Capítulo 15

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No dia seguinte, na escola, contou à Paty sobre o ocorrido do dia anterior na casa de Ximú, e a garota pareceu surpresa e assustada.

— Bem que achei estranho todo esse tempo eles não terem feito nada. Mas eu não esperava por isso.

— Não sei o que vamos fazer. E o pior, é que tem a possibilidade de terem te visto conosco, se estão nos seguindo. — Suspirou. — Me desculpa. Eu não tinha que ter te metido nisso.

— Tudo bem. Eu estava ciente do perigo que, possivelmente, eu poderia estar correndo.

Camila sentiu o coração dar um pulo quando pensou em Kari. Ela e os outros Viajantes poderiam estar correndo perigo também. Talvez a O.P.U não soubesse deles ainda, porém, poderiam ter levado o perigo até eles, no dia em que os conheceram. E se Ximú não fizesse o que eles queriam? Talvez ainda estivessem deixando Camila, Heliberto e Godofredo vivos, pois eles eram como uma arma que usariam para ameaçá-la.

Gritos foram escutados vindos do corredor, o que tirou Camila de seus pensamentos. Olhou rapidamente para a porta, procurando ver do que se tratava. Paty fez o mesmo. Viram Pleasy entrar de skate na sala quase que no mesmo instante. Alguns alunos que estavam perto da porta se jogaram para o lado, evitando serem atropelados. A garota fez uma manobra e o skate voou até sua mão. Ao ver Camila e Paty, ela sorriu.

— Eae! — Pleasy passou o olho pela sala. — Cadê a Lia?

— Ainda não chegou. — Paty respondeu.

— Beleza. — Colocou a mochila em cima de sua mesa e andou em direção a elas, sorridente. — A gente não se conhece muito bem. O que acham de conversarmos? — Ela se sentou no assento de Henrique, que ainda não havia chegado. — Sabe, uma coisa que sempre achei irado em você, Leyla, foi que você teve a coragem de matar o seu próprio pai.

Camila e Paty se entreolharam, confusas.

— Você acha isso legal? — Camila perguntou. Pleasy tinha uma opinião bem peculiar.

— Sim! Mas não você ter matado uma pessoa, e sim ter matado alguém que assassinou uma galera, mesmo sendo o seu pai. Você foi basicamente uma heroína mesmo!

— Só fez isso porque ela mesma estava correndo perigo, se não nem faria. — Disse uma voz arrastada, que Camila não gostava de escutar. Melina havia acabado de entrar na sala. Venice vinha atrás dela. — Leyla é uma assassina igual ao pai! — Disse entredentes. Ela continha sua habitual expressão de raiva no rosto, sempre que a encarava.

— Então, aqueles boatos são verdadeiros? — Pleasy olhou confusa para Melina.

— Se você está falando sobre Leyla ter matado minha irmã, sim, é verdade!

— Não é não! — Paty a defendeu. — Ninguém tem provas.

— EU VI! — Melina levantou a voz. Seu rosto ficou vermelho igual aos seus cabelos, no mesmo instante. — Mas é claro que você vai defender sua amiguinha, não é, morta de fome?

— Não debate com ela, Lina. — Venice disse por trás da garota, desdenhosamente. — Sabe que esse tipo de gente não tem moral para falar nada. Só dizem porcarias, que nem o lugar que eles moram. — Ela encarou Paty com um sorriso debochado no rosto. — Acha que não sei por que você é amiga da minha prima? Você quer o dinheiro dela! Quer o dinheiro da minha família!

— Eu não quero nada da Leyla, nem da sua família! — Paty se levantou e parou no corredor em que as duas fileiras de mesas e cadeiras faziam na sala, ficando frente a frente com Melina e Venice. Camila não estava com um pressentimento bom sobre isso.

A Viajante - A Resistência Secreta (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora