Capítulo 228

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No dia seguinte, eu acordei cedinho e enquanto realizava minha rotina matinal, eu fui pensando só coisas ruins em relação a tudo o que aconteceu no dia anterior. Com isso, a preocupação, o desespero, o medo, o nervosismo e a ansiedade tomaram conta de mim. Eu deveria ir para a Universidade, mas não tinha condições de eu deixar aquele caos e bancar o pesquisador na universidade. Além disso, eu teria uma reunião com meu advogado às 10h. Eu aproveitei que não conseguia me concentrar para ler e muito menos escrever nada da minha tese e continuei procurando sala para alugar.

- Bom dia, Cadu! - atendi o telefonema do Ricardo

- Bom dia! - eu respondi deixando muito clara a minha raiva, mas mesmo assim sendo educado

- Tudo bem com você?

- Tudo ótimo!

- Eu queria conversar com você sobre algumas coisas que não ficaram muito claras ontem, Cadu.

- Quais coisas não ficaram claras?

- Eu queria conversar com você.

- Desculpa, Ricardo, eu tô um pouco ocupado, então, eu agradeceria se você fosse direto ao ponto.

- Ontem não conduzimos as coisas de forma adequada. Eu gostaria de marcar uma reunião com você aqui na clínica, vamos conversar melhor...

- Ricardo, sobre isso meu advogado vai entrar em contato com a clínica. Você conversa com ele, tudo bem?

- Cadu, não poderíamos resolver de outra maneira sem precisar envolver os advogados?

- Eu prefiro que você converse com meu advogado, assim os meus direitos e os seus são resguardados.

- Eu admiro muito o seu trabalho. Não vamos levar por esse caminho, sempre tivemos uma boa relação. Seu trabalho sempre foi muito elogiado na clínica, nós nunca tivemos nenhum problema ou desentendimento. Ainda podemos resolver as coisas. Ontem estávamos todos nervosos, era hora do almoço, eu acredito que nós podemos resolver tudo de uma maneira mais tranquila.

Ele queria resolver tudo sem levar prejuízo, isso sim. Ele admirava tanto meu trabalho que me botou para correr da clínica sem pensar duas vezes. Ele definitivamente me achava um grande idiota, só pode.

- Você gostaria de falar mais alguma coisa?

- Não, não, era somente isso.

- Ok! Obrigado pela ligação, tenha um bom dia. - encerrei a ligação

Ele realmente achava que eu cairia naquele papo furado. Rapidinho passou pela minha mente: ele viu que fez merda, viu que o filho fez uma cagada gigante, viu muito claramente que a empresa dele teria que responder um processo grande e estava se borrando de medo. Eu também pensei que ele queria me fazer falar, talvez até me comprometer e meu advogado já tinha me advertido sobre a possibilidade dos donos da clínica fazerem isso. Por isso, fui educado, deixei claro meu posicionamento e encurtei a conversa.

Guardei minhas coisas e fui me arrumar. Eu teria a reunião com meu advogado e logo em seguida eu iria visitar uma das salas que eu achei interessante. Antes de ir ao escritório do Francisco, eu passei em uma panificadora para tomar café da manhã.

Durante a reunião, o Francisco me tranquilizou parcialmente e me disse que as chances de ganharmos a causa eram grandes e que ele já tinha se mexido, já estava trabalhando na abertura do processo e já tinha contactado o meu conselho durante aquela manhã. Ele me orientou a ir até o meu consultório junto com ele para nós pegarmos minhas coisas e se o Ricardo quisesse conversar, poderia ser interessante. Isso não me acalmou muito, porque eu queria a justiça, claro, mas não era isso que me preocupava. A minha preocupação era em não parar minhas consultas e deixar meus pacientes na mão. Francisco me orientou a não alugar sala nenhuma, porque isso daria uma dor de cabeça gigante. A gente precisaria de alvarás e todos os documentos necessários para o consultório funcionar, isso demoraria bastante. A orientação que ele me deu foi de improvisar na minha clínica mesmo, já que a documentação dela já estava toda resolvida. Eu senti um rolo compressor passando por mim, pois era um problema atrás do outro. Como eu começaria a trabalhar em uma clínica que ainda estava em obra no primeiro andar e o térreo estava completamente vazio?

Amor que nunca acabará - PARTE 2Onde histórias criam vida. Descubra agora