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Nos últimos dias desaprendi a dormir bem.

Era uma segunda-feira às 8h00 da manhã e eu estava acordada desde as 6h00, enviando uma matéria sobre uma fofoca de subcelebridade do Brasil para a Sensation, site da empresa onde trabalho, e acabando de programar um quiz de personalidade. Como o meu trabalho era quase inteiramente home office, não me preocupei em avisá-los que estava viajando, mas mal consigo imaginar o furdunço que será se descobrirem a motivação por trás da viagem. E ainda mais ao descobrirem que não posso revelar absolutamente nada por conta do contrato de sigilo.

Depois de uns dez minutos conversando e rindo de idiotices, e após finalizar o quiz e enviar para o site, eu e Bia aproveitamos o café da manhã e cada uma toma seu devido banho, nos arrumando para ir ao local das gravações. Não preciso dizer o quanto Bianka repetiu que está louca para conhecer "o gostoso do Joe Keery".

Quando estávamos prontas – vestidas em roupas leves, como nos pediram – fomos à recepção do hotel e Bia me deu o celular para trocar mensagens com os responsáveis pela nossa ida e vinda das gravações. Aviso que já estávamos aguardando e às 8h50 eles chegam. Eu e Bianka estamos caminhando aparentemente calmas até o carro, quando na realidade estamos tremendo e suando frio como se caminhássemos diretamente para a morte. Certamente, se estivéssemos de salto, estaríamos agora jogadas no chão após um tropeço seguido de uma queda.

— Bom dia, senhoritas — o motorista e a mulher que está no banco do passageiro nos cumprimentam assim que checamos a placa e sentamos nos bancos de trás do carro. Não entendo de carros, mas aquele com certeza era um dos caros.

Eu e Bianka respondemos juntas, pois é uma das únicas coisas em inglês que ela sabe falar sem me perguntar antes.

— Esse é o nosso motorista, o Jacob — a mulher aponta para o cara em questão, que acena pelo retrovisor e nós acenamos de volta. — E eu me chamo Chloe. Sou uma das assistentes de câmera e fui mandada só para que vocês não fiquem desconfortáveis em rodar por uma cidade estranha com um homem que vocês não conhecem.

Ela diz tudo de uma vez e eu já gosto dela. Tem uma voz grave, cabelos longos e crespos presos em um rabo de cavalo frouxo e sorri abertamente enquanto fala. Gosto de quem fala muito.

— Oi, Chloe. Quem te mandou foi muito inteligente nesse ponto — interajo e ela ri um pouco antes de encarar Bia, que está quieta e sem graça, já que não entende nada. — Ela não fala inglês.

— Tudo bem, então pode ficar à vontade para traduzir tudo para ela sempre que precisar. Vou cuidar de avisar a quem for preciso quando chegarmos — ela pisca, virando-se meio de lado para nos enxergar melhor, mas meio presa pelo cinto de segurança.

— Muito obrigada desde já. Só um instante — viro-me para Bia. — Ela disse que vai nos matar quando passar daquela esquina.

— Para de graça, Maju, eu já peguei as suas manhas. Fala sério — Bia revira os olhos, as bochechas vermelhas, segurando uma risada.

— Ela disse que veio para nos fazer sentir confortáveis com outra mulher no carro, e que, sempre que eu quiser, posso traduzir as coisas para você. Já que você é desprovida de conhecimento. —Continuo tirando sarro da cara dela, que faz menção a me bater, mas se segura pois precisamos pelo menos tentar ser profissionais.

— Obrigada — Bianka a agradece em inglês e sorri, falando num sotaque bonitinho. A mulher dá uma piscadela. — Ela é uma fofa — fala para mim, e eu concordo.

— Estão ansiosas para conhecer o cast? — pergunta Chloe.

— Na verdade não nos avisaram se teríamos a chance de conhecê-los, então não criamos muitas expectativas — explico. — Se não contar pelo fato de Bia ter repetido o nome do Joe Keery umas trinta vezes depois de acordar hoje, o que não significa nada, claro.

efeito borboleta || joseph quinnOnde histórias criam vida. Descubra agora