Capítulo 27

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Camila saiu em direção ao ponto de ônibus mais próximo, olhando para os lados a cada cinco segundos, mais ou menos, tentando prestar atenção a sua volta e se certificar de que não haveria nenhum carro misterioso a seguindo. Depois de alguns minutos, já havia embarcado no ônibus que a levaria até Presépsis. Uma sensação de alívio a fez suspirar quando se sentou no banco do veículo.

Enquanto observava a paisagem passando rapidamente diante de seus olhos, ficou pensando na matéria do jornal. A O.P.U. Provavelmente foram eles. Estavam começando a descartar os corpos daquelas pessoas. Pessoas inocentes... como se fossem lixos.

Henry havia lhe dito que a O.P.U havia pegado os corpos que chegaram mortos, sim. Mas apesar de ele ter mencionado isso, nunca se quer parou para pensar o que a organização fazia com eles. Estudavam-os, talvez? Bem, lá existiam muitos Cientistas pelo jeito. Porém, demoraram muito tempo para se livrar deles. O que quer que seja lá que eles faziam, demorou tanto assim? Bom, isso se fossem corpos de pessoas que vieram mortas, e não das que eles mataram.

Um arrepio subiu pela sua espinha, o que a fez estremecer. Olhou freneticamente ao seu redor, passando os olhos por todos que estavam no ônibus. Se levantou algumas vezes para se certificar de que tudo estava tranquilo, o que direcionou alguns olhares curiosos para si.

Passado um tempo, desceu no já conhecido ponto, que ficava na rua atrás da de casa de Heliberto. Em pouco tempo, já reconheceu as casas próximas, e o gramado da casa branca mediana, em seguida. Quando se aproximou, viu Ximú atravessando a rua apressadamente, e Dian e Heliberto em seu encalço. Intrigada, resolveu ir na direção deles para saber o que estava acontecendo.

— Não era para você se precipitar! — Dian gritou.

— Dian, o que aconteceu?

— Oi, Camila. — Heliberto acenou para ela, mas não da forma sorridente e alegre de sempre, e sim, com desânimo e tristeza.

— Heliberto, o que aconteceu? — Sentiu seu coração apertar. Não gostava de ver seu amigo daquele jeito. Ele não era assim. A O.P.U havia tirando o brilho de Ximú, e agora, estava fazendo o mesmo com Heliberto.

— É a Ximú, ela está espalhando cartazes pelas ruas já tem quatro dias. — Ele respondeu, parecendo desanimado e triste.

Camila olhou para Ximú, que estava do outro lado da rua, colando vários papéis na parede da casa vizinha.

— Ei, sua maluca! — Um homem corpulento e com um imenso bigode apareceu na janela da residência. Provavelmente o morador do local. — Já é a quinta vez que você cola essas porcarias na minha casa! EU VOU CHAMAR A POLÍCIA! — Sua fúria era tanta, que seu rosto se tornou vermelho.

— Eu não ligo! Isso é mais urgente do que a decoração da sua casa! — Ximú respondeu rispidamente. — Meu amigo está desaparecido!

— NÃO ME INTERESSA! TIRE ESSAS PORCARIAS DAQUI!

Ximú colocou em seu rosto uma expressão de fúria que Camila nunca havia visto antes. Ela pegou alguns dos panfletos que segurava e jogou na cara do homem, que urrou de raiva.

— SUA IDIOTA!

Camila se precipitou em atravessar a rua, e foi na direção dos dois.

— Ximú, se acalma!

— O quê? — Ela se virou e a olhou espantada. — Você também? Não era para você ter vindo! Nenhum dos dois! — Ela olhou para Dian, que andava na direção delas.

— Estávamos preocupados com você. Você não atendia às nossas ligações, nem respondia nossas mensagens!

— Não importa! Não era para vocês terem vindo! — Ela começou a andar na direção de outras casas. — Se eu não quis falar com vocês, foi por algum motivo.

A Viajante - A Resistência Secreta (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora