8.

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- Sinto muito por isso, gatita.
- Tudo bem, eles são bons pais, mas trabalham demais. E eu tenho o Bruce. - tentei dar um sorriso para tranquiliza-ló.
- Tem a mim, também... - estava me encarando, o que me fez ficar vermelha. - E-e tem Finn também! G-Gwen, é claro! - coçou a nuca. Acabei rindo, não pude conter o riso.
- Que bom que o tenho, Arellano. - aquilo saiu com naturalidade, não fiquei nervosa ou com medo de sua reação. Sabia que para tê-lo, teria que demonstrar querê-lo.
- Ei, pode parando, ok? Olha que eu fico tímido. - sarcasmo.
- Ah sim, claramente. - sorriso ladino.
- Pode parecer ironia, mas você é a única que consegue me intimidar. - Robin relaxou sua posição, escorando-se na parede.
- Sou? Muito bom saber disso! - impliquei.
- Não aja como se não fosse o mesmo comigo, da pra ver só de olhar pra você! É toda marrentinha intimidadora com os outros, mas comigo, fica toda tímida! - mostrou a língua.
- Isso é mentira. Obviamente. - cruzei meus braços.
- Não é, não. Você não consegue me encarar por cinco minutos sem ficar vermelha, Yamada. - ele riu de mim, não pude responder. Apenas permaneci na defensiva.
- Não vai responder nada? Está vendo? É verdade! - inclinou-se em minha direção.
- Fique quieto, Robin. - revirei os olhos.
- Robin? De novo com isso? - me olhou com insatisfação.
- Sim, é seu nome. - dei de ombros.
- Eres insoportable, chica. - levantou da cama e saiu.

Insuportável? Sério, quem esse garoto pensa que é? Está começando a me irritar outra vez.
Saio do quarto e procuro o rapaz pela casa, até parar na porta do banheiro, estava aberta e Robin estava parado na frente do espelho. Com seus cabelos soltos e sem bandana, sério. Justo agora que eu queria enfrentá-lo? Estava a cada dia mais difícil odiar Arellano. Não percebi, mas já estava a quase um minuto encarando ele.

- Ainda não decifrei se quer me bater ou me beijar. - falou arrumando sua bandana, com seu cabelo preso como na noite em que dormimos na casa dos Blake.
- Com certeza quero te bater. - claramente era mentira, mas não poderia dar o braço a torcer.
- Sério? Pois eu gostaria que me beijasse. - parou em minha frente.
- Bem, hoje não. - dei um soco leve em seu estômago, curvou-se e segurou a barriga, como se estivesse com dor, mas era mentira, não dei um soco forte. - Tu que eres insoportable, Arellano.
- Nem um pouco rancorosa, não é, gatinha?
- Rancor? Nunca. Agora se levanta, nem foi tão forte, já está sendo manhoso. - sendo sincera, fiquei com medo de ter realmente machucado.
- O que queria que eu fizesse? Revidasse? - se pôs de pé, mas ainda com a mão na barriga.
- Assim seria mais legal. - dei risada.
- Seria perigoso, sai dessa.
- Pra mim ou pra você?
- Pra mim, cê tá doida? - ele riu, sua risada era a coisa mais gostosa do mundo, poderia ouvi-la por horas. - Você disse que esse soco não tinha sido forte, mas não foi o que apareceu.
- Fala sério, já brigou com garotos maiores que você e ainda quer argumentar que meu soco foi muito forte?
- É que doeu ainda mais porque você recusou me dar um beijinho. - fez carinha de triste, como um 'cachorro caído da mudança'.
- Por que ninguém me avisou que teria que lidar com um garotinho manhoso?
- Porque ninguém conhece esse lado, idiota.
- Por causa desse "idiota", vai receber só um "tchau". Tchau! - fui pro quarto pegar minha mochila, ele estava me seguindo.
- Ora, você sabe que não é sério, hermosa. - parou na porta.
- Hermosa? - o questionei, o rapaz anda até mim.
- Sí, porque eres hermosa. - para na minha frente, outra vez.
- Você acha?
- Acho! - deu um beijo na minha testa, fazendo com que ambos ficassem vermelhos.
- Bem, preciso ir, Bruce me quer em casa cedo. Você vem comigo até a porta? - colocando a mochila nas costas.
- Obvio! - seu sotaque. Ele segurou minha mão. Caminhamos até a porta e então...
- Adíos, mi gatita. - outro beijo na testa.
- Tchau, Arellano. - lhe dei um abraço e um beijo no canto de sua boca, um beijo rápido. Ele ficou imóvel, talvez não acreditasse que eu teria o beijado pela segunda vez.

Eu sai pela porta e ele ficou lá, parado, estava com a mão no canto da boca, onde eu havia beijado. Percebeu que eu ainda não havia sumido de vista e acenou pra mim, sorrindo bobo. Ao ver Arellano sorrindo, não podia evitar de ficar tímida, seu sorriso era lindo, poderia iluminar meu dia, não importava o quão triste eu estava.

Cheguei em casa e estava silêncio, como sempre. Bruce estava treinando no quintal, eu não tinha mais nada para fazer hoje, então fiquei sentada na varanda lendo um dos meus livros favoritos, assistindo o treinamento de beisebol de Bruce. Ele já estava cansando, então resolvi buscar uma garrafa d'água na cozinha, o campeonato já tinha passado, mas ele não deixava de treinar por nada nesse mundo.
Voltando para a varanda, ele estava sentado no degrau da escada, com seu taco de beisebol escorado na escada. Dei a garrafa em suas mãos.
- Toma.
- Nem precisei pedir, obrigado, gracinha. - bebeu a água. - Como foi o trabalho?
- Foi bem, não foi tão fácil quanto imaginei, mas conseguimos sem muitos problemas.
- Ah, que bom. - sorriu e bebeu outro gole de água.
- Sobre o que conversaram? - me sentei com o livro em mãos. - Merda, perdi a página! - pensei.
- Nada.
- Nada?
- Nada que você precise saber também, ora. - levantou para ir jogar de novo.
- Ah, qual foi?
- Esquece! Não vou contar nada. - foi jogar.
- Idiota. - fui para meu quarto e dormi como uma pedra, apesar de apenas estar anoitecendo.

No outro dia, na escola, Robin estava agindo normalmente, como se nada tivesse acontecido. Eu fiz o mesmo, não sabia como deveria agir, então segui seus movimentos. Finney e Gwen eram quem estavam estranhos, ficavam cochichando e quando eu chegava perto, eles paravam. Mas não acredito que poderiam falar mal de mim, não é? Ou talvez eu só estivesse com paranóias sem sentido. Era o que eu esperava, até Robin vir falar comigo no intervalo.

- [nome], é... Finn e Gwenny estão estanhos com você também? Ou é só comigo?... - essas últimas palavras soaram tristes.
- Com você também? Já estava ficando louca achando que era só comigo! - eu suspirei aliviada. - Estão aprontando algo.
- Definitivamente. - Arellano apoiou seus braços na mesa. - Precisamos descobrir o que é!
- Vamos esperar mais um pouco, talvez nos contem o que estão tramando. - vi os irmãos Blake entrando no refeitório. - Lá estão eles.
- Será que vão sentar aqui? - apoiou a cabeça nos braços.
- Espero que sim, fiquei curiosa.
- Eu também. - nós rimos.

Gwen e Finn sentaram no nosso banco, supostamente estavam normais. Até começarem a se comunicar entre olhares, Robin também percebeu.

- Ok, contem. - bateu a mão na mesa.
- Contar o que? - Finn tentou se fazer de sonso.
- Ora, você sabe. Contem o que estão escondendo de nós. - falei séria.
- Ninguém está escondendo nada. - Gwen falou querendo rir.
- Gwendolyn Blake, vai mesmo mentir pra mim? - Robin arqueou a sobrancelha.
- E-ela não está mentindo, ué. Não estamos escondendo nada. - Finney ficou nervoso.
- Tudo bem, já entregaram o jogo. Contem! - insisti. - Por favor?
- Nós já percebemos. O que estão esperando? - Gwen diz.
- Esperando o que, meu deus? E o que perceberam? - Robin revirou seus olhos.
- Vocês se gostam! - Finn fala sob pressão. Arellano e eu ficamos vermelhos.
- Como é? - tentei retrucar.
- Nós já percebemos, ainda não notaram? Robin, é óbvio que Yamada está caidinha por você. E o mesmo vale pra você, [nome]! Robin nunca foi tão íntimo com alguém. - Gwen fala, sem uma falha na dicção. Apenas nos encaramos, esquecemos de contar certos detalhes...

Continua

Você é Insuportável! || ArellanoOnde histórias criam vida. Descubra agora