Capítulo 11

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JOSH BEAUCHAMP

O negócio me encarava de cima da mesa como se não fosse um objeto inanimado. E meu filho, sentado no chão diante de mim, parecia me julgar, com aqueles olhos tão parecidos com os meus, ao invés de brincar com os brinquedos que espalhamos. Eu não era exatamente um profissional para brincar com uma criança, mas Henry não era difícil. Só que naquela manhã ele parecia mais interessado em mim do que no resto.

Novamente... era como se estivesse me julgando.

Não que eu não estivesse fazendo o mesmo.

Mas, obviamente, como se a situação já não fosse constrangedora por si só, meu querido irmão tinha que piorá-la.

Era pouco mais de onze da manhã, e eu tinha passado aquela noite estranha na companhia de Any, mas não tinha sequer visto a hora em que Noah havia chegado em casa, mas lá estava ele de pé, cabelos molhados e cheirando a sabonete.

Só porque minha cabeça não estava confusa o suficiente, ele olhou diretamente para o tal objeto que parecia completamente fora de ambiente ali na minha sala.

— Flores? — ele indagou com uma sobrancelha erguida, enquanto abria a geladeira e tirava uma latinha de suco concentrado de lá de dentro.

Sendo sábado, eu não poderia sequer inventar que tinham sido compradas por Jenny.

— Não, são pedras — respondi com meu pior humor. Já estava esperando que zombasse de mim, mas não poderia fazer nada a respeito, porque sabia que ele iria insistir. Eu o conhecia muito bem.

Quando reergueu aquela sobrancelha em uma expressão provocadora de sarcasmo, eu soube que estava ferrado.

— Você entendeu a pergunta, Grinch. Estou tentando descobrir o que elas estão fazendo aqui. Meu irmãozinho tem uma admiradora secreta e eu não sei? — Com a latinha na mão, Noah fez uma festinha na cabeça de Henry e sentou-se no sofá, logo acima de mim, que continuava no chão, tentando entreter o bebê.

Claro que ao ver o tio que adorava, meu filho abriu um sorrisão e começou a balbuciar, indo em direção a ele. Noah deixou sua bebida de lado e o pegou, colocando-o em seu colo.

Levantei-me do chão e comecei a recolher os brinquedos.

— Eu as comprei hoje de manhã. Fui dar um passeio com Henry, passei pela floricultura e... bem... elas estão aí — respondi, constrangido.

— E você decidiu decorar o apartamento assim, do nada? — ele continuava a provocar. Não iria me deixar em paz enquanto não descobrisse a verdade.

— São para Any, ok? Satisfeito? — Pronto. Lá estava a confissão. Abri os braços, dando-me por vencido, irritado demais com ele e comigo mesmo para mudar de atitude.

Meu irmão arregalou os olhos.

— Any? A vizinha gatinha? — Ele sabia muito bem quem era, eu não ia ficar chovendo no molhado, apenas assenti. — Ah, mas isso aqui acabou de ficar muito interessante! Por que você comprou flores para ela?

— Não acho que eu deva satisfações a você — respondi em um resmungo.

— Não, mas, por favor, eu preciso de um entretenimento. É sábado à tarde, estou entediado...

Olhei para ele com um ar reprovador, mas o sorriso de Coringa de Noah parecia grudado em seu rosto. Meu irmão realmente não iria me deixar em paz. Ele certamente começaria a formar ideias em sua cabeça de que eu estava a fim da garota ou qualquer coisa assim. O que não era verdade. Não mesmo.

Para que parasse com aquele interrogatório, eu precisava me livrar logo do fardo.

— Ontem Henry ficou agitado de madrugada, e eu acabei pedindo ajuda a ela. A moça foi gentil, acalmou o meu filho, e...

O Último Desejo ¡! BEAUANY Onde histórias criam vida. Descubra agora