Capítulo 62

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— Ximú! — Camila correu rapidamente até ela, que estava caída no chão. Ela parecia respirar com dificuldade e olhava para cima. — O que aconteceu? — Olhou para os quatro que estavam ali, mas eles pareciam tão confusos quanto ela.

— Ximú? — A voz de Heliberto foi escutada, e ele apareceu por entre os Viajantes, e ficou estático, boquiaberto e com os olhos arregalados.

— O que é isso? — Sasha apontou para o lado da barriga, e Camila seguiu com o olhar. Viu um buraco surgir gradualmente em sua roupa e corpo, e ao invés de aparecer o lado interno de Ximú, o que via era a grama do chão, do outro lado.

— O que... o que é isso? O que está acontecendo? — Sentiu o desespero tomar conta de si.

— Ela... foi atingida. — Dian parecia perplexo.

Camila se lembrou do momento em que Diana levantou sua arma, mas pensou que não havia dado tempo de ela disparar. Ximú havia sido atingida por uma arma de antimatéria. Isso significa que ela...

— Não... não... não! Ximú! — Sentiu seus olhos queimarem e ficarem marejados. Lágrimas começaram a cair rapidamente de seu rosto. Uma dor se apoderava de seu coração, uma dor que lhe era familiar, e não gostava nem um pouco da sensação. — Ximú, não!

— Saiam da frente! — Godofredo empurrou os Viajantes, parecendo desesperado. — O que aconteceu com ela? Por que ela está sumindo? O que fizeram com ela? O QUE VOCÊS FIZERAM COM ELA, SEUS HUMANOS MALDITOS?

— Camila... — A voz de Ximú saiu com dificuldade, enquanto tentava alcançar sua mão. Camila a pegou rapidamente, com necessidade. — Não chore... você é forte.

— E-eu não posso. Não posso ser forte, n-não sem você! P-por favor, não nos deixe de novo. Não me deixa. E-eu não quero perder mais ninguém!

— Por favor, Camila... cumpra o que prometeu. — Seus olhos estavam marejados, e encaravam os azuis de Camila com pesar, mas também continham esperança. — Cumpra sua promessa...

— Ximú... que promessa? — Disse entre soluços. O desespero tomava conta de si. Não sabia o que fazer além de chorar e segurar a mão de sua amiga. Sentia que essa era a única forma de estar perto o suficiente dela.

— Cumpra... a promessa. — E foi a última coisa que escutou sair da boca de Ximú.

No instante seguinte, alguma coisa no fundo dos olhos de Ximú pareceu sumir. Estavam fixos, inexpressivos e vazios. Ao mesmo tempo que encarava Camila, encarava o nada.

Então, Camila sentiu a mão de Ximú soltar da sua e quando piscou novamente, viu que ela havia sumido. Uma lágrima caiu no local que sua amiga estava há apenas alguns momentos. Em apenas alguns segundos, Ximú desapareceu por completo. Não havia nenhum sinal de que ela havia estado ali. Não havia nenhum sinal de que ela sequer existiu.

Ximú havia partido.

Arregalou os olhos quando se deu conta do que havia acontecido. Inconformada, começou a tatear a grama procurando por sua amiga. Algo que fosse dela, ou algo que lembrasse dela. Algum vestígio de que ela havia existo. Não conseguia aceitar que Ximú, sua família, havia partido.

— Não... Não. Não! — Gritou. — Onde ela foi? Tragam ela de volta! TRAGAM ELA DE VOLTA! — Sentiu seu coração acelerado e não conseguia respirar. Se engasgava em seu próprio rosto, e começou a sentir-se tonta. Ela não podia ter ido assim. Não podia ter partido. — FAÇAM ALGUMA COISA! TRAGAM ELA DE VOLTA!

Colocou os braços no peito, pensando que aquilo poderia ajudar a aliviar a sua dor. Sua tristeza era tanta que havia se tornando uma dor física. Não se assemelhava nem com a que sentiu quando descobriu a traição de Tiago. Se assemelhava c0m a que sentiu no dia em que perdeu seus pais. Quando os viu baleados à sua frente. Como naquele dia, sentiu-se pequena, sozinha, desesperançosa e desesperada. Sentiu-se desnorteada.

Ninguém ousou a dizer nada, apenas encaravam estáticos e com pesar, o local em que estava Ximú há alguns instantes atrás.

Não a veria mais, e ainda não queria aceitar isso. Não queria acreditar. Queria que tudo não passasse apenas de um pesadelo. Por que isso estava acontecendo? Não podia ser real, não podia.

A única coisa que saía de sua boca era o som dos soluços que dava enquanto chorava desesperadamente. Viu Godofredo se aproximou de onde estava, e ele se ajoelhou em seguida, tocando a grama verde, onde Ximú estava antes de sumir. Ele também não parecia acreditar na situação, ou se recusava a acreditar, como Camila.

— Camila. — Escutou a voz de Tiago vinda de atrás de si, e sentiu sua mão em seu ombro. — Eu... sinto muito.

— NÃO! NÃO! — Balançou a cabeça compulsivamente. — Eu quero ela de volta!

Apesar de achar que ela não voltaria, quando foi levada pela O.P.U, era bem diferente quando se via uma pessoa que amava morrer em sua frente. Ainda tinha esperanças de que iria encontrá-la, quando Ximú foi com aquele Agente da O.P.U. Agora, sabia que ela não retornaria, e isso era o pior de tudo.

— Eu sei que é difícil. — Tiago continuou e se abaixou ao seu lado, seu tom de voz continha um misto de tristeza e pena. — Mas... — Sua voz morreu, e ele parou de falar. Talvez tenha percebido que nada que falasse ajudaria. Então, apenas passou o braço em volta dela, e Camila retribuiu.

O abraçou desesperadamente, ainda chorando descontroladamente. Só queria que tudo não passasse de um pesadelo, o que existisse uma forma de trazê-la de volta; de voltar no tempo e impedir que isso acontecesse.

Só queria que tudo isso acabasse.

Estamos no penúltimo capítulo do livro

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Estamos no penúltimo capítulo do livro. Falta apenas um para terminarmos. Quero agradecer a todos que permaneceram aqui. Vocês são muito importantes. <3

A Viajante - A Resistência Secreta (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora