Capítulo 55

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As paredes azuis que eram cobertas por algum material transparente e liso refletiam as luzes brancas que se encontravam no teto do largo corredor, e possuíam algumas marcas vermelhas que infelizmente Camila sabia do que se tratava. Viu Tiago cair a sua frente, e sentiu o medo a invadir. Ele não se mexia, assim como todos os outros que estavam ao seu redor.

Na posição em que estava, sentada no chão, tentou recuar rapidamente para trás com suas pernas e braços. Sua visão começou a ficar turva, o que a impediu de ver o ambiente em que se encontrava, e temeu ainda mais por isso. Então, rapidamente piscou, e voltou a encarar a mesma cena de alguns segundos atrás: Todos caídos em poças de sangue; alguns totalmente irreconhecíveis. Não havia sobrado ninguém, e começou a sentir o desespero tomar conta de si.

Sua respiração estava descompassada, e sentia seu pulmão morrer pela tamanha falta de ar, que não conseguia fornecer oxigênio o suficiente ao seu coração, que batia aceleradamente. Então, começou a se dar conta do que havia acontecido.

Haviam falhado.

Viu todos que conhecia mortos. Nunca mais voltaria para o Mundo Um. Havia perdido seus amigos, e nunca mais veria sua família novamente; nunca conseguiria fazer todas as coisas que queria. Todos os Viajantes estavam condenados por conta do erro deles.

Observou a figura alta e magra de Diana andando em sua direção, em passos lentos e triunfantes. Seu ar de superioridade e seu sorriso sem emoção sempre foram o suficiente para intimidá-la. Porém, naquele momento, intimidação não foi apenas o que sentiu, mas também pavor.

Um calafrio subiu por sua espinha, e tentou desesperadamente se afastar ainda mais da aproximação de Diana, que se caminhava até ela segurando sua arma azulada. Arregalou os olhos quando sentiu algo atrás de si, mais especificamente, uma parede, e viu a mulher chegar cada vez mais perto.

Não conseguia se mexer. Estava estática, e pareceu que se esquecido de como respirar. Tudo o que sentia era terror, e sabia que ela a mataria; que a última coisa que veria seria seu olhar sombrio e frio.

Ao se aproximar o suficiente, Diana se abaixou diante de si, e lhe deu seu sorriso gélido de sempre, lhe encarando vitoriosamente. Aproximou seu rosto do de Camila, fazendo-as ficarem apenas alguns centímetros de distância. Um olhar frio contra um aterrorizado.

— Eu lhe disse, não? Fazer isso várias vezes sempre será fácil, mas já está começando a se tornar entediante. Vocês sempre são tolos o suficiente para acreditarem que terão alguma chance. Porém, admito que admiro a tentativa. Apenas saiba que vou fazer isso quantas vezes forem necessárias. Vou matar todos os seus amigos, um por um, e garantir que você irá assistir eles sofrerem, sem poder ter o que fazer. O que é melhor do que fazer alguém que está sempre no meu caminho perder tudo o que lhe é precioso, assim como eu perdi?

Sentiu seus olhos marejarem novamente, e lágrimas rolaram desesperadamente pelo seu rosto. Todas as pessoas que lhe eram importantes estavam mortas ali, perto de si.

— P-por quê? Por q-que você f-faz isso?

— Talvez um dia, em outro dos nossos encontros, eu conte a você. — Viu Diana se levantar e colocar a mão no cinto dourado, que se encontrava em sua cintura. Por conta de sua visão turva, seu contorno ficou completamente embraçado, e tudo o que viu, foi o borrão de um objeto lilás, que se tornou brilhante, em seguida, no local.

Com a outra mão, a viu levantar o que especulou seu a arma que segurava, e apontar em sua direção. A distância de sua testa para a boca da arma, eram quase inexistentes, sendo ocupada apenas por alguns poucos centímetros.

— Ou talvez, não. Vou fazer questão de te apagar da existência, na próxima vez.

Então, apertou os olhos, sentindo as lágrimas ainda rolarem por ele. E a última coisa que escutou, foi um disparo metálico.

A Viajante - A Resistência Secreta (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora