São duas da tarde e eu estou mirando obsessivamente a tela do meu computador cujo qual está com a tela reproduzindo a imagem da sala de reunião da Sensation. Há vinte minutos.
Ainda não há ninguém presente, pois estou adiantada. Mas é plausível, visto que sei exatamente o motivo pelo qual fui convocada para uma reunião em um mero dia normal de trabalho. Tenho passe livre para ficar ansiosa. Não sei se devo estar tranquila ou apavorada com o fato de nenhum deles ter me mandado nenhuma mensagem – além de:
Senhora Gomez, às 12h40: Reunião às 14h. Enviarei o link.
Minhas mãos estão suadas e não consigo parar de mexer as pernas embaixo dessa escrivaninha que, de repente, parece ter ficado tão menor do que realmente é. Já amarrei e soltei os cabelos mais de cinco vezes, e o copo de água que peguei para deixar ao meu lado, já está vazio.
Tentei mentalizar comigo mesma que era apenas sede. É apenas uma reunião.
Mas não era, nenhum dos dois.
Meu celular vibra sequencialmente duas vezes, e ao desbloquear a tela, vejo que é Joe:
Joseph, às 14h01: Boa reunião. Vai correr tudo bem. Você é ótima.
Joseph, às 14h01: Viajo às 15h30. Se der tempo, posso ir me despedir?
Consigo sorrir diante das mensagens, mas ainda com o sentimento sufocante de agonia no peito e na traqueia. Respiro fundo.
"Claro. Não vai durar mais de meia hora. Pode vir assim que puder", respondo. Assim que envio a mensagem, ouço o som da notificação do notebook me avisando que entraram pessoas na sala de reunião. Engulo em seco, colocando o celular ao lado e voltando a atenção totalmente à tela em minha frente.
Gomez, Cecília e alguma outra pessoa que nunca esteve em uma reunião comigo anteriormente, entraram na sala. Estou certa de que lá vem bronca, das grandes.
— Boa tarde, senhorita Soares.
Apenas isso. Nada de "que bom vê-la!", ou "bem-vinda a reunião", ou quem sabe um "vamos te promover!".
Limpo a garganta, ajeitando a postura.
— Boa tarde, senhora Gomez. Senhora Moraes.
Ambas respondem com um aceno de cabeça, enquanto o homem presente na reunião sequer aparece na câmera. Seu nome é Fábio Rosa. Tem nome de advogado, penso.
— Suponho que saiba o motivo desta reunião — Gomez faz uma pausa, e eu permaneço como uma estátua, sem reação. — Ou talvez ache que não fosse necessária uma reunião para tratarmos desse assunto.
Cecília Moraes está folheando alguns papéis e digitando em um notebook secundário ao seu lado, séria. Sem sorrisinhos maternais hoje. Gomez espera que eu responda algo, mas simplesmente não tenho nada a dizer. Não sei se a reunião se trata justamente do que eu suspeito que seja, e não posso arriscar falar. Quero que ela diga. É o melhor.
— Bem, sem suspenses — Cecília se pronuncia repentinamente. Está com a boca comprimida, um batom vermelho pintando-a. Olha para mim pela tela, por cima dos óculos. — É óbvio que você viu que seu nome está na boca do povo por toda a internet. Twitter, especialmente.
Assinto com a cabeça, sentindo meu coração pulsar ainda mais rápido.
— Tentarei ser breve. Acredito que você se lembre... — Cecília cruza os braços. — de que eu ressaltei, ao te chamar para entrevistar Joseph Quinn, que para conseguir uma entrevista com ele através da Netflix, nós da Sensation precisamos correr muito. Foi difícil. Muito difícil. E, mesmo assim, quisemos dar essa oportunidade brilhante a você. Afinal, sempre te achamos uma editora, escritora, entrevistadora e jornalista, no geral, competente. Com potencial. E não sou eu quem digo isso, são os números.
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efeito borboleta || joseph quinn
RomanceMaria Júlia é uma jornalista brasileira que atualmente trabalha como editora e criadora de conteúdo para o site midiático Sensation. Há algum tempo sofreu um trauma ao perder seu esposo em um acidente de avião. Ela tem como hobby a dança, onde enco...