Capítulo 14

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JOSH BEAUCHAMP

Eu estava louco.

Aliás, vinha cometendo pequenas loucuras há alguns dias, desde que aquela coisinha intrometida entrara na minha vida. Imprudências que não deveriam acontecer, porque eu tinha uma vida toda estabelecida. Uma vida que funcionava. Trabalho, um bebê, seriedade e foco. O que uma garota como Any iria acrescentar nela? Apenas problemas, com certeza.

Andando de um lado para o outro, minha cabeça não conseguia escapar da cena da noite anterior. Ela parada diante de sua porta, mais linda do que seria prudente para a minha sanidade, com aquele olhar meigo e o sorriso com as covinhas profundas. Nunca, em toda a minha vida, eu senti tanto desejo de beijar alguém.

Consegui me controlar por pouco, porque minha real vontade era empurrá-la de volta para o apartamento, fechar a porta e imprensá-la contra ela, beijando-a como eu realmente queria beijar. Não um selinho sem graça.
Queria sua boca por inteiro, sentir seu gosto, senti-la render-se em meus braços.

Há quanto tempo isso não acontecia? E eu não estava apenas contando o ano da minha viuvez, estava buscando respostas mais longe.

Alguma vez Taylor se entregou a um simples beijo como Any fizera na noite anterior? Nem mesmo na cama ela nunca foi muito receptiva, e por mais que eu não fosse um modelo de simpatia, sabia ser generoso no sexo.
Bastante. Era um dos momentos em que eu esquecia todo o resto e focava apenas na outra pessoa, porque ver uma mulher se rendendo ao prazer sempre foi algo que me excitou muito. Considerava uma pena que minha esposa não fosse tão adepta. Sentia como se, para ela, fosse mais como uma obrigação.

Fora que ela vivia com medo de engravidar. Até que aconteceu.

Odiava pensar que meu bebê pudesse ter causado uma repulsa tão grande em minha esposa ao ponto de ele ser o ponto de limite para que ela decidisse tirar sua vida.

E este era um tema recorrente nos meus pesadelos.

Mas não era hora de pensar nisso. Eu tinha uma decisão a tomar.

Queria muito ter alguém para conversar, e poderia ter usado Jenny se não fosse domingo. E eu não iria telefonar para a minha funcionária, no meio de seu dia de folga, só para dizer que queria conselhos amorosos. Fora que tinha certeza de que me incentivaria a ir em frente, a tentar, porque eu merecia ser feliz. Algo que eu nem sabia se concordava.

Noah não era sequer uma opção. Aquele só pensava com a cabeça de baixo. Com certeza me daria algum conselho para que eu transasse com a moça e não me envolvesse. E, nem de longe, eram as minhas intenções. Any não merecia tão pouca consideração.

Mulher nenhuma merecia. A não ser que tivesse o mesmo objetivo.

Olhei para Henry e percebi que meu bebê, sentado no meio da minha cama, me observava. Mais uma vez.

— O que foi? Qual é o seu time, filho? Você acha que eu devo dar seguimento ao que aconteceu ontem ou ignorar e esquecer? — Eu não precisava nem perguntar duas vezes, aquele garoto já estava apaixonado por Any. Ele certamente iria querer que eu me envolvesse com ela.

Mas se fôssemos apenas amigos, ainda assim, ele a teria por perto, não é?

Eu não precisava torná-la...

O quê? Uma namorada?

— O que aconteceu ontem? — a voz surgiu, sobressaltando-me.

Pronto, era o apocalipse.

Noah tinha ouvido minha conversa ridícula com Henry e iria me encher o saco até eu explicar e confessar o que se passava pela minha cabeça.

Mas... talvez... fosse a minha opção. Era meu irmão, afinal de contas. Por mais que fosse um cabeça de vento na maior parte do tempo, sabia que me queria bem. Mais do que isso, queria que eu saísse da melancolia e voltasse a viver.

O Último Desejo ¡! BEAUANY Onde histórias criam vida. Descubra agora