Você é Insuportável! || Arellano

1.

Acordo cedo pela manhã, para não me atrasar no primeiro dia de aula, vou logo fazer minhas higienes e em seguida, desço para tomar café da manhã com meu irmão, Bruce. Mas acabei desistindo da ideia de tomar café por conta do nervosismo.

- Bom dia, [y/n]. Animada? - ele diz com um sorriso no rosto.
- Animada? Não sei ao certo, mas posso dizer que estou nervosa, isso conta? - digo conferindo meus materiais na mochila.
- Quem diria que senhorita Yamada teria medo de alguma coisa. - ele fala dando um tapinha no meu ombro.
- Eu com medo? Conta outra. - falei enquanto saia de casa.
- Não vai comer nada? - ele diz com cara de confuso.
- Não estou com fome. - dei um aceno e um sorriso, fazendo com que ele retribuísse.

Estava andando normalmente, algum tempo depois de sair de casa, quando vejo um garoto saindo de casa, provavelmente indo pra mesma escola que eu, ele estava acompanhado de uma garota, menor que ele. Possivelmente eram irmãos. Eles estavam conversando... Não, pareciam estar brigando, mas apenas ela dizia e ele apenas escutava com um rosto deprimido.
Ela para de falar e eles andam em silêncio, até precisarem atravessar a rua e consequentemente na mesma calçada que eu. Ficou um silêncio constrangedor, ou talvez só pra mim, afinal, eles estavam andando atrás de mim e pareciam estar cochichando. Então tentei andar mais rápido, o que funcionou.
Já estava perto da escola vejo uma multidão, ouço sons de cochicho e coisas como...

- Bata mais forte!
- Pegue-o, Robin!
- Qual foi, Moose? Levanta daí!

Ótimo, briga no primeiro dia, mas não estava tão ruim, os dois garotos tinham bastante diferença de tamanho e altura, mas mesmo assim, o garoto menor ganhou, ganhou fácil.
Tentei não ligar e fui direto para dentro da escola, estava nervosa, então fui tentar achar os banheiros, acredito ter achado o que seria o banheiro feminino, mas estava trancado.
Aproveitei que tinham poucas pessoas dentro da escola e fui no banheiro masculino, corri para me "esconder" em uma das cabines. Assim que termino minhas necessidades, ouço passos de alguém correndo apressado, talvez estivesse apertado, pois entrou correndo em uma das cabines ao lado. Fingi nem estar ali.
Logo em seguida, alguém entrou, pelos passos, não era só uma pessoa.

- Vamos, Finney, sabemos que está aqui, não engana ninguém. - não sei quem era, mas dizia com deboche em seu tom de voz.

- Não viu a placa? Diz "garotos", não bichinhas. - ele dizia rindo.

Confesso que me segurei para não sair e arrumar briga, mas mais alguém entrou no banheiro e tudo ficou quieto.

- Seus merdas, movam-se!

Não sei ao certo quem disse isso, mas com certeza não teve temer o perigo.

- Ei Finn, o que está acontecendo? - ele diz, amigavelmente.
- Ah, você sabe, apenas seguindo, eu acho.

Ouvi alguém ligar a torneira.

- Moose tem uns malditos dentes afiados. - ainda com som da água correndo, seguido do som dos passos, de quem acreditei ser os garotos que estavam fazendo bullying.

- Esperem. - ele falou com seriedade.
- Tentem ferrar com o Finn de novo, eu ferro com vocês. - alguns segundos passaram, silenciosos.
-Vocês podem ir agora. - falou e eles o fizeram.

Tentei ver o que estava acontecendo fora de cabine subindo na tampa da privada, o que fez um enorme barulho, chamando a atenção dos dois garotos.

- Quem está aí? - acho que foi Finney quem disse isso, pela diferença de voz. Fiquei em silêncio, não queria ser pega.
- Vamos, saia. - disse o outro, agora conferindo todas as cabines. Até parar na minha, gelei.
- Se não sair, vou chutar essa porta e tirar você na marra. - disse, ameaçando.

Pensei por uns segundos até que abri a porta, era o garoto da estrada e o garoto da briga de mais cedo, os vi com cara de confusos. Questionando o que uma garota fazia no banheiro masculino.

- O que faz aqui? - questionou o cacheado.
- Desculpem, o banheiro feminino estava trancado, não tive muitas opções.
- Ah, tudo bem, nunca tinha te visto por aqui, é nova? - dizia enquanto enfaixava a mão machucada.
- Sou sim, meu nome é [y/n] Yamada. Quer ajuda com essa mão? - respondi um pouco sem graça.
- Eu aceito, sim. - ele disse quando deu um sorriso sem mostrar os dentes.

Ajudei a lavar melhor seu ferimento, passei uma pomada que tinha na minha mochila e assim, enfaixei.

- Você é irmã de Bruce Yamada? - perguntou Finney, fazendo expressão de surpresa.
- Sim, você o conhece?
- Já joguei beisebol contra ele, ele é um jogador incrível, pegou meu arremesso como se não fosse nada. - ele disse-me dando um sorriso.

Eu iria respondê-lo, mas o sinal tocou e tivemos que ir para as salas, por sorte, eles me guiaram até minha sala e pra minha surpresa, era a mesma que a deles. Não entendi porquê, mas o garoto com bandana ficou me encarando ao longo do trajeto, parecia incomodado com minha presença.
Na sala, Finney se sentou na carteira da frente e o outro garoto ao meu lado. Eu resolvi perguntar seu nome, seria estranho chamá-lo de "garoto da bandana".

- Psiu. - eu disse, fazendo-o me olhar.
- Qual seu nome?
- Eu sou Robin Arellano. - falou com frieza. -Não pense que sou seu amigo só porque me ajudou com meu machucado.
- Eu sei, apenas quis ajudá-lo, poderia ser ao menos educado? - respondi brava.

Vi que o mesmo hesitou e deu alguns resmungos.

- Hum, obrigado, Yamada. - falou.

Apenas fiz concordância com a cabeça e segui prestando atenção na explicação.

Continua ♟
#MikeysFAMILY