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p.o.v.: Joseph Quinn.


Eu provavelmente já: tomei algumas boas cinco xícaras de café, fumei alguns bons cinco cigarros — um para cada xícara —, devo ter passado as mãos pelos cabelos cerca de vinte vezes — já os sinto oleosos —, exasperado; porque Maria Júlia está, enfim, em território napolitano.

Além de estarmos longe há mais de um mês, precisei pausar uma reunião três vezes por não conseguir me concentrar; e isso me deixou muito estressado. É óbvio que recebi alguns puxões de orelha por isso; sequer me importo, pois mal consigo dormir desde ontem. O que importa, apenas, é que em poucas horas estarei com a minha garota, e dessa vez ela veio, e não o contrário, como de costume. Venho pensando incessantemente em uma forma de convencê-la a ficar comigo: viajar para Londres — para minha casa —, e ficar comigo de uma vez.

Muitas vezes penso estar pressionando-a demais, enquanto várias vezes penso estar deixando-a livre demais. Talvez eu devesse deixar acontecer, afinal, o destino já fez tanto por nós; ou, ao menos, esperar mais um pouco. Ao mesmo tempo, penso que não há como deixar que seja, se ela estiver em um país e eu em outro. Preciso agir.

Formulei frases, criei diálogos, imaginei cenários falsos, treinei em frente ao espelho, anotei atalhos de como falar a ela. Como conseguir convencê-la?

Ela é, provavelmente, a mulher mais teimosa que já conheci em toda a minha vida — ultrapassando, de longe, a minha irmã (esse é um posto muito alto). É realmente difícil entrar em sua mente, o que é contraditório com a forma que ela é uma pessoa fácil de se dialogar.

Para ser sincero, Maju é a pessoa mais real que conheci em tempos. Depois da forma que minha carreira ascendeu em tão pouco tempo, conheci tanta gente e todas elas fingiam ser alguém que não eram — mas nunca conseguiam manter o papel por muito tempo —, articulavam para se aproximar, mas não passavam nos primeiros testes mentais que eu mesmo fazia enquanto as conhecia. Maria Júlia não. Ela passou em todos, e sequer foi complexo para ela fazê-lo. Ela era simples. E era exatamente a mesma persona em todas as ocasiões em que a vi. Foi a única que, quando se viu em perigo, não hesitou em correr para bem longe — não o suficiente para que eu não a alcançasse de volta. Mas quando precisou, ela se protegeu sem se importar com a minha fama ou meu sobrenome.

Ao menos de uma coisa eu sei: nosso sentimento é recíproco. Talvez desde sempre, mas ela nunca se permitia sentir; e agora sim. Não consigo descrever tudo o que senti desde quando ela começou a se expressar e resolveu, realmente, parar de fugir. Digo isso sem saber o que o amanhã reserva para sua grande mente brilhante — quem sabe não acorde e decida ir embora? Eu nem consigo descrever tudo o que senti desde o dia em que pus os olhos naquela mulher; o mais próximo que posso chegar disso é dizer que pareceu que alguma coisa — ser espiritual, anjo, destino — soprou em meu ouvido com palavras claras: é ela.

Eu respondi: e agora? Então, a tal coisa respondeu: dá seu jeito.

Estou dando meu jeito há alguns meses, por mais que ela tenha relutado.

O que é injusto, pois esse ser precisava ter soprado também no ouvido dela. Tive que correr muito para conquistar aquele coração que parecia estar parado há muitos anos — amando, sem ninguém para amar. Tinha um certo dono. Pode ser que ainda tenha. Temo ter que dividir seu coração com esse alguém para sempre.

Agora que pareço ter conseguido, definitivamente não posso deixar ir. Preciso dar meu jeito. Tudo o que vinha em minha mente, a dizia; tudo o que sentia, a mostrava. Minha meta era laçar meu objetivo e sinto que estou conseguindo.



ઇઉ



Acabo de chegar ao hotel quando recebo uma imagem, completamente turva, de Maju e Bia no show da Taylor Swift. Fui convidado por elas a acompanhar, mas estive lotado de trabalho, precisando adiantar tudo antes de começar as gravações para a nova série que participarei. É impossível não sorrir ao olhar a foto, principalmente ao ver aquele sorriso grande e lindo da minha garota. Seus olhos estão fechados, está usando maquiagem, o cabelo bagunçado e sua felicidade genuína anima meu coração.

efeito borboleta || joseph quinnOnde histórias criam vida. Descubra agora