pensava tinha, de alguma maneira, importância para ele. Ele valorizava estar comigo, valorizava estar casado e viver comigo. Quando eu falo assim, às vezes vocês podem pensar que nosso relacionamento estava completamente nas costas dele, mas não é isso. Eu recebia tudo o que o Caio me dava porque eu também dava tudo a ele. Eu não falo de forma tão direta porque eu acho que é bem mais complicado a gente falar o tempo todo da gente mesmo, né?! Nosso casamento não funcionava em uma via de mão única, nenhum casamento resiste quando somente uma pessoa se doa. O casamento só dá certo quando os dois estão entregues, comprometidos e abertos a tudo o que o casamento nos oferta. Eu não me arrependia um segundo sequer de ter casado de um jeito tão doido, não me arrependia porque eu casei com o homem certo, com o amor da minha vida, com o homem que fazia meus dias felizes.
Eu amava o Caio de um jeito que nenhum outro homem conseguiria me fazer amar novamente. O que eu dava para ele era somente para ele e será somente para ele. Durante a viagem, ele me perguntou sobre o Edu, e eu fiquei pensando: o que eu tive com o Edu não se aproximava nem de longe com o que eu tinha com o Caio. Edu era um cara especial para mim, já falei isso mil vezes aqui. No entanto, nosso relacionamento sempre foi muito raso, não sei se era por falta de experiência minha, visto que foi com ele que eu descobri tudo sobre a sexualidade de um homem gay; acredito que eu nunca amei o Edu. Eu gostava muito dele, ele era um cara incrível que me apoiou durante um tempo, mas acho que era só isso... Por inexperiência e falta de carinho, eu acreditei firmemente que eu o amava por um bom tempo, mas não era nada além de uma ilusão baseada nas minhas fragilidades e medos. Naquela época, eu ainda estava muito machucado com tudo o que aconteceu na minha vida antes de chegar no Rio, então, eu acredito que o Edu foi onde eu consegui me segurar. Foi ele quem me puxou para cima e me mostrou que era possível viver e ser feliz. Muitos não entendem o porquê de eu ter perdoado o que ele fez, eu o perdoei porque se não fosse ele, eu não seria quem sou. Edu tem uma importância gigante na minha vida. Se eu era um cara seguro com o Caio, se eu me via como um homem gay, foi, em grande parte, graças ao Edu e a tudo o que ele me ensinou. Eu o perdoei porque apesar do que ele fez, ele é um cara especial e que merece toda a felicidade do mundo. Eu o perdoei porque eu nunca o amei de fato, eu sempre tive um carinho especial, mas amor, amor, não. Esse sentimento sempre esteve com o Caio, desde nossa adolescência até nossa vida adulta. Edu precisava passar pela minha vida, pois sem ele eu não teria saído do buraco que eu estava; sem ele eu não teria começado a descobrir quem eu era. Por isso eu sempre digo que ele é muito especial para mim, sempre foi e sempre será.
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Amor que nunca acabará - PARTE 2
RomansaConto aqui minha história de vida, minha aventuras, meus amores, minhas amizades e minha relação de irmandade com aqueles que eu mais amo na vida. Calendário de postagem: Segundas e sextas-feiras.