ANY GABRIELLY
Tudo aconteceu tão rápido que ainda era um borrão na minha mente.
As acusações de Josh me feriram profundamente, deixando um buraco no meio do meu coração, como se este tivesse sido alvejado por uma bala. Eu queria sumir. Só isso.
Então eu fugi, saí correndo sem nem pensar nas consequências. Ouvi vozes, buzinas, e então o mundo pareceu girar ao contrário. Até que tudo se apagou.
Quando se acendeu de novo, eu estava em um lugar estranho, sendo checada por pessoas estranhas. Mas, ainda assim, minha mente me levava para longe. Tanto que quando me falaram sobre os exames, eu nem contestei, apenas assenti.
Voltei a mim já dentro de um local claustrofóbico, como se tivesse sido enterrada viva.
Claro que surtei.
A sensação do elevador parado? Multiplica por três.
Uma enfermeira me ajudou a vestir minha roupa e a chegar numa sala de descanso, onde fiquei esperando. Olhos fechados, sentindo-me um pouco grogue ainda, com a cabeça latejando bastante. Só que isso nem se comparava à dor no meu peito. A dor de ser mal interpretada quando tudo o que eu fiz foi com boas intenções.
— Ela teve uma concussão. Não há nada de errado nos exames, mas ela pode se sentir tonta ainda e o ideal seria não deixá-la dormir ao menos até amanhã, pelo menos até umas nove, só para garantir. — Ouvi alguém falando, uma voz feminina, mas mantive meus olhos fechados e a cabeça virada para o lado contrário do da porta. — Conseguimos fazer uma tomografia, mas a ressonância ela não permitiu.
— Mas o que vocês fizeram foi suficiente? — a voz de Josh. O que ele estava fazendo ali? Não estava magoado comigo?
— Sim, o Raio X e a tomografia são suficientes. Ela está bem, só precisa de cuidados.
— Pode deixar, doutora. Obrigado.
Barulhos de saltos batendo em um piso ecoaram e depois o silêncio – ao menos na salinha onde eu estava, porque ao redor o hospital tinha seus sons característicos. O cheiro característico.
Só que eu sabia que não estava sozinha. Podia sentir a presença dele mesmo de olhos fechados. Assim como o cheiro do hospital não me passava despercebido, eu sentia que se confundia com o dele. Naquele momento, me remetia à praia onde estivemos momentos antes – embora eu não fizesse ideia de há quanto tempo estava ali –, mas havia o aroma inconfundível de Josh, que sempre me fez sentir feliz e segura. Só que não naquele instante.
Eu só sentia mágoa.
— Any — ele chamou com doçura, e eu fiquei muito tentada a não responder. A continuar com o rosto virado para a parede, mas sabia que ele não ia desistir.
— O que quer, Josh? — falar eu falei, mas não virei a cara. Ainda não estava pronta para olhar para ele e ser acometida por lembranças, boas e ruins.
— Te levar para casa. A médica disse que está tudo bem.
— Posso ligar para a Saby para ela vir me buscar. Não precisa se incomodar.
A mão enorme de Josh segurou meu rosto com delicadeza e o virou em sua direção. Fui obrigada a abrir os olhos, porque seria muito infantil da minha parte mantê-los como estavam.
Mas só de olhar para ele, não consegui conter o choro.
Ele coletou uma lágrima com um de seus dedos e respirou fundo.
— Me desculpa. Eu não deveria ter te tratado da forma como tratei. Você não merece.
Encolhi os ombros.
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O Último Desejo ¡! BEAUANY
De TodoBEAUANY ¡! Fazia um ano que eu tinha Josh Beauchamp como vizinho, mas não sabia nada sobre ele, apenas que era um homem calado, frio, sisudo e meio rabugento. Mas bonito como o pecado, rico, CEO de uma empresa milionária e pai do bebezinho mais fof...