ANY GABRIELLY
Apesar de a mão dele ser muito maior do que a minha, elas pareciam se encaixar como se tivessem sido feitas uma para a outra. Os dedos entrelaçados pareciam elos, porque Josh me segurava com determinação, como se fosse possível que eu escapasse com o vento.
Não havia muitas palavras naquele momento, ou talvez quase nenhuma, nós só continuamos caminhando e caminhando, e eu precisei agir como se não tivesse acabado de receber o melhor beijo da minha vida.
Era como se um interruptor tivesse acabado de ser ligado dentro da minha cabeça, fazendo engrenagens funcionarem, alertando-me de que aquele homem era puro perigo. Se com um beijo ele já tinha me deixado de pernas bambas, o que mais poderia tirar da cartola?
O dia estava bonito, ensolarado, mas não quente demais, então era agradável ficar passeando daquela forma, mas eu precisava confessar que estava começando a ficar agoniada. Queria que ele dissesse o que estava acontecendo entre nós, o que éramos, o que estava sentindo. Que explicasse por que me beijara. Que dissesse alguma coisa, pelo amor de Deus!
Mas então nós nos sentamos sob uma barraca, de frente para o mar, e ele tirou um caderninho do bolso, além de uma lapiseira.
Havia um sorriso quase malicioso em seu rosto, que curvava apenas um canto de sua boca, muito charmoso e novo. Nunca tinha visto Josh sorrir assim, mas estava gostando de cada coisa que descobria sobre ele.
Muito misterioso, começou a rabiscar seu papel. Às vezes olhava para mim, em silêncio, e havia tanta admiração em seus olhos que me comoveu.
Era bom ser olhada assim. Até aplacava a ansiedade para saber o que se passava por sua cabeça.Embora nem eu soubesse o que se passava na minha.
Josh continuou seus rabiscos, sem me deixar ver do que se tratavam, até que pareceu terminar. Olhou o papel de um lado, do outro, e quando se deu por satisfeito, empurrou-o para mim, depois de colocá-lo sobre a mesa.
O que eu vi me surpreendeu. Tratava-se de um desenho muito bem feito de mim. Não era uma caricatura, era uma representação mais real, embora ele tivesse feito rápido, em tempo limitado. Eu estava de perfil, mas uma das minhas covinhas se destacava em meu rosto, como se isso fosse algo que ele costumava admirar.
Havia um brilho nos meus olhos e algo de moleca na minha expressão. E eu supunha que era assim que ele me via. Gostava disso.
— Uau! Está lindo.
— Você é linda.
Ele conseguia facilmente me tirar o ar só com três palavras. Novamente:
Josh era perigoso. Um homem canalha – tipo Noah – sabia sempre as coisas certas a dizer. Tinha um repertório de frases ensaiadas que funcionavam com mulheres de todos os tipos. E... ok, era legal ser admirada dessa forma. Só que receber aquele tipo de elogio por um cara como Josh, que raramente os liberava, era algo completamente diferente.— Não sabia que você era tão talentoso
Ele deu de ombros, como se não fosse importante. Voltou seus olhos para o mar, que rugia à nossa frente, deixando as mãos entrelaçadas em seu abdômen.
— Eu me empenhava muito quando era mais novo, mas perdi um pouco da prática.
— Você deveria voltar a desenhar. Henry vai gostar quando for mais velho. Você poderia criar um quadrinho para ele.
Josh sorriu, mas ainda não me encarou.
— É uma ideia. Quem sabe um dia?
Então ficamos calados novamente, e eu tentei mais uma vez fazer a blasé, como se não me importasse o fato de que não estávamos conversando sobre o beijo.
E eu continuei me controlando até que não aguentei mais.
— O que aquele beijo quis dizer? — perguntei, olhando para o mesmo ponto que ele, em uma posição muito parecida.
Ele demorou a responder, quase como se estivesse fazendo suspense, mas não acreditava que fosse o caso, porque não era um homem de joguinhos.
— Eu não sei, Any — respondeu muito sério. — Mas eu sei que quero repetir. Não quero que seja o último. — Algo dentro de mim se remexeu com a decisão em sua voz. E com a possibilidade de uma repetição do beijo. Porque eu queria muito. — A não ser que você não queira.
— Ah, eu quero — respondi rápido demais, o que o fez sorrir e pegar minha mão, beijando-a ternamente.
Ficamos mais um pouco em silêncio, mas falamos também. Contei para ele sobre meus pais, sobre a adoção e sobre minha convivência com minha tia-avó. Por mais que ele também tivesse falado, contando sobre a amizade de seu pai com D. Márcia, era fácil ver que não era um homem de longos diálogos.
Tudo bem, eu poderia falar por nós dois.
Quando já estava mais tarde, quase anoitecendo, nós nos levantamos e caminhamos até o nosso prédio. Ele subiu de escada comigo, só para não me deixar sozinha – o que achei fofo – e me acompanhou até a minha porta, embora a dele fosse exatamente do lado.
— E então? Boa noite? — indaguei, quase em expectativa.
— Pensei que iria me convidar para entrar — falou em um tom divertido.
— Você quer?
— Quero, mas não vou demorar.
Assentindo, destranquei a porta e dei passagem para ele.
Só que assim que eu a cruzei também e a bati, a mão de Josh se fechou em meu punho e me puxou para si, encostando-me na parede em seguida e assaltando meus lábios com fome, urgência e desejo.
Não foi um beijo como o anterior. Aquele era mais... dominador.
Sim, ele parecia estar querendo tomar posse de mim. Como se a minha pergunta de mais cedo, sobre o que o outro beijo quis dizer, finalmente tivesse encontrado uma resposta.
Aparentemente ele me queria. Não apenas algo fugaz.
Ou era o que eu pensava. O que eu queria.
Apesar da intensidade do beijo, Josh não tomou liberdades. Uma de suas mãos ficou na minha nuca, ao máximo passeando até o meu rosto, e a outra ficou firme, aberta, espalmada na minha cintura. Agora, com a boca e a língua... aí sim ele estava fazendo misérias.
Eram primeiros beijos inesquecíveis. Como todo primeiro beijo entre um casal deveria ser.
Quando ele se afastou, quase senti falta de seu corpo contra o meu e de sua boca na minha.
— Eu falei que aquele não seria o último — ele sussurrou, ainda muito perto, mas sem me tocar.
— E esse foi? — testei, arfante.
— Nem perto disso.
Depois dessa bomba, ele simplesmente recuou, seguindo para a porta e saindo do meu apartamento, deixando-me ali, sentindo seu cheiro em mim, por toda parte, e seu gosto nos meus lábios.
Continua....
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O Último Desejo ¡! BEAUANY
SonstigesBEAUANY ¡! Fazia um ano que eu tinha Josh Beauchamp como vizinho, mas não sabia nada sobre ele, apenas que era um homem calado, frio, sisudo e meio rabugento. Mas bonito como o pecado, rico, CEO de uma empresa milionária e pai do bebezinho mais fof...