18.

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Despertei-me do sono e vi o relógio ao lado da cama, ainda eram cinco horas da manhã e ainda estava escuro. Yamada ainda tinha seu rosto "escondido" no meu pescoço e ainda estava me abraçando, mas não estava coberta. O que me preocupou um pouco, pois estava bem frio, havia uma fina garoa no ar e eu não sabia a quanto tempo ela estava descoberta. Tampei-a e voltei a dormir, fiz carinho em seu cabelo outra vez, até que eu pegasse no sono, mas acabou despertado-a. Ela se assustou e se debateu, sentando-se e tentando sair do abraço.

- Solte-me! Solte-me! Solte-! - a interrompi.
- Ei, ei, ei! Sou eu, amor. Arellano! - tentei fazer com que parasse quieta.
- Arellano?... Meu Arellano? - parecia estar em choque.
- Sim, gatita. Seu Arellano. - eu terminei e ela ainda estava quieta... apenas me abraçou.
- Desculpe. - nós nos deitamos outra vez.
- Está tudo bem, não se preocupe. - abracei-a e voltamos para a mesma posição de antes.
Aquele silêncio confortável ficou presente outra vez, até Yamada quebrá-lo.

- Sei que isso já está muito chato, peço desculpas. É inevitável. - ela brincava com meu colar.
- Sobre o que está dizendo? - tentei contato visual, mas ela evitou.
- Esses espasmos... Sobre o sequestrador, sabe?
- Olhe pra mim, Yamada. - segurei seu queixo, pondo seu rosto na mesma direção que o meu. Ela não olhava nos meus olhos, mas estava vermelha.
- Sim? - respondia com um tom de voz choroso.
- Você entende a gravidade do que aconteceu com você, não é? - me aconcheguei na cama e fiquei na mesma altura que ela.
- Sim, ué. - deitou-se de barriga pra cima, olhando o teto.
- Então me diga o que aconteceu com você. - imitei sua posição.
- Eu fui sequestrada...? - senti seu olhar do canto dos olhos.
- Está vendo? Esse é o problema.
- O que? Ser sequestrada? - olhou pro teto outra vez.
- Que? Não! Você minimiza sua dor, age como se fosse besteira. Quando eu toco em você, você recua até perceber que sou eu. Ainda tem medo dele mesmo que ele não esteja mais aqui pra te fazer mal. - enquanto eu falava, sua expressão era de tristeza. - Olhe pro meu rosto quando falo com você, não foi isso que tinha dito pra mim? - tentei fazê-la mudar de humor, mesmo que o contexto em que a frase estava, não fosse dos melhores.

Ela ficou quieta, mas cansou de fazer marrinha e deu um sorriso pra mim.

- Desculpe. - disse descontraindo e dando risadinhas. - Não posso olhar no seu rosto.
- Por que não?
- Porque você é lindo demais. Vou querer beija-ló e não conseguirei prestar atenção em sequer uma palavra que sai dessa sua boca bonita. - ela estava me encarando, sem um pingo de vergonha na cara.
- Será que pode parar de me paquerar? Estou falando sério! - tentei parecer sério, mas não conseguia, estava morrendo de vergonha. Não conseguia parar de retribuir seu olhar.
- Tudo bem, desculpe. - riu outra vez e desviou seu olhar.
- Você, definitivamente, não presta. - olhei de volta para o teto.
- E você gosta disso. - fechou os olhos.
- Fala sério! - eu ri. - Será que podemos voltar ao assunto? - fiquei sério outra vez.
- Certo. O que quer dizer? - mudou seu tom de voz.
- Quero dizer que pode contar comigo, [y/n], entende? Você não precisa lidar com isso sozinha. Você tem a mim, tem o Bruce, o Finn e a Gwen também.
- Eu sei disso... - me abraçou e escondeu seu rosto no meu pescoço, outra vez. - Mas não consigo falar sobre isso, sobre ele. Sinto como se ele estivesse sempre atrás de mim, às vezes ouço sua voz. As vezes, o vejo encima de mim outra vez. Aquela cena... Machuca. - algo molhou meu pescoço.
- Oh mi amor, não lembra que o matou? Você matou ele! Vingou os meninos e se vingou dele, também. Está tudo bem, eu estou aqui com você. - abracei-a forte, um abraço de urso que parecia "esconde-lá" - Ele nunca mais vai tocar em você. - beijei seu testa.
- Você me promete? - olhou nos meus olhos outra vez.
- Sim, mi chica hermosa. Eu te prometo.- encarei-a também. - Você quer conversar sobre algo?
- Você... me acha nojenta? - olhos desviados.
- O que?
- Me acha nojenta, Robin? - ela deitou de costas pra mim, não queria ver meu rosto?
- Não! Nunca. - fiquei indignado ao ver ela dizendo isso de si mesma daquela forma.
- Mas ele me tocou... Com aquelas mãos... sujas. Estou marcada! Pra sempre! - encolheu-se enquanto chorava a ponto de soluçar.
- Aquele homem nunca mais poderá encostar em você. Está livre e ele está ardendo no inferno, agora. Você não está suja, nunca esteve. Nunca esteve marcada, meu amor. - fizemos uma conchinha.
- Nós podemos dormir? - virou-se pra mim.
- Claro que sim... - disse fechando meus olhos, enquanto ela voltava na sua posição de quando ainda estávamos dormindo.

Você é Insuportável! || ArellanoOnde histórias criam vida. Descubra agora