22

172 28 10
                                    

Joe prepara tudo para ir embora, arruma sua maleta, busca algumas coisas suas espalhadas pelo quarto; e antes de tomar banho, me beija. Em cada canto do meu corpo. Me beija na boca, na bochecha, no pescoço, nos ombros, na nuca, nas costas, na cintura, no quadril, entre as pernas; nas coxas – essas que repete, sem parar, eu as amo.

Preparado para ir, nos abraçamos como se fosse a última vez, e é notável que a cada vinda sua, nos tornamos ainda mais próximos. Mais íntimos, mais pertencentes um do outro. Cada abraço é como se deixássemos um pedaço nosso, no braço, no peito, na curva do pescoço. Se assim fosse, seria melhor, pois poderia carregar uma parte dele comigo e quem sabe não sentisse tanta saudade.

— Vamos comigo — sussurra Joe, entre um beijo e outro; segurando meu cabelo entre os dedos, olhando-me nos olhos ao roçar de nossos narizes. — Ainda dá tempo.

— Por favor, pare de insistir — dou risada —, ou terei que aceitar.

— É só insistir? Vamos, por favor. Vamos, por favor. Vamos... — Joe repete e repete, o que me faz não parar de rir.

— Um dia vou.

Joe alcança sua maleta no banco de trás, coloca o característico óculos de sol e aquele boné preto de ontem.

— Quando você for, não vou te deixar voltar — afirma em tom de aviso, apontando para mim com o dedo indicador. Me dá um rápido último beijo e: — Obrigado pela carona. Até mais, fujona.


ઇઉ


Ao chegar em casa, sou obrigada a, mais uma vez, me deparar com aquele ambiente sem ele. Faço tudo que preciso fazer, organizo a bagunça, mas nunca parece estar completo e sem graça; e o que está faltando é Joe. Na cama, encontro alguns fios de cabelos loiros espalhados pelo travesseiro; não me controlo e enfio meu rosto ali, respirando fundo e sentindo seu cheiro. Meu coração acelera radicalmente, e a saudade que sinto já é gigantesca.

Quando pego o celular, há duas mensagens de Joe.

Joseph, às 18h26: Assim que você saiu, alguns fãs me reconheceram e pediram algumas fotos. Talvez tenham nos visto. Apenas avisando.

Joseph, às 18h30: Já sinto sua falta.

Sorrio sozinha lendo aquilo, deitada em minha cama, o travesseiro que tem seu cheiro entre meus braços. Com a porta do quarto aberta, de onde estou, dá para ver os girassóis em seu jarro de água, olhando de volta para mim. Depois de pensar muito – porque eu sempre penso muito, mesmo nas coisas mais insignificantes – e imaginá-lo ali deitado ao meu lado, digito:

Saudades.

Em português, pois essa palavra só tem tamanho significado e gravidade quando se é dita em minha língua. Nada descreve melhor o que estou sentindo.

Mas a verdade mesmo é que eu queria ter enviado "da próxima vez, eu vou com você."

efeito borboleta || joseph quinnOnde histórias criam vida. Descubra agora