Capítulo 246

80 16 3
                                    


Ele me beijou novamente e, delicadamente, me empurrou para o sofá. Nós ficamos muitos minutos nos beijando e trocando carinhos. Eu nunca achei que essas surpresas me fariam tanta falta. Eu nunca entendi o verdadeiro motivo dele inventar tantas coisas lindas e algumas desastradas. Foi só depois dessa crise que eu realmente entendi o porquê dele me fazer tantas surpresas, elas eram a maneira dele de mostrar os sentimentos dele por mim. Mesmo sem ter plena consciência, eu fiquei extremamente sentido quando as surpresas pararam, quando ele não se preocupou mais em cuidar de mim. Fiquei sentido porque eu não conseguia mais ver correspondência no que eu sentia, parecia que eu estava sozinho dentro do casamento e isso foi me sufocando até eu explodir. Eu ainda estava demonstrando meu amor da minha maneira, eu ainda cuidava dele e ainda era carinhoso. Mas, ele parou de me mostrar que me amava. Ele não falava mais coisas bonitas e nem inventava surpresas, com um tempo muito prolongado da ausência dessas coisas, eu comecei a acreditar que ele não queria mais estar comigo. Demonstrar o meu amor começou a pesar porque ele não era mais correspondido.

- Eu achei lindo tudo isso!

- Você ainda não viu nada. - ele disse rindo moleque e apaixonado - Vamos jantar?

Eu amava aquele jeitinho moleque dele, até esse jeitinho estava adormecido no meio da dedicação excessiva dele à residência.

- Vamos! - ele se levantou, segurou minha mão, me puxou do sofá e me levou até a mesa de jantar

A mesa estava linda, extremamente arrumada e obedecendo todas as regras possíveis de etiqueta. Ele colocou os pratos lado a lado, era para nós ficarmos o máximo de tempo perto um do outro, a última coisa que nós queríamos era ficar distantes. Nós jantamos conversando e trocando carinhos.

Com uma noite tão linda como aquela, era uma pena eu não conseguir sentir tesão e, consequentemente, não conseguir transar com ele. Nós até tentamos algumas vezes, nos cinco dias que fiquei com ele lá em São Paulo, mas eu não conseguia ficar de membro ereto de jeito nenhum. De tanto tentar, eu me sentia mal. Mal por não conseguir corresponder o que ele sentia ao estar pelado comigo e mal por vê-lo se esforçar tanto em me dar prazer sem obter nenhum retorno. Eu cheguei num ponto de ficar desesperado, fiquei com medo de nunca mais ter uma ereção e nunca mais conseguir transar com meu marido. Eu fui a um urologista e ele só confirmou o que o Rafa já tinha me falado, recuperando meus hormônios, eu voltaria ao normal. Além da alteração dos hormônios, não apareceu nada nos meus exames que levassem o médico a ter outro diagnóstico.

Uma vez, eu até me ofereci para fazer o Caio sentir prazer, pois eu achava que o fato de eu não conseguir sentir prazer com ele, de não conseguir uma ereção iria intensificar a crise pela qual estávamos passando. Ele disse que se ele não me visse sentir prazer, ele também não sentiria. Por isso, ele decidiu esperar a minha recuperação. Tenho certeza que essa espera não foi fácil para ele... Depois do jantar, eu precisava tomar banho pra gente poder ficar juntinhos, ele foi comigo. Tava sendo tão gostoso viver aquela cafonice depois de velho, tava muito gostoso poder ver e ter o meu marido de volta e todo romântico como ele sempre foi.

Ele era maluco e a casa inteira tinha velas, balões e nossas fotos, nem o banheiro escapou. Acho que tinham fotos de todos aqueles quase dez anos de casados e eram fotos só nossas, não tinha foto com ninguém da nossa família e nenhum dos nossos amigos. Éramos só nós dois, fotos de momentos em casa, fotos de palhaçadas, de viagens que fizemos e até umas fotos mais ousadas que enviávamos um ao outro logo no início da residência dele. Mas, as fotos que mais me chamaram atenção foram as primeiras fotos que tiramos juntos quando começamos a namorar, estas fotos ele as colocou no nosso quarto. Tinham fotos nossas de São Lourenço, viagem que fizemos um pouquinho antes do meu namoro com o Edu acabar, ainda éramos somente amigos, mas já nos amávamos. Tinham fotos tiradas na casa de campo, na noite que ele me pediu em namoro e do dia que eu o pedi em casamento. Tinham fotos do nosso casamento lá em Bruxelas e da nossa viagem de lua de mel. Mas a foto que mais mexeu comigo, foi a foto mais antiga que tínhamos. Era uma foto de quando éramos adolescentes, o único registro do nosso primeiro namoro. Nós estávamos na casa dele, ele todo sorridente e eu tentando sair do meu casulo de sofrimento com um sorriso mixuruca. Aquela foto sempre mexia comigo porque ela representava o que tinha de pior e o que tinha de melhor na minha vida. Ela me fazia lembrar do horror que eu vivia em "casa" e da felicidade que eu conheci ao encontrar o Caio. Ele era cafona, mas ele também era muito inteligente. Ele colocou aquela foto bem visível, pois ele sabia o efeito que ela tinha em mim. Ali tinha um pouquinho de cada momento da nossa vida e eu entendi o que ele quis fazer. Ele queria nos lembrar tudo o que vivemos juntos e o quanto nos amávamos. Em todas as fotos nós estávamos sorrindo ou fazendo alguma sacanagem para o outro rir. Ele quis me lembrar que o que a gente tinha realmente era especial, só que eu nunca esqueci disso. Eu sempre acreditei no que tínhamos e na peculiaridade do nosso casamento. Não fui eu quem esqueceu! Então, aquele momento de lembrança era mais para ele do que pra mim.

Amor que nunca acabará - PARTE 2Onde histórias criam vida. Descubra agora