JOSH BEAUCHAMP
DOIS ANOS E MEIO DEPOIS
Eu tamborilava meus dedos no braço do sofá, enquanto a mulher à minha frente fazia algumas anotações antes de me fazer começar a falar. Sobre o quê? Eu não fazia ideia.
Se fosse há algum tempo, eu teria negado veementemente em estar ali, mas Any normalmente ganhava os argumentos em nosso casamento, o que me fazia perceber que deveria haver algo errado comigo.
Ou não... ou talvez eu só estivesse seguindo o lado mais racional e inteligente de nós dois. Aquela garota sabia o que fazia.
— Então... Josh — a moça começou. — Você é casado, certo?
— Sim. Dois anos e meio.
— E como estão as coisas?
Sorri sem nem perceber.
— Melhores impossíveis. Minha esposa é... — Cheguei a suspirar, pensando em Any e me emocionando. — Se não fosse ela, eu ainda seria um homem que não queria ser.
— E que homem seria esse? — ela perguntou, no modo terapeuta.
— Um homem que não vivia, só existia. A única coisa boa que conseguia enxergar era o meu filho, e eu não queria depender tanto dele.
— E você acha que o que você precisava, desde o início, então, era uma família? A sensação de um lar?
— Talvez.
— Houve algum problema na sua infância? Algo que te deixou algum trauma?
— Sim. Minha mãe nos abandonou. Ela foi embora com outro homem e nunca mais voltou.
— E você a procurou?
— Não. Nunca.
— Mas a perdoou?
Hesitei. O que eu poderia dizer em relação àquilo? Não era algo que doía mais, mas também não era uma coisa pela qual eu poderia passar por cima ou lembrar sem sentir o coração apertar um pouco no peito, principalmente pelo meu pai, que sofrera bastante na época.
Como não sofreria? Se Any me deixasse...
Este não era um pensamento que eu queria alimentar.
— Hoje em dia não faz mais diferença perdoar ou não. Quero que ela esteja feliz, mas não quero vê-la mais.
A terapeuta assentiu, balançando a cabeça bem devagar.
— Você tem hobbies, Josh? Coisas que aprecia além do seu casamento? — ela falou em um tom de brincadeira, mas entendi o que queria saber. Precisava entender se meu relacionamento com Any era saudável ou se eu tinha alguma dependência dela.
Às vezes eu me perguntava isso também, mas a resposta vinha imediatamente: se ela não estivesse feliz comigo, queria que seguisse com sua vida. Doeria pensar nela com outra pessoa, mas alguém com uma personalidade e um caráter como o daquela mulher não merecia ficar engaiolada em um relacionamento que não a fazia bem.
Apesar disso, aquela foi uma resposta que eu também gostei de dar.
— Eu tenho. Gosto de desenhar. Faço principalmente para o meu filho, mas tenho construído uma história em quadrinho de super-herói.
— Que interessante. Mas por que só para o seu filho?
— Ele gosta que eu conte essa história para ele, embora ainda não entenda muita coisa. Mas acho que quando for mais crescido, vai querer ler.
— Outras pessoas também poderiam gostar — ela comentou com um tom malicioso.
— É algo que ainda estou pensando. — Abri um sorriso, pensando no quanto a ideia começava a se tornar atraente na minha cabeça, especialmente com a insistência de Any. — Mas não descarto.
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O Último Desejo ¡! BEAUANY
AcakBEAUANY ¡! Fazia um ano que eu tinha Josh Beauchamp como vizinho, mas não sabia nada sobre ele, apenas que era um homem calado, frio, sisudo e meio rabugento. Mas bonito como o pecado, rico, CEO de uma empresa milionária e pai do bebezinho mais fof...