JOSH BEAUCHAMP
Eu gostaria menos de finais de semana se não fosse por Henry. Eram os dias em que eu tinha chance de curti-lo, de tentar ser o pai que ele merecia, embora sequer chegasse perto disso. Mas sentia falta da ocupação que o trabalho me proporcionava.
Exatamente por eu ter um trabalho monótono e praticamente automático, que não exigia criatividade ou enormes insights da minha parte, podia me dar ao luxo de simplesmente executar minhas tarefas com qualquer tipo de humor. Quando era mais novo, cheguei a sonhar com algo mais emocionante, principalmente porque sempre gostei de desenhar, mas minha primeira perda – da minha mãe – começou a me transformar em outra pessoa.
Era quase irônico pensar que um dia eu sonhei em ser desenhista de histórias em quadrinhos. Logo eu? O cara que não acreditava em magia e muito menos em super-heróis?
Como eu poderia acreditar, se não consegui ser o herói da minha própria esposa?
Um sorriso escapou do meu rosto ao observar Henry finalizando sua papinha, com o rostinho lindo todo sujo. Peguei o babador e passei em sua boquinha, retirando-o e pegando-o no colo.
— Pensei que ia comer o prato também, ogrinho. — Ele obviamente não entendeu nada do que eu disse, mas a risadinha me matou. Porque eu queria vê-lo rindo, gargalhando. Tudo o que eu pedia todos os dias era que mesmo vivendo ao lado de um homem que era apenas uma casca vazia ele conseguisse ser… feliz. Só feliz.
— É que essa coisinha linda saiu ao tio, né?
Meu irmão surgiu nem sei de onde, arrancando o bebê dos meus braços e apertando-o contra si. Pegou um pano de prato, colocou em seu ombro e começou a fazer Henry arrotar.
Como eu disse… ele era um ótimo tio. Talvez, no final das contas, fosse uma melhor influência em matéria de felicidade do que eu.
Só que uma coisa me chamou a atenção. Era pouco mais de meio-dia e Noah já estava de pé. Era de se surpreender.
— Caiu da cama? — perguntei enquanto ele cuidava do meu filho.
Sábado e domingo eram as folgas de Jenny, então eu mesmo comecei a recolher o pratinho onde ele comeu, levando-o à pia para ser lavado.— Dormi cedo ontem. Ao menos para os meus padrões. Tinha uma conferência hoje de manhã, às nove. Estava nela até agora. — Enquanto falava, segurou Henry por debaixo dos dois braços, erguendo-o no ar com cuidado e encarando-o. — Fala para o tio, coisa linda… fala… quem é o louco que marca reunião a essa hora da madrugada? E num domingo! — Novamente a criança não entendeu nada, mas riu e falou alguma coisa em sua língua, que ninguém ainda compreendia.
Lavei rapidamente o pratinho e a colher e voltei para me sentar no sofá depois de secar as mãos.
— Algo bom em vista? — Eu não costumava perguntar muitas coisas sobre o negócio do meu irmão, mas já que ele estava ali…
— Boas perspectivas. Uma rede de pubs bem famosa no país se interessou em fazer um evento para lançamento da cerveja simultâneo em vários estados. Vai ser coisa grande, sabe? Não sei se tenho know-how para isso ainda, mas quero cair de cabeça.
— Você precisa. Seria uma boa forma de começar o negócio.
— Eu já topei. A ideia é que aconteça daqui a uns dois meses, então ainda tenho tempo para planejar. — Noah veio se sentar também, mas tomou o assento na poltrona.
— Só não deixe tudo para cima da hora.
— Não vou deixar, Grinch. — Aquele apelido de novo. Só que não era exatamente do Natal que eu não gostava, né? E nem era como se eu não gostasse de nada. Eu só não tinha muito ânimo para a maioria das coisas.
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O Último Desejo ¡! BEAUANY
De TodoBEAUANY ¡! Fazia um ano que eu tinha Josh Beauchamp como vizinho, mas não sabia nada sobre ele, apenas que era um homem calado, frio, sisudo e meio rabugento. Mas bonito como o pecado, rico, CEO de uma empresa milionária e pai do bebezinho mais fof...