23.

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Eu sorri quando ouvi sua voz suave outra vez.
- Eu te disse que era. - soltei um risinho em meio às lágrimas.
- É... disse. - deu um sorrisinho sem jeito, mas ainda me olhava sério, ainda abalado.
- Eu juro que não fiz nada com ele! Ele quem me puxou pro banheiro, eu nunca faria algo desse tipo com você, Arellano! Achei que soubesse disso. - desabei em lágrimas outra vez.
- Eu sei disso, Yamada. - ele se aproximou de mim.
- Vou deixar vocês conversarem. - ela me abraçou uma última vez e antes de sair, deu um beijo da minha testa como sempre fazia.

Eu me sentei no canto do banheiro, ao lado da pia e fiquei em silêncio, tentando captar o que tinha acontecido. Ele fechou a porta do banheiro e se sentou do meu lado, se escorou no meu ombro, como sempre faz.

- Nunca acreditei no que ele disse, nunca duvidaria de você. - seu tom era triste.
- Se não acreditou, por que me tratou daquele jeito? Gritou comigo e agiu como se eu tivesse feito o que ele disse. - eu ainda podia ouvir seus gritos.
- Porque eu precisava acreditar, quer dizer, ainda preciso de um motivo pra me afastar de você.
- Não tá ajudando! - eu ainda estava chorando. - Do que você tá falando? Por que quer se afastar de mim? - encarei ele, chorando ainda mais.
- Porque sei que não sou pra você! Você é pra mim, mas eu não sou pra você, não posso nem defendê-la! - tirou sua cabeça do meu ombro, apoiou seus braços sobre os joelhos e escondeu o rosto no meio deles. - Não posso nem me defender.
- Do que está falando, Arellano? - tinha algo que ele não estava falando.

- Lizzy. Não pude me defender da Lizzy e tudo o que seus pais falaram sobre mim, eles estavam certos. Não terá futuro comigo, Yamada. - encarou o fundo dos meus olhos.
- Você enlouqueceu? É óbvio que você é pra mim, você é o único pra mim! Meus pais não sabem nada sobre mim, muito menos sobre você, sei que meu futuro será brilhante desde que eu esteja com você. - virei-me em sua direção e peguei suas mãos.
- Yamada, mas... Você pode ter quem quiser. - ele não olhava no meu rosto.
- Isso inclui você? - soltei uma risadinha, sensação de dejavu. ( capítulo 6, parágrafo 5.) - Você sabe que é você quem eu quero, não sabe?
- Sei, mas você é tão 'Uau!' e eu sou tão... 'Ah.', entende? Acho que minha beleza não é nada comparada a sua, sem contar que... - ele dizia triste, até eu o interromper.

- Você é perfeito. - eu estava olhando seriamente pra ele, tão séria que parecia brava. - Os seus olhos me hipnotizam, é como uma droga, não consigo parar de encara-los até que você mesmo desvie seu olhar. Seus cabelos, sua pele... Como tem coragem de dizer que sua beleza não é nada?
- Não sei. - levantou e me puxou junto. - Vamos lavar essa mão. - ele disse colocando minha mão debaixo da torneira.
- Obrigada. - falei suavemente.
- Eu tinha dito que não é nada comparada a sua, não mude minhas palavras. - deu um sorrisinho de lado e terminou de lavar minha mão machucada.
- É, mas do mesmo jeito. Eres el chico mas hermoso del mundo, mi amor. - segurei seu rosto, forçando-o a me olhar.
- Jura? - me olhou com aqueles olhinhos brilhantes.
- Eu juro. - sorri. - Agora será que você pode pôr isso de volta? - disse tirando a bandana do bolso.
- Você pegou... - tirou na minha mão. - Pode amarrar aqui outra vez? - estendeu o pulso, foi quando percebi algumas marcas.
- Ei, o que é isso? - disse segurando seu pulso e analisando, ele tinha feito cortes... - Robin... - falei lacrimejando.
- Me desculpe, me senti... sujo.
- Venha cá. - puxei-o para um abraço, ele escorou sua cabeça no meu peito e pôs os braços ao redor da minha cintura. - Está tudo bem, estou aqui. - fiz carinho em seu cabelo.

Ele não disse nada, ficamos naquele abraço por um tempo e depois eu o ajudei a amarrar a bandana no pulso.

- Nunca mais ouse tirar isso, mocinho. - falei implicando com ele.
- Você é tão mandona, Yamada! - íamos saindo.
- Você gosta e ainda me obedece. - já estávamos no corredor.
- Realmente, não tiro nunca mais. - sorriu e pegou minha mão, entrelaçando nossos dedos.

Eu amava estar na companhia dele, mas me entristecia muito saber que ele não entende o quão lindo ele é e o quão bem ele me faz. Queria que ele pudesse se ver da mesma forma que eu vejo, mesmo com cicatrizes, com manchas e marcas... Ele é o garoto mais bonito do mundo, não falo só de aparência, falo também de seu coração. Arellano, meu Arellano é magnífico.

Chegamos na sala, todos os olhares se voltaram pra nós, estavam fazendo um trabalho em dupla. Pense em inúmeros pares de olhos te encarando com olhar julgador. Robin segurou firmemente minha mão e caminhamos até nossas mesas no fundo, conforme íamos andando, era possível ouvir cochichos sobre o que tinha acontecido mais cedo. Ouvi também o nome de Walker, o que me deu uma enorme vontade de chorar, eu sabia que estavam falando sobre o que ele disse ter feito comigo. Finn e Donna estavam como dupla, sentamos no lado dos dois e eles pareciam preocupados.

- Yamada, fiquei sabendo da sua briga. Sinto muito que tenha que ouvir esse tipo de coisa mesmo tendo passado por um problemão recentemente, princesa. - Donna disse com tristeza.
- Está tudo bem, Donna. Estou melhor, obrigada. - estava de mãos dadas com Robin por debaixo da mesa.
- Tem certeza, Yamada? - Finn perguntou.
- Tenho, sim, Finnie. Estou bem. - sorri gentilmente, fazendo-o retribuir.

Alguns minutos depois, uma moça da secretaria veio até nossa sala e chamou por mim e Robin. Já sabíamos do que se tratava, nós nos encaramos por alguns segundos e seguimos a moça. Chegando lá, meus pais, o garoto e mais um casal que julguei serem seus pais.

- Não acredito no que fez, [y/n]! - minha mãe dizia brava.
- Prepare-se. - meu pai falou com frieza. - Este ato terá uma consequência.
- Senhor Yamada, por favor, não precisamos de ameaças. - a diretora o repreendeu. - Será que posso falar a sós com as crianças? Os pais podem esperar lá fora. - ela disse e eles o fizeram, meus pais saíram e pude ver no olhar do meu pai, seu desprezo por mim.

Eu já sabia que não podia ficar na casa de Robin a vida toda, teria que enfrentá-los uma hora ou outra. Eu não tenho medo deles, mas tenho medo do que podem fazer com as pessoas próximas a mim, meus pais são amigos de pessoas influentes, basta falarem mal de alguém e essa pessoa sai de circulação. Isso é algo que me preocupa bastante, até porque não sei em quem podem tocar pra poder me atingir.

- Podem se sentar. - ela disse apontando para as duas cadeiras vazias na sua frente. Na terceira cadeira, estava Jackson, ele segurava um pano com gelo no rosto. - Senhorita Yamada, pode me dizer o que estava fazendo no banheiro com o senhor Jackson? - a diretora me perguntou.
- Senhora Carter, eu não estava no banheiro com ele! Eu queria ir ao banheiro feminino, mas quando passei em frente a porta do banheiro masculino, ele me puxou. Ele tampou minha boca e disse algo sobre meus pais terem mandado ele, inclusive, ele disse que não queria me ver andando com Arellano.
- Isso é verdade, senhor Jackson? - ela direcionou seu olhar para o garoto.
- Claro que não, diretora! Eu nunca faria algo desse tipo, minha família é de alto nível, tive condições de receber uma educação decente, diferente desse mexicano que me atacou!
- O que? - Robin se levantou, indignado.
- Está dizendo que Robin Arellano atacou você? senhor Arellano, por favor, sente-se. - ela disse, já estava preocupada.
- Atacou, senhora Carter. - ele fez cara de choro. - Pergunte a Chloe.
- Quem é Chloe? - até a diretora estava confusa.
- Chloe? - eu e Robin nos encaramos.
- A garota que estava comigo quando ele me atacou! - Walker começou a chorar.
- O que? Por que você mente? - Robin gritou.
- Acalme-se! - a diretora disse se levantando.
- Arellano. - peguei sua mão e apertei. - Ainda estamos aqui. - sussurrei.
- Desculpe. - Arellano disse se sentando. - Pode continuar, senhora Carter.
- Pois bem... Teremos que chamar a senhorita...? - ela disse esperando que ele completasse com o sobrenome da garota.

- Wilson.

Nessa hora eu gelei. Eu só conhecia uma pessoa com sobrenome Wilson e era o Steve, amigo do meu irmão mais velho que me tratava como uma irmã mais nova. Será que eram parentes? Ele nunca mencionou ter irmã. Esperamos por alguns minutos, a moça que tinha nos chamado foi chamar a tal Chloe, quando ela chegou, fiquei paralisada, ela era idêntica ao Steve.

- Pode se sentar nessa cadeira. - a diretora pegou uma cadeira do canto e pôs do nosso lado.
- Por que precisam de mim aqui? - ela falava tímida, totalmente ao contrário da sua personalidade, que fazia-a parecer tão extrovertida e segura de si.
- Bem, citaram seu nome aqui. - a diretora avisou. - Por isso está aqui. Walker direcionou seu olhar pra garota, a olhava como se estivesse intimidando-a. No mesmo momento, entendi o que estava acontecendo.


Continua ♟

Você é Insuportável! || ArellanoOnde histórias criam vida. Descubra agora