11

249 27 29
                                    

— Por Deus, Maria Júlia, você poderia ao menos ajudar, né? — Bianka praguejava nas minhas costas, enquanto tentava subir o zíper do meu vestido, puxando com força e fazendo meu corpo pular junto. E eu gargalhava, fazendo-a rir também.

— Não tá apertado, Bia! É só o zíper que é ruim. O que posso fazer? 

— Trocar de roupa! Que tal? — ela bufa e um fio de seu cabelo voa do rosto. Me olha pelo espelho, soltando mais uma risada.

— Mas esse tá tão lindo. Tenta mais um pouco. Se não, vou ficar triste — pisco os olhos rapidamente.

Ela está parada com as mãos na cintura, me encarando com uma feição tediosa. Belíssima, como sempre, hoje faz o papel de primeira dama e está usando um vestido branco coberto de detalhes em prata, além de um forte e lindo batom vermelho, o cabelo todo solto em cachos volumosos; chiquérrima e sexy.

— Mais? — revira os olhos e volta ao trabalho. Depois de mais alguns minutos tentando com toda força que há em si, ela consegue e estende para mim suas mãos com dedos avermelhados, por conta da força que precisou fazer. Beijo sua bochecha rapidamente, dando um sorrisinho. — Você pode, ao menos, abrir essa cara? Vê se melhora o humor e curte a noite — ela me xinga, e dá as costas, indo até a penteadeira.

— Vou tentar. Não posso prometer, mas vou tentar com muito empenho — pisco pelo reflexo no espelho e dou mais um gole no copo com energético ao meu lado.

Hoje faz cinco dias que eu Joseph resolvemos cortar contato. Não nos falamos desde aquela noite, mas continuo o acompanhando pela internet. Vi algumas entrevistas que ele deu e alguns eventos que participou. Só isso. Dei de cara com a Maria Júlia de alguns anos atrás, quando saiu a quarta temporada e eu o acompanhava de longe, através dos paparazzi. A diferença é que a Maria Júlia de hoje o teve em mãos e o deixou escapar.

Os dias estão passando. Lentos, cansativos, mas estão. Me incomoda o fato de que o sentimento não está indo junto. Cada hora a menos, é uma hora a mais. O que deveriam ser lembranças passadas, são presentes – cada vez mais. Não sei o que aconteceu para que Joseph simplesmente não saísse de minha mente. Por mais que eu saiba que essa foi a decisão correta a se tomar, me pego questionando e cogitando tudo o que poderia ter acontecido se as coisas tivessem sido cronometradas de outra forma. Se eu me sentisse pronta.

Efeito borboleta.

Mas é isso. É o que é. Não tem como mudar o passado – as coisas são como são.

Me encaro de frente. Estou com a maquiagem tão simples quanto o meu penteado, e me olhando agora, pareço pálida, apagada – menos pelas bochechas levemente coradas e o vestido de cetim rose. Meu semblante não nega que os últimos dias foram difíceis, e preciso realmente me esforçar para melhorar o humor. Apesar de tudo, me sinto bonita, pela primeira vez em dias.

— Acho que vou enlouquecer — diz Bia, se encostando no armário. — Consegui preparar tudo a tempo, os motoristas já me enviaram mensagens dizendo que buscaram o restante do pessoal. Já estão vindo. Já está tudo organizado para após a comemoração, mesmo assim estou inquieta.

— Você precisa relaxar. Vai ser perfeito, nada vai estragar a festa a menos que vocês permitam.

— Eu sei. Mas é que Sávio faz tudo ser tão especial quando é comigo, só quero fazer o mesmo com ele.

— Tenho certeza de que só de te ver toda linda assim para ele, já vai ser o suficiente para ganhar o dia. É o melhor presente.

Bia sorri, grata pelas minhas palavras, e relaxa um pouco a postura. Não por muito tempo, pois logo se lembra de que estamos todos atrasados e vai correndo até a porta. Antes de ir embora, ela vira o rosto para mim e diz, muito rápido: 

efeito borboleta || joseph quinnOnde histórias criam vida. Descubra agora