17.

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Yamada ainda estava no meu colo, quando ela viu Finn e Gwenny, ela escondeu o rosto no meu peito e chorou enquanto me abraçava, senti minha camisa molhar.

- Diga-me que está vendo o mesmo que eu, por favor. Diga que não estou louca. - ainda com o rosto escondido, ela soluçava.
- Não está louca, porque se estiver, com certeza eu também estou. - beijei sua testa e ela me encarou.
- Nós conseguimos, não é? Conseguimos! - me abraçou mais forte.
- Sí, lo hicimos, mi gatita. - (sim, nós conseguimos, gatinha.) - só pude sorrir, mas um sorriso sem forças. - Ei! Aqui! - tentei chamar a atenção dos nossos amigos à nossa frente.
- Ei, as duas crianças desaparecidas estão ali! - um policial gritou. Eles estavam saindo da casa da frente, mas não sabia o que tinha lá pra ter tanto policiais na rua.

Finn, Gwen e Bruce estavam sentados na calçada, assim que nos viram, vieram correndo em nossa direção.
- Não acredito! - Bruce nos abraçou primeiro. - Minha mini versão, que saudade! - pegou [y/n] no colo, assim como eu estava fazendo.
- Cuidado com minhas pernas. - ela soltou uma risadinha, mas estava exausta. - Acho que posso ficar de pé sozinha, calma. - tentou ficar de pé, mas suas pernas fraquejaram. Eu a segurei antes que caísse no chão.
- Parece que ainda vai precisar de mim, princesa. - falei com sarcasmo.
- Por um bom tempo. - disse com um sorrisinho.
- Minha Yamada! - Gwenny abraçou-a. - Oh meu Deus, vocês estão bem!
- Ei, eu também fui sequestrado, tá? - cruzei meus braços.
- Ah, espere a sua vez. - ainda estava abraçada em Yamada.
- E aí, camarada. - Finnie deu um tapinha nas minhas costas.
- Finnie! Cara, que saudade! - fizemos nosso toque "esquisito" e por fim, demos um abraço apertado. Tive um pouco de dificuldade, ainda estava machucado, mas morria de saudade do meu melhor amigo.
- Como vocês escaparam? - Bruce pergunta.
- Bem... - eu e [y/n] nos encaramos. - Se a gente contasse, vocês não iriam acreditar. - desviei o olhar pro chão.
- Definitivamente! - [y/n] deu risada.
- Nossos pais voltaram. - Bruce disse sério.
- O que? Está falando sério? - o sorriso de [y/n] sumiu. - Voltaram mesmo?
- Crianças, precisamos fazer algumas perguntas. Venham. - um policial nos chamou.
- Vamos... - eu disse.

Peguei Yamada no colo outra vez e fomos na direção daquele policial. Tivemos que responder perguntas, muitas perguntas, ficamos cerca de trinta minutos respondendo perguntas, o que nos deixou ainda mais cansados, mas eles não cessaram por um momento. Yamada e eu estávamos com muita fome e não tínhamos dormido direito. Tive que tomar uma providência.

- Acho que já chega, não é? Estamos muito cansados, minha namorada não consegue ao menos ficar de pé sozinha, nós não comemos, não fomos ao banheiro e outra vez, estamos exaustos. Nós matamos um homem enforcado com a porra de uma corrente, precisamos de um tempo! - me levantei.
- Ei, cuidado com esse tom de voz, rapazinho! - um policial mais novo disse.
- Não, está tudo bem. Ele tem razão, Sr. Jackson. Podemos fazer mais perguntas outro dia. Deixe-os descansar. - o que estava nos fazendo as perguntas respondeu.
- Podemos, por favor, ir agora? - Yamada perguntou desanimada.
- Claro que podem, Srta. Yamada, Sr. Arellano.
- Obrigada. - nos levantamos e ela apoiou o braço no meu ombro, dando-se apoio.

Nós saímos e fomos andando, tio Joey não sabia que tínhamos sido achados, ele não estava em casa e não tinha como avisa-lo. Então nós fomos andando.

- Você viu Bruce, Finn e Gwen? - me encarou.
- Um policial os mandou pra casa, foi a única coisa que vi. Seus pais não virão buscá-la? - a olhei.
- Não sei, faz semanas que não falo com eles. Sempre é só eu e Bruce, eles não parecem se importar, não vieram ao menos me buscar. - desviou seu olhar pro chão.
- Você vai pra casa? Pode ficar comigo e com tio Joey hoje.
- Não quer conhecer seus 'sogros'? Afinal, você disse que eu era sua namorada, não é? - me encarou outra vez, estava vermelha.
- Eu queria que fosse. - falei sério, mas dando um sorriso pra ela, eu parecia um pimentão.
- Peça. - ela dizia esnobe.
- Ainda não é hora, pode parando. - desviei o olhar.
- Quando será? Você sabe?
- Sei, sua chata. - dei uma risadinha.
- Então, quando será? - me olhava como uma criança esperando por um presente no natal.
- Você parece uma criança curiosa, você só vai saber quando chegar a hora. - sorri pra ela.
- Você é muito chato. - fez birra.
- E você gosta disso. - mostrei a língua e ela deu risada, como se eu tivesse feito uma piada. - Do que está rindo, inseta?
- Você sabia que quem mostra a língua pede beijo? - ela ria tanto que segurava a barriga, não sabia se estava vermelha de vergonha ou de rir.
- Você quer me beijar, é isso? - ri junto dela.
- Ei, quem mostrou a língua foi você! - recuperava fôlego.
- E? - impliquei.
- Quem pediu beijo foi você, Arellano! - ainda vermelha.
- E você vai dar meu beijo? - aproximei meu rosto do dela, intimidando-a.
- Qual é? Pare! - gargalhadas nervosas.
- Desculpe. - ri sem graça, não vou mentir, queria mesmo um beijinho.

Chegamos na minha casa e tio Joey ainda não havia chegado, estranhei um pouco, pois ele normalmente estaria em casa nesse horário. Yamada ligou pra casa e avisou que passaria a noite comigo, Bruce disse que avisaria seus pais e que não havia problema. Ela pegou uma roupa minha, mesmo que ainda estivesse usando as minhas roupas por conta daquele dia, e foi tomar banho. Pediu ajuda pra lavar o cabelo, fiz o mesmo que ela havia feito comigo, não pude deixar de reparar que haviam marcas espalhadas pelo seu corpo que, mesmo com as roupas íntimas que usava, eram visíveis, não queria perguntar, mas precisava.

- O que foi isso?... - me aproximei para lavar seu cabelo, mas assim que sentiu minhas mãos, recuou como um gato arisco. - Sou eu, meu amor. - olhei em seus olhos, como um "está tudo bem". Ela relaxou outra vez.
- Bem... não tinha um garoto no porão por alguns dias, ele teve que se contentar comigo... - afundou o pescoço na água.
- Isso nas suas costas... foi ele também?
- O cinto. - disse com voz de choro.

Não pude dizer nada, não sabia o que dizer e nem o que fazer.

- Eu vou fazer algo para comermos, tudo bem? - coloquei minha mão sobre a dela e fiz carinho, tentando conforta-la.
- Certo, pode deixar uma roupa sua separada pra eu pôr depois? - deu um leve sorriso.
- Claro, gatita. - disse saindo.

Eu separei um dos meus blusões porque sei que ela gosta, estava bem frio, então optei por uma calça moletom e meias grandes que faziam o estilo dela. Depois de separar a roupa, deixei em cima da cama, pra que ela pudesse sair do banho e não precisar ficar procurando pelo quarto todo. Sai do quarto e fui direto pra cozinha, estava quase pondo fogo na cozinha quando tio Joey chegou, nunca tinha o visto tão mal.

- Tio? - falei e esperei uma resposta, mas ele ficou quieto e foi direto se sentar na sala, em frente a TV como sempre fazia. - Tio Joey, está tudo bem?
- ¡Deja de volverme loco! ¡Déjame en paz! - ele começou a chorar.
- Ei, tio. - cheguei mais perto e ele olhou pra mim.
- Robin? Eres tu? - ele não acreditava no que via.
- Soy yo. - sorri, ele ficou com uma expressão de choque e correu para me abraçar.
- ¡No creo, mi sobrino! - deu um milhão de beijos nas minhas bochechas.
- Ei, estou bem! - falei tentando sair do seu abraço.
- Y Yamada? - desfez o abraço, mas ainda segurava meus ombros.
- Esta en el baño, ya debe estar saliendo. - tentei tranquiliza-lo.

Ele me soltou e colocou as mãos na cintura, ainda tinha rastros de lágrimas no seu rosto. Suspirou e se sentou outra vez, estava possivelmente cansado.
Fui ao quarto pra ver se minha chica hermosa tinha terminado, queria perguntar o que ela queria comer no jantar. Bati na porta e ela não abriu, imaginei que ainda estivesse na banheira, então entrei e me deparei com a cena mais esquisita que poderia ter visto naquele dia. Yamada estava com o blusão que eu separei e com uma das minhas cuecas.

- O que você tá fazendo com a minha cueca?
- Não entra aqui! Eu vou matar você! - falou tentando fechar a porta, mas meu rosto estava no caminho.
- Ei, essa é a minha cueca, você sabe, não é? - eu tinha achado esquisito, mas também achei fofo. Ela estava uma gracinha.
- Eu estava a dias com a mesma roupa íntima, caso não lembre, o sequestrador não me deu um chuveiro! - Yamada estava vermelha e gaguejava de nervosismo.
- Está tudo bem. - eu sorri, amigavelmente e entrei no quarto. - Você está linda, não precisa ter vergonha. Muito menos precisa lembrar dele toda hora, ok? - dei um beijo e a abracei. Ficamos em um silêncio confortável.
- Desculpe... - saiu do abraço e trocamos olhares, olhar nos seus olhos era como ver e ouvir o som do mar sendo iluminado pela lua de madrugada. Era tranquilizante, eu poderia fazer isso por horas.
- Não se desculpe, você está bem agora. Porque eu estou aqui e nunca vou deixar alguém te machucar, nunca mais você vai sair de perto de mim! - dei um abraço apertado.
- Ei, ainda estou machucada, cuidado! - falava sem ar.
- Desculpe, me empolguei.

Ela colocou a calça de moletom e saímos do quarto, eu terminei de cozinhar e por incrível que pareça, deu certo! Até o tio Joey elogiou minha comida.
Nós comemos e eu fui tomar um banho, ainda estava sujo, teria pedido pra Yamada lavar meu cabelo, mas eu sabia que ela estava cansada. Arrumei minha cama e aconcheguei-a, quando eu sai do banheiro, ela estava dormindo abraçada na minha almofada, subi na cama cuidadosamente e coloquei meu braço por baixo da sua cabeça, fazendo ela deitar sua cabeça no meu peito. Ela pôs uma perna por cima da minha e assim seguimos a noite, fiz carinho no seu cabelo, reparava em cada detalhe e só conseguia pensar em como alguém poderia ter tão bonito até dormindo. A abracei, ela ainda estava com a perna dobrada por cima de mim, ela estava com seu rosto escondido no meu pescoço e dormimos assim. Foi uma ótima noite de sono, a melhor delas.

Continua

Você é Insuportável! || ArellanoOnde histórias criam vida. Descubra agora