Capítulo 23

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No dia seguinte, não havia visto Carla, e as crianças não falaram nada durante todo o caminho até a escola. O acontecido do dia anterior ainda estava em sua cabeça, mas era a sua menor preocupação. Estava se sentindo ansiosa por não saber o que estava acontecendo em Presépsis, nem em Pandiógeis. Talvez Dian soubesse de algo? Nas últimas semanas, ele quem lhe disse as novidades do que acontecia na casa de Kari, mas não na de Ximú, já que ele não possuía seu número e nem ia lá.

Enquanto caminhava pelo gramado da escola, Camila sentia-se realmente preocupada. E se tivesse acontecido alguma coisa? Precisava ir para Presépsis, porém, não podia fugir de novo, pois isso só pioraria tudo, e se pedisse a Bartolomeu, ele com certeza diria não. Estava em um beco sem saída.

Ao sair de seus devaneios, viu Paty subindo a escadaria de pedra, e resolveu ir até ela.

— Paty!

— Oi! Como estão as coisas? Conseguiu achar um jeito de ver os outros Viajantes?

— Ainda não, infelizmente, mas tenho algo que pode ser que você fique interessada em saber.

Caminharam até um canto do Salão Principal e contou tudo que descobriu na noite anterior para Paty, que pareceu surpresa e incrédula.

— Eu nunca havia pensando nisso. Isso é horrível! Leyla foi adotada por causa de uma herança. Mas até faz sentido. Tipo, você... ou melhor, Leyla, tem cabelos pretos. Carla e Daniel loiros e castanhos, respectivamente. Eu já tinha reparado nisso, para a falar a verdade, mas considerei a possibilidade de ser algum gene recessivo.

— Um o quê? Bem, de qualquer forma, parece que ninguém nunca desconfiou.

— A cada dia que passa, estão surgindo muitas coisas estranhas. Quando não é relacionado ao fato de você ser uma Viajante, é ao fato de você estar no corpo da Leyla. Quando não é os dois.

— Mas eu não quero mais me meter nos problemas da Leyla. Tenho já meus próprios problemas para lidar.

— Então, isso significa que você não vai mesmo atrás da segunda pessoa que está envolvida no assassinato da Leyla?

— Desculpa, Paty. Tenho coisas mais importantes para me preocupar agora.

Paty pareceu incomodada.

— Mais importantes? Essa pessoa matou a minha melhor amiga!

— Você não disse que ela está viva? Para você ela não está no meu corpo?

— O que isso tem a ver? Acha que eu gosto da ideia de ter uma assassina solta por aí, ainda mais a que matou ou tentou matar a minha amiga?

— Desculpa, Paty, mas eu já quase morri por causa disso. Não quero mais me envolver em nada disso. De ameaça à minha vida, já basta uma organização secreta. Não quero mais problemas do que os que já tenho.

— Você não entende! Já pensou em quem mais essa pessoa pode tentar matar?

— A mim, se eu me envolver nisso de novo!

— Você já está envolvida! Você é Leyla Scarlett!

— Não, não sou! — Camila levantou a voz sem perceber, o que com que todos que passavam pelo local olhassem na direção delas. — Não, não sou. — Disse agora em um tom mais baixo.

Ela ainda era Camila, e tinha que resolver os problemas da Camila, não de Leyla. Ser duas pessoas ao mesmo tempo era exaustante demais. Por que era tão difícil de Paty entender que ela não tinha obrigações como Leyla? Já cansou de tentar ser Leyla havia muito tempo. A O.P.U já sabia quem ela era, e já estava atrás dela. Para que ficar sustentando algo que não tinha propósito nenhum?

A Viajante - A Resistência Secreta (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora