6.

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Saio do quarto de fininho, torcendo para não acordar Gwen. Paro de andar no mesmo instante que ouço múrmuros.

-... Talvez eu goste dela. Não tenho certeza. - Robin dizia. Não sabia de quem ele estava falando, mas fiquei um pouco enciumada. Ele havia me chamado para sair, mas gostava de outra garota?
- Por que não tem certeza? Parece óbvio pra mim. - Finn o responde.
- Pra você! E se eu tentar algo com ela e ela não querer ser mais que minha amiga?
- Você pode perguntar pra ter certeza.
- Eu nunca teria coragem de perguntar algo assim pra ela! - o som ficou abafado, provavelmente tampou seu rosto. - Não sei o que faço, já chamei ela pra sair.

Ele havia chamado ela pra sair? Sério, o que estava acontecendo ali!

- Tudo bem, tudo bem. Está tarde, venha. Vamos dormir. - Finn diz. Corro pro quarto e entro no banheiro, não daria tempo de entrar debaixo das cobertas e provavelmente eu ficaria rindo. Esperei com que deitassem para poder sair de novo, senti sede e então sai do quarto outra vez. Já na cozinha, eu já havia bebido água, mas não queria voltar pro quarto, fiquei sentada lá. Depois de alguns minutos sozinha, Robin aparece. Ele estava com seu cabelo preso em um coque, mas ainda com a bandana. Sério, ele fica lindo de qualquer forma.

- Está tudo bem? - ele me perguntou.
- Está sim, só estou sem sono.
- Ah, entendo. - sentou na cadeira em minha frente. - Sei que estava ouvindo... - me encarou.
- Ouvindo o que?
- Minha conversa com Finn. - falou sério e eu escondi o rosto por vergonha.
- Me desculpe, não foi intencional. Estava de passagem.
- Sem problemas. - ficamos em silêncio. - O que ouviu?
-... Que você a chamou para sair. - disse num tom triste. - Mas não tinha certeza se gostava dela. - ele estava vermelho.
- Acho que tenho certeza que gosto dela.
- Sério? Boa sorte para vocês. - disse, uma mistura de tristeza com raiva invadiram minha fala.
- "Para vocês"? O que quer dizer?
- Boa sorte para vocês, ué. Espero que sejam felizes juntos! - me levanto e vou em direção do quarto, até ele segurar meu braço.
- Gatita, estamos falando da mesma pessoa? - me olha com cara de confuso. Não estava entendendo.
- Sabe que estou falando de você, não é, Yamada? - ele diz isso e meu coração acelera.
- De mim?
- Sim! De quem mais eu estaria falando?
- Não sei, você pode ter quem quiser. - desvio meu olhar para o chão, estava com vergonha e me sentia intimidada quando fazia contanto visual com Arellano.
- Isso inclui você? - ele levanta meu rosto, fazendo-me olhar em seus olhos. Não tive reação, o beijei.
Encostei nossos lábios por alguns segundos, depois disso, ele me encarou, tentando processar o que tinha acontecido, sorriu e me abraçou. Um abraço sem maldade, sem malícia. Apenas... conforto e carinho.
Ficamos abraçados por cerca de um minuto.
Nós ficamos mais alguns minutos na cozinha, até ficarmos com sono, fomos para o quarto e dormimos.
No outro dia, era sábado. O dia estava lindo! O céu azul, som de pássaros e uma brisa fresca, ou talvez eu só estivesse muito feliz.
Eu arrumei nossas "camas", enquanto Finn, Robin e Gwen tentavam cozinhar, dava pra ver que não estava dando certo por conta dos barulhos.

- Saia da frente, essa panela está quente! - Finn gritava.
- Cuidado com isso! - Robin falou, seguido de um som de louças caindo.
- Vocês são um completo desastre! - Gwen diz com irritação.
- Ora desculpe, vossa majestade. O que quer que façamos? - Finney retruca.

Eu ainda estava no quarto, estava me vestindo. Me vesti o mais rápido possível pra ir ajudá-los, quando chego na entrada da cozinha, Finn estava com uma panela, mexendo algo no fogo alto. Robin estava tentando lavar a louça, mas havia caído, então estava juntando-as do chão, enquanto isso, Gwen estava apenas varrendo o chão. Não, estava varrendo comida? Tinham derrubado metade do arroz no chão.

- Pelo amor de Deus, o que aconteceu aqui? - chamo a atenção dos três.
- Eles não sabem fazer nada sem sujar tudo o que veem pela frente! - Gwen bate o pé.
- Você quem não sabe fazer nem um arroz direito! - Finn surta. - Robin nem pra lavar a louça está prestando!
- Fala sério, você tá tentando cozinhar em fogo alto! Qual seu problema? - dizia com seu sotaque.
- Já chega! Acalmem-se. Deixem que dou um jeito nisso. - passo no meio deles, juntando as louças do chão. - Gwen pode varrer esses grãos de arroz do chão? - digo diminuindo o fogo do arroz, coloco a tampa da panela para que o arroz possa cozinhar. Corto alguns tomates e pepinos, fazendo uma salada.
- Arellano, se importa de lavar a louça? - ele fez concordância e se pôs à frente da pia, com um pano de prato nos ombros.
- Agradeceria se pudesse secar e guardar, Finney. - Robin dizia, entregando o pano para Finn.
- Ótimo, paz e sossego. - sorri.
- Sério, impossível manter a paz com esses dois. - Gwen bufou.
- Você também não ajuda, Gwenny. Fala com a gente como se estivesse falando com empregados. - Robin retruca.
- Talvez. - a menor responde.
- Talvez? Sabe que é verdade. - Finn diz revirando os olhos. Eu apenas ri da cena, era incrível o quão apegada tinha ficado em tão pouco tempo.
- Podemos ficar em paz por algum tempo? - me meti.
Eles riram e concordaram.

Nosso almoço foi calmo, estavam como sempre, fazendo piadas. Robin entrou no assunto do dia em que ele e Finn me conheceram, na cabine do banheiro.
- Sério isso? Na cabine do banheiro? Não acredito! - Gwen dizia. - O que fazia lá?
- O banheiro feminino está trancado, não tive escolha. Até hoje não sei o que aqueles garotos queriam com Finney, foram embora depois de Robin ter chegado. - falei.
- Ficaram com medo de mim, claramente. - ele dizia, esnobe. - Ainda mais depois de me virem brigando com Moose. Eu detonei a cara dele! - disse empolgado. - Lembram disso?
- Lembramos, agora senta ai. - Finn dizia.
- Você nem estava lá! Saiu antes de ficar bom. - retrucou.
- Verdade, ainda me obrigou a entrar junto. - Gwen disse em um tom de mágoa.
- Você nem sabia porquê estavam brigando, Gwen!
- Ora, você também não! - os irmãos se encaram e o silêncio se instala.
- Por que estavam brigando? - perguntei.
- Ele estava só falando merda. - disse ficando em uma posição mais confortável. - Eu pensei que ele iria recuar, sabe? Moose só tem tamanho. Fiquei surpreso quando ele veio pra cima. Eu só ia dar uma lição nele, dar alguns chutes, não iria tirar sangue, mas em casos como aquele, quanto mais sangue, melhor. Pra multidão, sabe? Você ganha um ponto forte.
- Me lembre de nunca querer brigar com você, ou com qualquer um. - Finn disse.
- Você vai ter que aprender a se defender um dia desses. - Robin responde.
- Eu sei. - disse cabisbaixo.
- Tudo bem, vamos arrumar isso. Eu preciso ir pra casa. - disse me levantando e recolhendo os pratos.

Assim nós fizemos. Estava tudo indo bem, todos conversando enquanto arrumávamos a casa, o único "problema" era que Arellano me encarava, dava uma risadinha e desviava o olhar. Fazendo-me ficar com vergonha.
Questionei se ele estava rindo da minha cara, no mau sentido. Ou se estava rindo de vergonha por me encarar, preferia que fosse a segunda opção, mas sendo uma garota que teve problemas com aparência, não podia duvidar de nada.
Depois de arrumarmos tudo, estava me despedindo de Finney e Gwen, dei um beijo na testa de ambos, seguido de um abraço. Não sabia como deveria me despedir de Robin, afinal, não sabia se ele queria continuar da mesma forma.
A princípio, eu só daria um abraço rápido no mesmo, mas ele me abraçou firme pela cintura, dando a volta da mesma, fazendo com que meus braços dessem a volta em seu pescoço, encaixando-nos em um abraço apertado. O melhor que já havia recebido. Ele me soltou, encarou meus olhos e encarou minha boca. Eu ainda estava com muita vergonha da noite passada, Finney e Gwen estavam no mesmo cômodo, o que me deixou mais nervosa ainda. Então apenas sorri, assim que ele viu meu sorriso, sorriu também.

- Vou indo. - disse saindo. - Tchau! - acenei com a mão.
- Mas... - ele não pôde terminar sua frase.

Fechei a porta e fui pra casa o mais rápido possível. Eu torcia para que ele não viesse atrás, pois estava muito envergonhada, mas também queria que viesse atrás só para que eu pudesse vê-lo. Não queria perder muito tempo, então corri para casa, no meio do caminho, lembrei-me que teria que fazer um trabalho com ele.
Como iria encara-lo outra vez? Fiquei vermelha só de pensar, só de lembrar dos seus olhos castanhos me encarando.
Algum tempo depois, chego em casa e chamo por Bruce, ele não responde. Mas eu sabia que estava em casa, sua bicicleta estava na garagem.

- Quem é você? - uma garota sai do quarto que deveria ser de Bruce.
- Ora, eu quem deveria perguntar. O que está fazendo aqui? - perguntei já irritada. - Saia!
- Ei, quem pensa que é pra falar assim comigo, pirralha? - ela grita.
- Opa, calma aí! - Bruce sai do quarto. - O que está acontecendo?
- Essa garota aparece aqui do nada, agindo como se fosse a dona! - a menina responde.
- Talvez porque eu seja! - disse subindo as escadas.
- Ela é minha irmã. - Bruce diz, a expressão da garota ficou neutra. Talvez tivesse me visto e achado que eu era alguma das garotas que meu irmão sai.
Bruce me puxou para o quarto.
- O que ela esta fazendo aqui? Você sabe que não pode trazer garotas, muito menos deixar que durmam aqui! - eu disse com raiva.
- Foi mal, só aconteceu! - falou cruzando os braços e se apoiando na parede.
- Vamos, precisamos arrumar essa casa, olha seu quarto. Parece ter passado um furacão aqui! - falei analisando o espaço. - É melhor que meu quarto esteja da mesma forma que eu deixei.
- E está. Fique calma, está pior que a mamãe. - falou revirando os olhos.
Ele saiu e conversou com a garota enquanto eu esperei no quarto.
- Feliz, senhorita Yamada?
- Com certeza! Tenho algo para contar.

Continua

Você é Insuportável! || ArellanoOnde histórias criam vida. Descubra agora