Já havia se passado uma semana desde que viu a si mesma no salão principal da I.E.T. Tentou se convencer de que havia sido apenas impressão, por conta da distância, porém, de alguma forma, sabia que foi real. Comentou sobre o ocorrido com Paty, que pareceu bem mais convencida de que realmente havia alguém no corpo de Camila, e de que se tratava de Leyla.
No entanto, isso só a deixava ainda mais confusa. Sabia que havia uma pessoa dizendo se chamar Camila, e que poderia ser alguém em seu corpo. Porém, o choque da realidade pareceu acontecer mesmo apenas quando viu que isso era um fato. Não podia deixar de admitir, era bem estranho imaginar que tinha uma cópia sua por aí, assumindo seu lugar.
Pensou seriamente na teoria de que poderia ser Leyla, já que a de Ximú havia sido descartada, sobre ser a O.P.U usando isso para atraí-la de alguma forma, já que claramente era, de fato, alguém em seu corpo. Ficou curiosa para saber como ela possuía o uniforme de uma escola tão prestigiada como a I.ET. Isso significava que ela era mesmo uma estudante?
Se lembrou de quando o porteiro da escola lhe acusou de ser alguém fingindo estudar ali, no ano anterior. Significava, então, que o uniforme era fácil de conseguir. Se fosse o caso, explicaria o porquê de não ter achado a tal Camila em nenhuma das turmas de ensino médio.
Além disso, ainda tinha a possibilidade de seu amigo estar por aí ainda, sabe-se lá onde, além da O.P.U, que estava atrás deles e ameaçando Ximú. Tudo isso fazia parecer que sua cabeça iria explodir a qualquer momento por tentar pensar em tanta coisa. Chegou em um ponto que não sabia mais o que fazer. Era muita coisa para se preocupar.
Haviam também os sonhos esquisitos que andava tendo, e que estavam cada vez mais frequentes. Parecia ser na mansão Scarlett, e sempre que chegava perto o suficiente da porta da sala de jantar, acordava, e nunca conseguia ver quem estava lá do outro lado.
Tentou deixar todos esses pensamentos de lado, pois naquele dia, iria fazer o trabalho da casa de Henrique, e queria se concentrar ao máximo, já que as matérias dos trabalhos escolares iriam cair na prova. Era irônico saber que havia uma organização secreta a perseguindo e era com isso que se preocupava.
Entretanto, no fundo, era bom pensar que sua única preocupação era com as provas e deveres da escola. Gostava de ter as preocupações de uma adolescente normal; gostava de se sentir normal. A vida toda desejou ter uma vida considerada normal, com uma família com pais que a amassem. De certa forma, ganhou pais: uma mãe que parecia não ligar para ela de maneira nenhuma, e um pai que tentou matá-la.
Se soubesse que isso seria família, nunca teria desejado nada além de continuar no orfanato. Parecia que havia sido adotada com quinze anos de idade, mas por pessoas que não gostavam dela de maneira nenhuma e a confundiam com outra garota. Sua vida antiga era a normal, e a queria de volta. Ir para um universo paralelo, estar no corpo de outra pessoa e ser perseguida por uma organização que cuidava do multiverso, com certeza não era uma coisa considerada normal.
E agora, havia mais um problema para sua coleção de uma vida estranha e bizarra: tinha alguém em seu corpo, e poderia ser a dona do qual ela estava naquele momento. Considerava seriamente essa possibilidade. E se fosse Leyla?
— Eu tenho certeza de que é ela. — Paty comentou repentinamente em um sussurro, enquanto estavam na sala de aula. Camila teve por um momento, a impressão de que a garota estava ouvindo seus pensamentos. — Vocês meio que fizeram uma troca.
— Mas então, ela teria que estar no meu corpo há mais de um ano! — Camila argumentou no mesmo tom.
— Como eu disse antes, podem existir coisas que você não sabe.
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A Viajante - A Resistência Secreta (Livro 2)
Ciencia Ficción⚠ Atenção, este é o segundo livro da triologia "A Viajante". A sinopse pode conter spoilers! ⚠ Sem a ajuda de Henry Danly, os Viajantes se veem perdidos e sem nenhum rumo para seguir em frente ou encontrar as soluções de seus problemas. Após se liv...