14.

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Eu o encarei, estava furioso. Queria partir pra cima dele, mesmo ele tendo o dobro do meu tamanho, encarei Yamada e ela sinalizou um 'não' com a cabeça, como se já soubesse o que aconteceria.

- Parece que já está acomodado. - ele usava uma máscara branca, tinha um sorriso sinistro e dois chifres pequenos.
- Solte-nos. - eu estava em posição defensiva, como se ele estivesse vindo pra cima de mim.
- Não posso soltá-los, não ainda. - ele tinha uma bandeja em mãos. - Aqui, para você. - deixou a bandeja no chão.
- Não quero nada que venha de você! Solte-a. - apontei para Yamada.
- Bem, ela não poderá ir. Nem ao menos era para ela estar aqui.
- E nem eu! O que te faz pensar que pode nos tirar de nossas famílias e amigos? Pior ainda, acha que vou deixar minha garota com você, você é maluco! - olhei para Yamada, esperando que ela dissesse algo, mas apenas estava com um triste olhar, então parei. Yamada nunca ficaria naquele jeito por alguém qualquer, nunca abaixava sua cabeça pra ninguém, não importa o quão assustada estivesse, mas aquilo era diferente. Ela estava com medo por mim.
Imediatamente parei.

- Assim é melhor. - o homem dizia animado. - Desculpe pela má hospitalidade, mas é o que temos. Provavelmente essa garota já lhe contou sobre o que não deveria fazer. - ele a olhou com desprezo.
- Sim, senhor. - ela o olhava com medo.

Ele não disse mais nada, apenas virou suas costas, fechando a porta. Não, deixou apenas encostada, não houve som de tranca. Dou um passo à frente, mas sou interrompido.

- Não vá. - Yamada dizia sem olhar no meu rosto.
- O que? - me aproximei dela.
- Não suba, não mexa naquela porta, Robin! -  me encarou de um jeito que nunca havia feito antes, o que me fez arrepiar dos pés a cabeça.
- Eu nunca disse que ia subir, e mesmo se subisse, poderíamos escapar! - bati o pé. - E não me chame de Robin! - a encarei de volta.
- Ouça-me! Caso você suba, ele vai acabar com você e vai consequentemente acabar comigo! Por favor, só peço que não suba. - ela disse com lágrimas nos olhos.
- Mas o que faremos? - abaixei meu tom de voz.
- Teremos que esperar.  - ela se tranquilizou.
- Esperar pelo o que? Por quem?
- Pelos garotos fantasmas. - assim que ela termina, eu a olho com cara de confuso, esperando por uma explicação. - Eu já disse, podemos falar com eles com esse telefone. Como acha que eu sabia sobre a corda? Foi o Billy! Isso foi três dias atrás. Não foi só com ele que eu falei.
- Ok, eu já entendi! Acredito em você, mas quanto tempo isso vai demorar? E com quem mais você falou?
- Não sei quanto tempo demora, eles ligam aleatoriamente, não podemos ligar de volta. Mas ouça. Griffin, outro dos desaparecidos, me contou sobre um cadeado que tranca a porta de entrada. Era o que Griffin usava na sua bicicleta, ainda tem a mesma combinação, que inclusive, está nessa parede, você precisa achar.
- Por que sempre eu? Não podemos quebrar essa corrente?
- Se você conseguir, daí podemos, mas como fará isso, inteligência?
- Com meu chute, ora!
- Mas e se quebrar o telefone? Será que ainda vai funcionar? Pensando bem, ele disse que não funcionava. Quebre logo, não consigo quebrar pois estou muito perto, não posso pegar impulso.

Assim eu fiz, chutei com toda força que tinha, que não era muita mas foi suficiente para derrubar aquele telefone velho, caindo no chão e amassando a lataria, permitindo que Yamada pudesse andar pelo porão, mas suas mãos ainda estavam presas à corrente.

- O que faremos com essa corrente na sua mão? - perguntei segurando suas mãos, estavam frias.
- Está tudo bem, Arellano. Isso já fez uma enorme diferença. - ela fez carinho na minha mão.
- Tem certeza?
- Absoluta, vamos sair daqui! - ela tirou suas mãos que estavam envolvidas sobre as minhas e segurou meu rosto, me deu um beijo, como o que me deu quando eu lhe presenteei com a bandana. Não consegui fazer nada além de retribuir aquele beijo com todo o amor e a saudade que tinha, a abracei firme, como sempre, fazendo meus braços darem a volta na sua cintura, nossas respirações estavam rápidas, estávamos matando a saudade de três dias que pareciam três eternidades. Teria sido ainda melhor se o telefone não tivesse tocado, nosso beijo foi interrompido e Yamada atendeu.

- Quem é dessa vez? Ao menos se lembra do seu nome? - voz trêmula, recuperando fôlego.
- Que tipo de pergunta é essa? Quem não lembra de si mesmo, idiota?
- Pare de falar besteiras! Ajude-nos logo. - Yamada estava tensa, sua voz estava séria.
- A parede do "banheiro". Quebre-a! - gritou tão alto que até mesmo eu pude ouvir, mas não entendi nada.
- O que? Fale mais baixo, não entendo.
- Eu mandei quebrar a parede do banheiro, porra! Você é surda, garota? - quando ouvi alguém gritando com ela, minha única reação foi pegar o telefone.
- ¡habla directo con ella! ¿Quién crees que es, hijo de puta? - eu estava furioso, além de estar passando por tudo isso, tinha que ser maltratada? Não na minha presença!
- Poderia ser o seu pior pesadelo, garoto!
- Puta merda, você é Vance Hopper! O garoto do fliperama, você costumava assustar Finney.
- E quem é você, imbecil? - ele dizia com raiva.
- Eu sou Robin Arellano, sua praga. Diga o que devemos fazer para sair daqui!
- Bem-vindo ao pesadelo da sua patética vidinha,  Arellano! Eu já disse para quebrar a porra da parede do banheiro! Atrás dela tem um freezer, pode sair por lá se for forte o suficiente!
- Ora, por que é tão mal educado?
- Hoje é o dia, seus filhos da puta! - desligou.
Apenas encarei Yamada e fizemos a mesma expressão.
- O que foi isso? - ela disse.
- Não sei, ainda não acredito que falei com Vance Hopper!
- Bem... eu disse que poderíamos falar com os desaparecidos... O que ele mandou fazer?
- Ele disse para quebrarmos a parede do banheiro. Supostamente tem um freezer do outro lado.
- Tudo bem, vamos. - puxou minha mão.

Algum tempo depois, nós ainda estávamos quebrando a parede do tal banheiro, e que lugarzinho fedido hein. Já estávamos muito cansados, nossos braços estavam doloridos demais para continuar. Resolvemos descansar um pouco, deitamos naquele colchão velho e já tínhamos perdido a noção do tempo, não sabia se estava amanhecendo ou anoitecendo. Possivelmente estava anoitecendo, Yamada deitou sua cabeça sobre meu peito e estávamos quase dormindo. Foi quando o telefone tocou outra vez, eu pedi licença pra ela e atendi, não estava muito longe de nós, afinal, eu tinha derrubado com um chute. Não deixei ela atender, não sabia quem poderia estar do outro lado da linha.

- Quero falar com ela, não você! - o garoto dizia com voz de choro.
- Como é? Quem está falando? - eu não poderia deixar que mais alguém xingasse ela.
- Ela sabe quem sou! Minha combinação está na parede! Me deixe falar com ela.
- Arellano, está tudo bem, me de o telefone. - ela disse e assim eu fiz, entreguei o telefone em sua mão. - Griffin?
- Tem outra coisa também, pode cavar! No chão do corredor tem um azulejo frouxo, eu quem deixei assim! Tentei cavar um buraco e fazer um túnel, mas não deu tempo.
- Terei tempo? - ela perguntou.
- Cave, Yamada, Cave rápido.  Você! Não! Tem! Muito! Tempo! - ele falou como se estivesse 'soletrando' a frase e a conexão cessou.
- Mais uma dica.
- Qual dessa vez?
- Cavar um túnel. Temos que ser extremamente rápidos. - ela dizia com pressa.
- Não podemos tentar descansar por um tempo?
- Mi amor, ele pode chegar a qualquer momento, não temos tempo para descansar, vamos.
- Ok... - eu dizia desanimado, mas estava feliz de certa forma, eu tinha encontrado minha garota.

Precisávamos de um plano, ele deveria ser muito completo, para que conseguíssemos sair dali. Yamada pensou em algo, não sabíamos se funcionaria, mas precisamos tentar. Primeiramente, precisávamos que ele aparecesse outra vez pela aquela porta.

Continua

Vou tentar postar ainda hoje, eu tô amando muito os comentários, dou muita risada com as reações e xingamentos, estão me motivando a continuar com a fanfic, obrigada mesmo! Desejem sorte para nossos pombinhos. ❤️‍🩹

Você é Insuportável! || ArellanoOnde histórias criam vida. Descubra agora